CTIEJN
Curso
de Teologia da Igreja Evangélica Jesus para as Nações
Nível Básico
Apostila
sobre o Pentateuco
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Curso de Teologia da Igreja Evangélica Jesus para as
Nações
Nível Básico
Apostila do Pentateuco
Organizadores:
Diretor Pr. José Iracet
Profª Dra. Adriana Röhrig
Secretária Miss. Angélica
Basso
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Sumário
Introdução ao Pentateuco ..............................................................................................
04
UNIDADE 1 Gênesis .................................................................................................... 05
UNIDADE 2 Êxodo e Levítico
.........................................................................................
15
UNIDADE 3 Números e Deuteronômio
........................................................................ 22
UNIDADE 4 – Os nomes de Deus
.................................................................................
29
Bibliografia .....................................................................................................................
33
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Introdução aO Pentateuco
O
nome Pentateuco vem da Versão grega que remonta ao século III antes de Cristo.
Significa: "O livro em cinco volumes." Os judeus lhe chamavam "A lei" ou "A lei de Moisés", porque a legislação de Moisés constitui parte
importante do Pentateuco.
Embora
não se afirme no próprio Pentateuco que este haja sido escrito por Moisés em
sua totalidade, outros livros do Antigo Testamento citam-no como o seu escritor.
(Josué 1:7-8; 23:6; I Reis 2:3; II Reis 14:6; Esdras 3:2; 6:18; Neemias 8:1;
Daniel 9:11-13.) Certas partes muito importantes do Pentateuco são atribuídas a
ele (Êxodo 17:14; Deuteronômio 31:24-26). Os escritores do Novo Testamento
estão de pleno acordo com os do Antigo. Falam dos cinco livros em geral como
"a lei de Moisés" (Atos 13:39; 15:5; Hebreus 10:28). Para eles,
"ler Moisés" equivale a ler o Pentateuco (ver II Coríntios 3:15:
"E até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração
deles"). Finalmente, as palavras do próprio Jesus dão testemunho de que
Moisés é o autor: "Porque, se vós crêsseis em Moisés, creríeis em mim;
porque de mim escreveu ele" (João 5:46; ver também Mateus 8:4; 19:8;
Marcos 7:10; Lucas 16:31; 24:27, 44).
Moisés,
mais do que qualquer outro homem, tinha preparo, experiência e gênio que o
capacitavam para escrever o Pentateuco. Considerando-se que foi criado no
palácio dos faraós, "foi instruído em toda a ciência dos egípcios; e era
poderoso em suas palavras e obras" (Atos 7:22). Foi testemunha ocular dos
acontecimentos do êxodo e da peregrinação no deserto. Mantinha a mais íntima
comunhão com Deus e recebia revelações especiais. Como hebreu, Moisés tinha
acesso às genealogias bem como às tradições orais e escritas de seu povo, e
durante os longos anos da peregrinação de Israel, teve o tempo necessário para
meditar e escrever. E, sobretudo, possuía notáveis dons e gênio extraordinário,
do que dá testemunho seu papel como líder, legislador e profeta.
Unidade
1 - GÊNESIS - o livro dos começos
O
nome Gênesis vem da Septuaginta (Versão dos Setenta), antiga versão grega. Isto
é, foi dado este nome pela Septuaginta (tradução grega da Bíblia hebraica), ao
passo que seu título hebraico é Bereshit (no princípio), primeira palavra no
livro hebraico. Significa "princípio", "origem" ou
"nascimento". Os hebreus lhe chamavam "No princípio", pois
designavam os livros da lei de acordo com sua primeira palavra ou frase.
Gênesis é o primeiro livro da Torá. Faz parte do Pentateuco, que
são os cinco primeiros livros da Bíblia. Ao contrário de muitas teorias, este
livro trata da origem do mundo, do homem, do pecado e, principalmente, a
promessa de um redentor.
Pelo
próprio título já dá para perceber do que esse livro tratará. Conta do começo
de tudo menos de Deus. Segundo o escritor Myer Pearlman, este livro “tem sido
chamado ‘viveiro’ das gerações da Bíblia, pelo fato de nele se encontrarem
todos os começos de todas as grandes doutrinas referentes a Deus, ao homem, ao
pecado e à salvação”. Sem medo de errar, poderíamos chamá-lo de a sementeira da
Bíblia. Neste livro consta o princípio do céu e da terra, o princípio dos
mares, dos peixes, dos animais, do homem, da mulher, do primeiro casamento, do
primeiro homicídio, da queda, do primeiro sacrifício, da redenção, das nações,
e de Israel, o povo escolhido de Deus.
Gênesis
também aborda temas teológicos importantes como: a doutrina do Deus vivo e
pessoal; a doutrina do homem criado a imagem de Deus; e depois do homem sujeito
ao pecado; a promessa inicial de um Redentor (3.15); e as promessas da aliança
feitas à nação de Israel (12.1-3; 15.18-21).
Alguns
temas do Gênesis voltam a aparecer até que sejam tratados e interpretados no
Novo Testamento. Incluem-se aí a queda do homem, a instituição do casamento, o
juízo do dilúvio, a justiça que Deus imputa ao crente, o contraste entre o
filho da promessa e o filho da carne, e o povo de Deus como estrangeiros e
peregrinos. O livro do Apocalipse, em particular, narra o cumprimento dos
grandes temas iniciados no Gênesis. A "antiga serpente", que
"engana todo o mundo", está derrotada; cai Babel (Babilônia), e os
redimidos são levados de novo ao paraíso e têm acesso à árvore da vida.
Podemos
dizer, em síntese, que o Gênesis foi escrito principalmente para relatar como o
Senhor escolheu um povo que levaria a cabo os propósitos divinos. Não obstante,
este Deus não o é somente de Israel, mas do mundo inteiro. Chamou a Abraão,
estabeleceu uma aliança com ele e prometeu-lhe multiplicar sua descendência até
convertê-la em uma nação, a qual seria instalada em Canaã. Qual era o motivo
divino ao fazer tudo isto? Que Israel se constituísse em uma fonte de bênção
para "todas as famílias da terra" (12:3). Isto é, Deus abençoa um
povo para que, depois, este seja o veículo de bênção universal.
Esfera
de ação
O
livro do Gênesis abrange uma época muito longa; desde as primeiras origens das
coisas até ao estabelecimento de Israel no Egito. Divide-se em duas seções
claramente distintas: a história primitiva (1-11), que é como um "pátio
anterior" para a história da redenção, e a história patriarcal (12-50),
que evoca a figura dos grandes antepassados de Israel. Da criação até à morte
de José, abrange um período de 2.315 anos, de cerca de 4004 a 1689 antes de
Cristo.
Pessoas-chave
Adão, Eva, Noé, Sem, Abraão, Sara, Isaque,
Rebeca, Jacó e José.
Esboço de Gênesis
I. A
história primitiva do ser humano (1.1- 11.32)
II.
As narrativas da criação (1.1-2.5)
a) Criação dos céus, da terra, e da vida sobre
a terra (1.1-2.3)
b) Criação do ser humano (2.4-25)
c) A queda do ser humano (3.1-24)
III.
O mundo anterior ao dilúvio (4.1-5.32)
a) Noé e o dilúvio (6.1 -9.29)
b) A tabela das nações (10.1-32)
c) A confusão das línguas (11.1-9)
d) Genealogia de Abraão (11.10-32)
IV.
Os patriarcas escolhidos (12.1-50.26)
a) Abrão (Abraão) (12.1-23.20)
b) O chamado de Abraão (12.1-23.20)
c) A batalha dos reis (14.1-24)
d) O concerto de Deus com Abraão (15.1-21.34)
e) O teste de Abraão (22.1 -24)
V.
Isaque (24.1-26.35)
a) A noiva de Isaque vem da Mesopotâmia
(24.1-67)
b) A morte de Abraão (25.1-11)
c) Ismael, Esaú e Jacó (25.12-34)
d) Deus confirma seu concerto com Isaque
(26.1-35)
VI.
Jacó (27.1-35,29)
a) Jacó engana o seu pai (27.1-46)
b) A fuga de Jacó para Harã (28.1-10)
c) Deus confirma o concerto com Jacó
(28.11-22)
d) O casamento de Jacó em Harã (29.1- 30.43)
e) O retomo de Jacó para Canaã (31.1-35.29)
VII.
Esaú (36.1-43)
VIII.
José (37.1-50.26)
a) A venda de José (37.1-40.23)
b) A exaltação de José (41.1-57)
c) José e os seus irmãos (42.1-45.28)
d) Jacó muda para o Egito (46.1-48.22)
e) A benção de Jacó e o seu sepultamento
(49.1-50.21)
f) Os últimos dias de José (50.22-26)
Observações:
a) As genealogias dos hebreus nem sempre são
completas, pois mencionam só os nomes dos personagens destacados, omitindo
amiúde pessoas de pequena importância. Por exemplo, parece que Moisés é bisneto
de Levi, segundo a genealogia de Êxodo 6:16-24, embora houvesse aí um período
intermediário de 430 anos (Êxodo 12:40). Usa-se também, às vezes, o termo
"filho" para dar a entender "descendente" (a Jesus se chama
"filho de Davi", isto é, descendente do rei Davi). De modo que não se
pode datar os acontecimentos registrados nos capítulos 1—11 do Gênesis somando
os anos das genealogias, visto ser provável que nelas existam vazios de longos
períodos de tempo.
b)
Parece que algumas passagens do Gênesis não estão em ordem cronológica. Por
exemplo: o capítulo 11 relata a história da torre de Babel, mas é possível que,
de acordo com sua verdadeira situação cronológica, corresponda ao capítulo 10,
uma vez que explica o porquê da dispersão dos povos. Também, muitos estudiosos
discutem a cronologia bíblica do incidente em que Abraão negou, perante
Abimeleque, que Sara fosse sua mulher (Gênesis 20). Pode supor-se que tivesse
ocorrido muitos anos antes, pois à época do capítulo 20, Sara teria noventa
anos e é improvável que nessa idade ela ainda fosse atraente ao sexo oposto. A
falta de ordem cronológica não detrai em nada a veracidade dos incidentes, pois
escritores modernos fazem uso de tal técnica. Depois de contar a história geral
de um episódio, muitas vezes relatam um incidente de interesse não incluído em
sua descrição, ou ampliam uma parte já narrada para dar algum enfoque
adicional.
Temas
A
criação:
Capítulos
1 e 2 1.
Qual é a ideia mais importante que encontramos
no relato da criação? Não é a descrição do processo de criar, nem a dos
detalhes acerca do homem, por mais interessantes que sejam. Tal idéia é: há um
Deus, e por ele foram feitas todas as coisas. A frase "No princípio ...
Deus ..." é a resposta aos erros do politeísmo, do materialismo, do
panteísmo e do dualismo. Além do universo, há um ser eterno que é superior à
sua criação. A figura de Deus domina o primeiro capítulo da Bíblia. Seu nome
aparece trinta e cinco vezes nos trinta e quatro versículos. O termo traduzido
por Deus é Elohim, forma plural. Não obstante, quando se faz referência a Deus,
sempre se usa o verbo no singular, o que nos indica que Deus é uno. No idioma hebraico,
a forma plural às vezes expressa intensidade ou plenitude. Por isso, a palavra
Elohim indica sua majestade, poder infinito e excelência. Ele possui
completamente todas as perfeições divinas. A segunda parte do relato da criação
(2:4-25) insiste no fato de que Deus é um ser pessoal, pois essa seção mostra o
homem como seu objetivo. Emprega-se o título Yahvéh- Elohim (Jeová Deus). Muito
embora o nome Yahvéh signifique que Deus
é eterno e tem existência ilimitada em si mesmo (Êxodo 3:14), também seu uso
indica que é o Deus do pacto, da graça e misericórdia. Sua obra criadora diz
claramente que ele é Deus de ordem, desígnio e progresso. Deriva ordem do caos
primitivo; todos os seus passos são ordenados e progressivos, e o resultado
demonstra admirável desígnio. Por isso o Gênesis ensina, desde o começo, que
Deus é único, transcendente, pessoal e criador.
“Pela
fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que
aquilo que se vê não foi feito do que é aparente" (Hebreus 11:3). A
ciência ensina-nos que se pode transformar matéria em energia, mas tudo indica
que Deus converteu energia em matéria. A seguir, mostra-nos o relato que a
criação foi realizada progressivamente, passo a passo. Moisés empregou uma
palavra para descrever a participação do Espírito; essa palavra sugere o ato de
uma ave voando sobre o ninho no qual estão seus filhotes (1:2). O Espírito
pairava por sobre a superfície da terra, caótica e sem forma, dando-lhe forma e
ordem.
Assim
Deus
sempre gera ordem da desordem. Os dias sucessivos da criação foram:
Primeiro
dia: aparição da luz (dia e noite).
Segundo
dia: céu, atmosfera e mares.
Terceiro
dia: surgimento dos continentes e aparecimento da vegetação.
Quarto
dia: aparecem os corpos celestes que alumiam a terra.
Quinto
dia: os animais do mar e as aves.
Sexto
dia: os mamíferos e o homem.
Sétimo
dia: terminada a atividade criadora, Deus descansa.
Cada
fase da criação preparou o caminho para a seguinte, e todas tinham o propósito
de preparar o cenário para o ponto culminante: a criação do homem. "E
disse Deus... E assim foi." Ao falar Deus, infalivelmente se cumpre a sua
vontade. Acentua-se a perfeição do que Deus criou... "E viu Deus que era
bom." O resultado correspondeu perfeitamente à intenção divina. O grande
propósito da criação era preparar um lar ou ambiente adequado para o homem. Ao
finalizar o sexto dia da criação, Deus observou que sua obra criadora era
sobremaneira boa. "Demonstrava equilíbrio, ordem, e estava perfeitamente
adaptada para o desenvolvimento físico, mental e espiritual do homem."
A
criação do homem:
Capítulos
1 e 2
Deus fez o homem como coroa da criação. O fato
de que os membros da Trindade falaram entre si (1:26), indica que este foi o
ato transcendental e a consumação da obra criadora. Deus criou o homem para ser
tanto do mundo espiritual como do terrenal, pois tem corpo e espírito.
O
corpo do homem foi formado do pó da terra, à semelhança do que se deu com os
animais (2:7, 19), o que nos ensina que ele se relaciona com as outras
criaturas. (A ciência tem demonstrado que a substância do corpo humano contém
os mesmos elementos químicos do solo.) Seu nome em hebraico "Adão"
(homem), é semelhante a "Adama" (solo). Não obstante, não há elo
biológico entre o homem e os animais. Usa-se a palavra "bara" (criar
algo sem precedentes) em 1:27, que indica que sua criação foi algo especial. O
homem foi feito à imagem de Deus, portanto tem grande dignidade. Que significa
"a imagem de Deus" no homem? Não se refere a seu aspecto físico, já
que Deus é espírito, e não tem corpo. A imagem de Deus no homem tem quatro
aspectos:
a)
somente o homem recebeu o sopro de Deus, e, portanto, tem um espírito imortal,
por meio do qual pode ter comunhão com Deus;
b)
é um ser moral, não obrigado a obedecer a seus instintos, como os animais,
porém possui livre-arbítrio e consciência;
c)
é um ser racional, com capacidade para pensar no abstrato e formar ideias;
d)
à semelhança de Deus, tem domínio sobre a natureza e sobre os seres vivos.
"Havia de ser o representante de Deus, investido de autoridade e domínio,
como visível monarca e cabeça do mundo."
Deus
proveu a Adão de uma companheira idônea, instituindo assim o matrimônio. Neste
capítulo encontra-se, em forma embrionária, o ensino mais avançado dessa
relação. O propósito primordial do matrimônio é proporcionar companheirismo e
ajuda mútua: "Não é bom que o homem esteja só: far-lhe-ei uma auxiliadora
que lhe seja idônea [semelhante ou adequada] " (2:18). Deve ser monógamo,
pois Deus criou uma só mulher para o homem; deve ser exclusivista, porque
"deixará o varão o seu pai e a sua mãe"; deve ser uma união estreita
e indissolúvel: "apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne".
Deus, em sua infinita sabedoria, instituiu o lar para formar um ambiente ideal
em que os filhos possam ser criados cabalmente em todos os aspectos: física,
social e espiritualmente. Ensina-se a igualdade e dependência mútua dos sexos.
"Nem o varão é sem a mulher, nem a mulher sem o varão" (I Coríntios
11:11). Um não é completo sem o outro. O comentarista Matthew Henry observa que
a mulher não foi formada da cabeça do homem, para que não exerça domínio sobre
ele; nem de seus pés, para que não seja pisada, mas de seu lado, para ser igual
a ele, e de perto de seu coração, para ser amada por ele. A mulher deve ser uma
companheira que compartilhe a responsabilidade de seu marido, reaja com
compreensão e amor à natureza dele, e colabore com ele para levar a cabo os
planos de Deus.
Deus
concedeu a Adão ampla inteligência, pois ele podia dar nomes a todos os
animais. Isto demonstra o fato de que tinha poderes de percepção para
compreender suas características. d) Deus mantinha comunhão com o homem (3:8),
e assim o homem podia cumprir seu mais elevado fim. Possivelmente Deus tomava a
forma de um anjo para andar no jardim com o primeiro casal. A essência da vida
eterna consiste em conhecer pessoalmente a Deus (João 17:3), e o privilégio
mais glorioso desse conhecimento é desfrutar da comunhão com ele.
Deus pôs o casal à prova quanto à árvore da
ciência do bem e do mal. Mas, em que forma isto nos revela que Deus tinha
solicitude pelos primeiros homens? Para os filhos de Deus as provas são
oportunidades de demonstrar-lhe amor, obedecendo a ele. Também constituem um
meio de desenvolver seu caráter e santidade. Adão e Eva foram criados
inocentes, porém a santidade é mais do que a inocência: é a pureza mantida na
hora da tentação.
A
queda e suas consequências:
Capítulos 3 e 4
O capítulo 2 do Gênesis apresenta-nos um belo
quadro da vida do homem no Éden. Tudo era bom; não obstante, a cena se altera
radicalmente no capítulo 4, pois agora os homens conhecem a inveja, o ódio e a
violência. Como começou a maldade e todo o sofrimento no mundo? A única resposta
satisfatória da origem do mal encontra-se no capítulo 3 do Gênesis. Relata como
o pecado entrou no mundo e como tem produzido consequências trágicas e
universais.
O tentador e a tentação:
Capítulo
3:1-6.
Embora
Moisés não diga aqui que o tentador foi Satanás, tal fato acha-se indicado no
Novo Testamento (João 8:44; Apocalipse 12:9; 20:2). A atual forma repulsiva da
serpente e seu veneno faz dela um bom símbolo do inimigo do homem. Também seus
movimentos sinuosos sugerem as insinuações insidiosas que o maligno empregou
para tentar a mulher. Parece que Satanás se apossou da serpente e falou por
meio dela realizando um milagre diabólico. Geralmente ele opera por meio de
outros (Mateus 16:22, 23), e é mais perigoso quando aparece como anjo de luz
(II Coríntios 11:14). A tentação observou o seguinte processo: a) Começou com a
insinuação de que Deus era demasiado severo. "E assim que" (3:1) é
uma frase que indica surpresa ante o fato de que um Deus solícito lhes tivesse
proibido desfrutar do produto de qualquer das árvores do jardim. b) A seguir,
Satanás levou a mulher para o terreno da incredulidade negando plenamente que
houvesse perigo em comer
do fruto. Quando alguém duvida de
que a desobediência produz consequências funestas, já está no caminho da derrota.
c) Finalmente, o tentador acusou a Deus de motivos egoístas. Insinuou que Deus
os privava de algo bom, isto é, de serem sábios como ele. Dessa maneira,
caluniou ao Senhor. Enquanto Eva não duvidava da palavra de Deus e de sua
bondade, não sentia fascinação pelo proibido. Foi a incredulidade que lhe tirou
suas defesas. Então viu que "aquela árvore era boa... agradável... desejável",
e "comeu".
Consequências
do primeiro pecado:
Capítulo
3:7-24.
Seguiram-se
ao pecado resultados desastrosos, como um rio impetuoso. Não foram
desproporcionalmente severos em comparação com o delito? Evidentemente, Deus
havia provido tudo para o bem do homem e havia proibido uma única coisa. Ao
ceder à voz de Satanás, o homem escolhia agradar-se a si mesmo, desobedecendo
deliberadamente a Deus. Era um ato de egoísmo e rebelião inescusável. Em
realidade, era atribuir a si o lugar de Deus.
São as seguintes as consequências teológicas
da queda:
a)
Adão e Eva conheceram pessoalmente o mal: seus olhos "foram abertos".
As mentiras de Satanás estavam entrelaçadas com um fio de verdade. Adão e Eva
chegaram a assemelhar-se a Deus, distinguindo entre o bem e o mal, porém seu
conhecimento se diferencia do conhecimento de Deus em que o conhecimento deles
foi o da experiência pecaminosa e contaminada. Deus, ao contrário, conhece o
mal como um médico conhece o câncer, porém o homem caído conhece o mal como o
paciente conhece sua enfermidade. A consciência deles despertou para um
sentimento de culpa e vergonha.
b) Interrompeu-se a comunhão com Deus, e então
fugiram de sua presença. O pecado sempre despoja a alma da pureza e do gozo da
comunhão com Deus. Essa é a morte espiritual e cumpre, num sentido mais
profundo, a advertência de que o homem morreria no dia em que comesse do fruto proibido
(2:17).
c)
A natureza humana corrompeu-se e o homem adquiriu a tendência para pecar. Já
não era inocente como uma criança, mas sua mente se havia sujado e ele sentia
vergonha de seu corpo. Outra prova foi que lançou a culpa sobre outros; pois
Adão chegou a insinuar que Deus era o culpado: "A mulher que me deste...
me deu da árvore...” Este é o pecado original ou a natureza decaída do homem.
d)
Deus castigou o pecado com dor, sujeição e sofrimento. Um Deus santo não pode
passar por alto a rebelião de suas criaturas. A mulher sofreria dores no parto
e estaria sujeita a seu marido.
A
primeira promessa de redenção:
Capítulo
3:15.
Uma
vez decaído o homem, foi Deus quem o buscou antes que ele buscasse a Deus.
Sempre tem sido assim: o Bom Pastor busca os perdidos. Gênesis 3:15 é o
primeiro lampejo de salvação. Em Gênesis 3:14 encontramos a maldição sobre a
serpente. Deus começa por amaldiçoá-la, mas em 3:15 é evidente que se dirige ao
próprio diabo. Provocaria inimizade entre a semente da serpente (os que
rejeitam a Deus através dos séculos, João 8:44), e a semente da mulher (a
descendência piedosa de Eva). Esta inimizade tem sido e será perpétua, desde a
época de Abel até à segunda vinda de Cristo.
A
redenção prometida em Gênesis 3:15 chegou a ser o assunto da Bíblia. Foram Adão
e Eva salvos espiritualmente? A Bíblia parece indicá-lo de maneira afirmativa.
Adão creu na promessa de redenção, pois deu à sua esposa o nome de
"Eva" (vida). Provavelmente, confiou que, por meio dela, viria o
Libertador prometido. Parece que ela também tinha fé, pois deu a seu primeiro
filho o nome de "Caim" (adquirir ou possessão). E provável que Eva
tenha pensado que Caim seria o Redentor prometido por Deus. O Senhor respondeu
à fé do casal, provendo-os de túnicas de pele para cobrir-lhes a nudez. Pode
ser que isso indique a origem divina do sacrifício, e prefigure o manto de justiça
provido mediante a morte de Jesus? Podemos concluir deste relato que a fé nas
promessas de Deus é, desde o princípio, o único meio de sermos aceitos pelo
Senhor.
O
desenvolvimento do pecado:
Capítulo 4.
O
primeiro ato de violência relaciona- se com o culto religioso. Infelizmente, a
história da humanidade está repleta de lutas, brutalidades e guerras motivadas
pelo zelo religioso. O que deve unir os homens, às vezes acaba os separando.
Nota-se aqui que Satanás emprega o pecado para envenenar as próprias fontes de
Deus. Por que Deus rejeitou a Caim e sua oferta e olhou com agrado para Abel e
sua oferta? Havia pecado no coração de Caim: "Porque as suas obras eram
más e as de seu irmão justas" (I João 3:12). Deus olha a atitude do
ofertante, a qual é mais importante do que sua oferta. "Pela fé Abel
ofereceu a Deus maior sacrifício" (Hebreus 11:4), não de sua própria ideia,
como Caim, mas um animal degolado, que cumpria o requisito de Deus. O culto de
Caim era uma forma religiosa sem fé, mas Abel ofereceu a Deus seu coração,
trazendo-se a si mesmo.
A
primeira civilização:
Capítulo 4:17-26.
Os
descendentes de Caim desenvolveram a primeira civilização: Jabal adquiriu gado
e é chamado pai da agricultura. Jubal inventou instrumentos de música, e é
considerado o fundador das belas artes; Tubalcaim inventou ferramentas e armas,
começando assim a indústria. Não obstante, era uma civilização que excluía a
Deus. Lameque foi o primeiro polígamo, manchando a instituição divina do
casamento. Sua impiedade chegou ao auge quando se vangloriou de sua violência
no cântico da espada (4:23,24). É evidente a ferocidade crescente da linhagem
de Caim. Com isto, desaparecem da Bíblia todos os seus descendentes, pois já
não ocupam lugar no plano divino.
Noé
constrói a arca:
Capítulo
6:9-22.
Noé
constitui um raio de esperança em uma época sombria. Seu pai Lameque
provavelmente entesourava em seu coração a promessa de Gênesis 3:15, pois deu o
nome de Noé (descanso, consolo) a seu filho na esperança de que este viesse a
ser um libertador (5:29), mas nunca sonhou de que maneira o Senhor cumpriria
seu desejo expresso. Noé destaca-se na Bíblia como um dos mais completos varões
de Deus. Somente ele, entre seus contemporâneos, achou a graça e o favor de
Deus em forma pessoal (6:8), isto é, travou amizade com Deus e desfrutou da
comunhão divina. Era "justo" e "reto" (6:9), uma pessoa de
conduta irrepreensível, de integridade moral e espiritual no meio de uma
geração perversa. Finalmente, era um pregador da justiça (II Pedro 2:5). O
segredo de seu caráter e constância encontra-se em seu andar diário com o
Senhor. Deus revelou a Noé seu plano de destruir a raça corrupta e de salvá-lo
junto com sua família e, por ele, a humanidade inteira. Noé viria a ser o
segundo pai da raça. Recebeu diretrizes para a construção de uma nave flutuante
bem proporcionada que seria o veículo de escape. Segundo certos cálculos, a
arca teria 135 m de comprimento, 22,50 m de largura e 13,50 m de altura e
corresponderia em tamanho a um transatlântico moderno. Constava de três
pavimentos divididos em compartimentos e uma abertura de 45 cm de altura em
volta, localizada entre espaços de parede na parte superior; acredita-se que
tinha a forma de um caixão alongado. Alguns estudiosos calculam que a arca
teria capacidade para 7.000 espécies de animais. "Pela fé Noé preparou a
arca" (Hebreus 11:7). A Palavra de Deus foi a garantia única de que viria
o dilúvio. Deve ter sido um projeto enorme e de longa duração construir a arca
e armazenar os alimentos necessários. Enquanto construía a nave, Noé pregava
(II Pedro 2:5). Mas ninguém quis dar-lhe atenção. Sem dúvida alguma, Noé e seus
filhos eram o alvo de incessantes zombarias, porém não vacilaram em sua fé.
Acentua-se sua completa obediência: "conforme a tudo o que Deus lhe
mandou, assim o fez" (6:22; 7:5).
Deus limpa a terra com o dilúvio:
Capítulos 7:1 - 8:14.
Sete
dias antes de começar o dilúvio, Deus mandou que Noé, sua família e os animais
entrassem na arca. Possivelmente, Deus tenha feito com que os animais
pressentissem a iminente catástrofe e se tornassem mansos. Noé devia levar na
arca um casal de animais de cada espécie (6:19) e sete casais dos animais
limpos (7:2); os adicionais provavelmente eram para fornecer carne e animais
para o sacrifício. Supõe-se que grande parte dos animais estava invernando
enquanto permaneciam na arca. "O Senhor fechou a porta" (7:16, Edição
Revista e Atualizada), significa que o período de graça já havia terminado;
isto nos fala de salvação e juízo. Noé ficou dentro, protegido, e os pecadores
impenitentes fora, expostos ao juízo.
O propósito do Dilúvio:
A
corrupção e violência dos homens doeram a Deus e lhe pesava havê-los
criado", determinou Deus destruir a perversa geração. Horton observa que
sua ira procedeu de um coração quebrantado. Deus concedeu a estes homens um
prazo de 120 anos para arrepender-se (6:3). Depois, se não o fizessem, retiraria
deles seu espírito. O propósito do dilúvio era tanto destrutivo como
construtivo. Pela maldade, Deus exterminou a incorrigível raça velha para
estabelecer uma nova. O dilúvio foi também o juízo contra uma geração que havia
rejeitado totalmente a justiça e a verdade.
Qual foi a extensão do
dilúvio?
O
dilúvio foi universal ou limitado à área do Oriente Médio? O Gênesis diz que as
águas cobriram as montanhas mais altas e destruíram toda a criatura (fora da
arca), sob os céus (7:19-23). Não obstante, há diferença de opiniões entre
eruditos evangélicos. Alguns pensam que se refere somente à terra habitada
daquele tempo, pois o propósito divino era destruir a humanidade pecaminosa.
Dizem que o uso bíblico da expressão "toda a terra" amiúde significa
a terra conhecida pelo autor (Gênesis 41:57; Deuteronômio 2:25; Romanos 10:18).
Por outro lado, os que creem que o dilúvio foi universal notam que o relato
bíblico emprega expressões fortes e as repete dando a impressão de um dilúvio
universal. Perguntam: Qual era a extensão da população humana? Parece-lhes
possível que esta se houvesse estendido até à Europa e África. Além do mais,
certos estudiosos creem que as grandes mudanças na crosta terrestre e
repentinas e drásticas alterações no clima de áreas geográficas, como Alasca e
Sibéria, podem ser atribuídas ao dilúvio. Talvez, com o transcurso do tempo, os
geólogos encontrem evidências conclusivas para determinar qual seja a
interpretação correta.
Dispersão
das nações
Capítulo
10.
Se
a promessa de redenção havia de ser realizada pela linhagem de Sem, por que o escritor sagrado dedicou
tanto espaço traçando a origem das outras nações? Para demonstrar que a
humanidade é uma: Deus "de um só fez toda a geração dos homens" (Atos
17:26). Também o escritor insinua que no plano de Deus as nações não seriam
excluídas para sempre de sua misericórdia. Mediante o povo escolhido seriam
benditas e viriam a ser participantes da "comum salvação" (salvação
para todos). Agrupam-se os povos não tanto por suas afinidades étnicas mas
segundo suas relações históricas e distribuição geográfica. Os descendentes de Jafé ocuparam a Ásia Menor e as ilhas do
Mediterrâneo; formaram, inclusive, grupos como os celtas, citas, medos, persas
e gregos. Os filhos de Cão povoaram
as terras meridionais tais como: Egito, Etiópia e Arábia. Canaã era o antigo
povo da Palestina e Síria meridional antes da conquista dos hebreus. As nações
semitas (elamitas, assírios, arameus e os antepassados dos hebreus)
radicaram-se na Ásia, desde as praias do mar Mediterrâneo até o Oceano Índico,
ocupando a maior parte do terreno entre Jafé e Cão.
A
torre de Babel:
Capítulo 11:1-9.
Babel
(Babilônia) veio a ser o símbolo do opressor do povo de Deus após o cativeiro
babilônico. No Apocalipse usa-se o termo "Babilônia" para designar
uma confederação ímpia, cuja queda marca a vitória final de Cristo.
A
cidade de Babel foi edificada na planície que se encontra entre os rios Tigre e
Eufrates. Por que desagradou a Deus a construção da torre de Babel? Os homens
passaram por alto o mandamento de que deviam espalhar-se e encher a terra (9:1;
11:4); um dos motivos que os impulsionavam e pelo qual levaram a cabo a
construção era que desejavam permanecer unidos. Sabiam que os edifícios
permanentes e uma coletividade firmemente estabelecida produziriam um modelo
comum de vida que os ajudaria a permanecer juntos. b) Foram motivados pela intenção de exaltação
pessoal ("façamo-nos um nome" — disseram—) e de culto ao poder que
posteriormente caracterizou a Babilônia. Uma torre elevada e assim visível para
todas as nações seria um símbolo de sua grandeza e de seu poder para dominar os
habitantes da terra. c) Excluíam a Deus de seus planos; ao glorificar seu
próprio nome, esqueciam-se do nome de Deus, nome por excelência: o Senhor. Deus
desbaratou seus planos não só para frustrar-lhes o orgulho e independência, mas
também para espalhá-los, a fim de que povoassem a terra. Com escárnio se chama
Babel (confusão) a cidade. Por meio deste relato evidencia-se a insensatez de
edificar sem Deus. Alguém observou que se pode considerar a concessão de
línguas no dia de Pentecoste como o contrário da confusão de línguas em Babel:
“Quando os homens,
motivados pelo orgulho, vangloriam-se de seus êxitos, nada resulta exceto
divisão, confusão e falta de compreensão; mas quando se proclamam as obras
maravilhosas de Deus, todo homem pode ouvir o evangelho apostólico em seu
próprio idioma."
Genealogias de Sem e de Abraão:
Capítulo 11:10-32.
A história das nações gira agora em torno da
genealogia dos semitas (Sem), a linhagem da promessa divina feita por meio de
Noé (9:26a). Depois o horizonte se reduz aos antepassados de Abraão.
Prepara-se, assim, o caminho para começar a história do povo escolhido de Deus.
História
Patriarcal
Capítulos
12—50
Ao
começar a história de Abraão, o escritor inspirado deixa para trás a história
primitiva da raça em geral para relatar a de uma família. Reúne as lembranças
que se conservam dos grandes antepassados de Israel: Abraão, Isaque, Jacó e José.
Todos eles se destacam como homens que ouvem a voz de Deus e a ela obedecem.
Todos os seus momentos estão assinalados pela intervenção divina. O grande
propósito de Deus ao escolher essas pessoas é formar um povo que realize a sua
vontade na terra e seja um meio de cumprir o plano da salvação. O período
patriarcal começa por volta do ano 2.000 a. C. e dura mais ou menos três
séculos.
O
chamado
de Abraão é considerado o acontecimento mais importante do Antigo
Testamento. Aqui tem início a obra da redenção que fora insinuada no Jardim do
Éden (Gênesis 3:15). Os primeiros onze capítulos do Gênesis demonstram que Deus
se relacionava com a humanidade em geral, sem fazer distinção entre as raças.
Tanto o mundo antediluviano como o da torre de Babel ressaltam que a despeito
do progresso material e do nascimento das civilizações, o homem fracassava
moral e espiritualmente. Até aqui, o Senhor havia posto os olhos sobre
diferentes indivíduos, que eram os meios apropriados para conservar a
"semente da mulher" e o conhecimento de Deus. Agora ele muda seus
métodos. Chama a um homem para fundar a raça escolhida mediante a qual
realizaria a restauração da humanidade. O espaço que o livro do Gênesis concede
a esta passagem demonstra sua importância.
Os primeiros onze capítulos abrangem mais
tempo do que todo o restante do Antigo testamento. Trinta e nove capítulos,
porém, são dedicados aos começos da nação escolhida, da qual viria o Redentor.
Abraão é o personagem mais importante do Gênesis, e um dos mais importantes de
toda a Bíblia. Moisés dedicou meramente onze capítulos ao que aconteceu antes
de Abraão, enquanto treze capítulos se referem quase exclusivamente à vida
pessoal do patriarca. Deus usou a Abraão para fundar tanto a família de Israel
como a fé dos hebreus. As três grandes religiões monoteístas: o Judaísmo, o
Cristianismo e o Islamismo, reverenciam-no como o pai de sua fé.
Em
realidade, a Bíblia declara que o "povo escolhido" não se refere
somente à descendência carnal do patriarca, mas a todos quantos têm a mesma fé
que Abraão tinha. Isto é, ele é o pai espiritual de todos os crentes (Romanos
4:16; Gálatas 3:7). Somente a Abraão se chama "amigo de Deus" (II
Crônicas 20:7; Isaías 41:8; Tiago 2:23). Considerando que a religião do Senhor
consiste no ato de depositar a fé em um Deus pessoal, Abraão tinha de aprender
a confiar nele. Deus cultivou de três maneiras a fé que Abraão tinha: dando-lhe
grandes promessas, pondo-o à prova cada vez mais, e concedendo-lhe muitas
aparições divinas. Diz William Ross: "Era preciso que Abraão conhecesse a
Deus, pois esse conhecimento era a base de sua fé."
Unidade
2 - Êxodo e levítico
A - ÊXODO – livro da saída
Por
volta dos anos 1400 a.C., toda a parte ocidental do Crescente Fértil estava sob
o domínio dos egípcios: Palestina, Fenícia, Síria. Num primeiro momento para os
filhos de Israel isso era vantajoso. Faraó havia concedido a eles o privilégio
de morarem no melhor do Egito, na terra de Gósen (Gênesis 45.10). Entretanto,
não muito tempo depois, essa vantagem se tomou em um grande problema.
Levantou-se um Faraó que não conheceu José e começou a afligir os filhos de
Israel. Deus levantou um libertador, um remidor para tirar seu povo do Egito
com mão forte: Moisés. Assim sendo, Êxodo é o livro da redenção; registra os
acontecimentos da libertação de Israel do Egito e seu desenvolvimento como
nação, segundo o pacto feito por Deus com Abraão em Gênesis 15 e 17.
O
livro de Êxodo relata como a família escolhida no Gênesis veio a ser uma nação.
Registra os dois acontecimentos transcendentes da história de Israel: o
livramento do Egito e a entrega do pacto da lei no Sinai. O livramento do Egito
possibilitava o nascimento da nação; o pacto da lei modelava o caráter da nação
a fim de que fosse um povo santo. O livro descreve, em parte, o desenvolvimento
do antigo concerto com Abraão. As promessas que este recebeu de Deus incluíam
um território próprio, uma descendência numerosa que chegaria a ser uma nação e
bênção para todos os povos por meio de Abraão e sua descendência. Primeiro Deus
multiplica seu povo no Egito, depois o livra da escravidão e a seguir o
constitui uma nação.
Como
já dissemos, Êxodo é um livro de redenção. O redentor Jeová não somente livra a
seu povo da servidão egípcia mediante seu poder manifesto nas pragas, mas
também o redime por sangue, simbolizado no cordeiro pascoal. A páscoa ocupa
lugar central na revelação de Deus a seu povo, tanto no Antigo Pacto como no
Novo, pois o cordeiro pascoal é símbolo profético do sacrifício de Cristo. Por
isso a festa da páscoa converteu-se na comemoração de nossa redenção (Lucas
22:7-20). O Senhor prove para seu povo redimido tudo o de que ele necessita
espiritualmente: os israelitas precisam de uma revelação do caráter de Deus e
da norma de conduta que ele exige; ele lhes dá a lei mas também faz aliança com
eles estabelecendo uma relação incomparável e fazendo-os seu especial tesouro.
O
nome do segundo livro do Pentateuco, da lei de Moisés, provém da Septuaginta,
que o chama de Êxodos, que significa “saída” ou “partida”. O título é lógico,
pois retrata a saída da nação eleita do Egito, sendo o tema predominante do
livro. Tudo em cumprimento à promessa feita em Gênesis 15.13-14.
O
Livro do Êxodo é o elo indispensável que une de forma inseparável o Pentateuco.
Continua a história dos hebreus iniciada no Gênesis no mesmo estilo inigualável
deste e acentuando o elemento pessoal. É a figura de Moisés que domina quase
todo o relato de Êxodo. Os assuntos do sistema sacerdotal e da lei de santidade
iniciados em Êxodo, por sua vez, se desenvolvem em Levítico. Também a história
da caminhada de Israel para a terra prometida, a qual constitui a maior parte
de Números, encontra seu princípio em Êxodo. Finalmente, acha-se em Deuteronômio
um eco tanto de Números como de Êxodo. Por isso ao livro de Êxodo se chama
"O coração do Pentateuco".
Esfera
de ação
O
livro registra acontecimentos desde o nascimento de Moisés até a conclusão e dedicação
do tabernáculo no Sinai no primeiro mês do segundo ano após a saída do Egito
(v. 1.1; 2.1-14; 19.1; 40.17). Assim sendo, é possível que o livro de Êxodo
tenha sido compilado na caminhada pelo deserto em aproximadamente 40 anos. O
grande dilema para os estudiosos foi determinar o século em que os fatos
associados à saída do Egito realmente sucederam. Segundo Paul Hoff, “há duas
opiniões principais a respeito desta questão. De acordo com a primeira, o êxodo
dataria por volta do ano de 1440 a.C. Conforme a segunda opinião, ocorreu no
reinado de Ramsés II, entre 1260 e 1240 a.C”. O autor conclui afirmando que
“não há duvida alguma de que os israelitas saíram do Egito no lapso compreendido
entre 1450 e 1220 a.C”.
Pessoas-chave
Moisés,
Miriã, Faraó, Filha de Faraó, Jetro, Arão, Josué, Bezalel.
Tema
Libertação. A saída de Israel do Egito é o
ponto culminante da redenção do Antigo Testamento aliada à promulgação da Lei
no Sinai constituem o auge da história da salvação. A revelação de Deus é
patente em todo o livro. Ele é quem controla a história (Êxodo 1); Ele se
revelou através de seu nome (Êxodo 3.14); Ele é o soberano de toda a terra
(Êxodo 19.5); Ele é o redentor seguro (Êxodo 6.6); Ele é o reto Juiz (4.14;
20.5; 32.27-28).
Estrutura
O conteúdo do livro de Êxodo é representado
por meio de três montanhas altas e um
vale. Na história hebraica as
montanhas são: o livramento do Egito, a entrega da lei e a revelação do plano
do tabernáculo. O vale sombrio é o episódio do bezerro de ouro.
Divide-se o livro assim:
I. Israel é libertado - 1:1—15:21
A. Deus suscita um líder - capítulos 1 - 4
B. O conflito com Faraó - capítulos 5 -11
C. Israel sai do Egito - capítulos 12:1 - 15:21
II. Israel vai para o Sinai - 15:22- 18:27
A. Provações
no deserto - 15:22 - 17:16
B. Jetro visita a Moisés - capítulo 18
III. Israel no Sinai – 19 - 40
A. O pacto da lei – 19 - 24
B. O pacto violado e renovado - 31:18 - 34:35
C. O tabernáculo - 25:1 - 31:17; 35:18:38
Esboço
de Êxodo (estrutura mais
detalhada)
I. A libertação miraculosa de Israel
(1.1-13.16).
a) A opressão dos israelitas no Egito (1.1
-22).
b) O
nascimento e a primeira parte da vida de Moisés (2.1-4.31)
c) O
processo de libertação (5.1-11.10)
d) O
episódio do êxodo (12.1-13.16).
II.
A jornada miraculosa até o Sinai (13.17-18.27).
a) A
Libertação junto ao mar Vermelho (13.17-15.21).
b) A
provisão para o povo (15.22-17.7).
c) A
proteção contra os amalequitas (17.8-16).
d) O
estabelecimento dos anciões supervisores (18.1-27).
III.
As revelações miraculosas junto ao Sinai (19.1- 40.38).
a) A
chegada ao Sinai e a manifestação de Deus (19.1-25).
b)
Os dez mandamentos (20.1-21).
c) O
Livro da Aliança (20.22-23.19).
d) A
proteção do Anjo de Deus (23.20-33).
e)
Israel confirma o concerto (24.1-18).
f)
Orientação a respeito do tabernáculo (25.1-31.18).
g) O
bezerro de ouro (32.1-35).
h)
Arrependimento e renovação do concerto (33.1-35.3).
i) A
construção do tabernáculo (35.4-40.33).
j) A
glória do Senhor enche o tabernáculo (40.34-38).
Representações
do Tabernáculo Santo
B - LEVÍTICO
Como
nos precedentes, esse nome, Levítico, também veio da antiga tradução grega, a
Septuaginta, que o intitulou como Leuitikon, ou seja, “pertinente aos levitas”.
Levítico
é o manual de regras e deveres sacerdotais e de instruções que prescreve a
“vida santa”. As palavras sacrifício, sacerdote, sangue, santo, expiação
aparecem com muita frequência, enfatizando a santidade corporal bem como a
espiritual.
“Em
êxodo vemos como Deus tira seu povo do Egito; em Levítico vemos como Deus tira
o ‘Egito’ do povo. Êxodo inicia com pecadores; Levítico com santos”.
Da
mesma forma que nos livros anteriores, a autoria desse livro também é atribuída
a Moisés. A expressão “o Senhor disse a Moisés” aparece mais de 56 vezes no
texto (pelo menos uma vez por capítulo exceto 2, 3, 9,10 e 26).
A
relação do Livro de Levítico com Êxodo e com Números ocorre à medida que a
revelação que se encontra em Levítico foi entregue a Moisés quando Israel ainda
se acampava diante do monte Sinai (27:34). Além disso, Levítico segue a linha
da última parte de Êxodo, a qual descreve o tabernáculo. Números continua com o
conteúdo de Levítico. Assim, os três livros formam um conjunto e estão
estreitamente relacionados entre si. Todavia, Levítico difere dos outros dois
em que é quase totalmente legislativo.
Narra apenas três acontecimentos históricos: a investidura dos sacerdotes
(capítulos 8 e 9), o pecado e castigo de Nadabe e Abiú (capítulo 10) e o
castigo de um blasfemo (24:10-14, 23).
Tema
Seguindo a direção já apontada em Êxodo,
Levítico tem por tema a comunhão que Deus oferece a seu povo mediante sua presença
no tabernáculo, apresentando as leis pelas quais Israel haveria de manter essa
comunhão. O Senhor queria ensinar a seu povo, os hebreus, a santificar-se. A
palavra santificação significa apartar-se do mal e dedicar-se ao serviço de
Deus. É condição necessária para desfrutar-se da comunhão com Deus.
Isto
é, neste livro, encontra-se revelado o meio pelo qual a nação de Israel haveria
de manter a comunhão com seu Deus. Israel fora chamado para ser uma testemunha
viva do Deus vivo, em meio às nações pagãs, portanto teriam que se manter
separados do modo e costumes das nações que os cercavam. Deus forneceu
instruções especificas para a adoração que lhe era agradável. Assim o propósito
do livro era comunicar a santidade do Deus de Israel e
delimitar os meios pela qual o povo teria acesso a ele através do viver santo.
Deus
é intrinsecamente santo e chama o seu povo para ser santo, dando-lhe o padrão
de obediência pelo qual pode manter a santidade.
Esfera de ação
O
livro se origina na revelação de Deus dada ao seu servo Moisés na tenda da
congregação, no original “tenda do encontro” (1.1) durante os onze meses que
permaneceram no Sinai (Êxodo 19.1; 40.17; Números 10.11), portanto menos de um
ano.
Pessoas-chave
Moisés, Arão, Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar.
Esboço de Levítico
I. A
descrição do sistema de sacrifícios (1.1-7.38).
a)
Os holocaustos (1.1-17).
b)
As ofertas de manjares (2.1-6).
c)
Os sacrifícios de paz ou das graças (3.1.17).
d) A
Expiação do pecado (4.1-5.13).
e) O
sacrifício pelo sacrilégio (5.14-6.7).
f)
Outras instruções (6.8-7.38).
II.
O serviço dos sacerdotes no santuário (8.1-10.20).
a) A
ordenação de Arão e seus filhos (8.1-36).
b)
Os sacerdotes tomam posse (9.1-24).
c) O
pecado de Nadabe e Abiú (10.1-11).
d) O
pecado de Eleazar e Itamar (10.12-20)
III.
As leis das impurezas (11.1-16.34)
a)
Imundícias dos animais (11.1-47).
b)
Imundícias do parto (12.1-8).
c)
Imundícias da pele (13.1-14.57).
d)
Imundícias de emissão (15.1-33).
e)
Imundícias morais (16.1-34).
IV.
O código de Santidade (17.1-26.46).
a)
Matando por alimento (17.1-16).
b)
Sobre ser sagrado (18.1-20.27).
c)
Leis para sacerdotes e sacrifícios (21.1- 22.33).
d)
Dias santos e festas religiosas (23.1-44).
e)
Leis para elementos sagrados de louvor (24.1-9).
f)
Punição para blasfêmia (24.10-23).
g)
Os Anos do Descanso e do Jubileu (25.1-55).
h)
Bênçãos por obediência e punição por desobediência (26.1-46).
V.
Ofertas para o santuário (27.1-34).
Divisão
Podemos
dividir o livro em cinco blocos de assuntos, todos mnemonicamente iniciados
pela letra S:
Sacrifício – 1 a 7
Sacerdócio – 8 a 10
Saúde – 11 a 15
Separação 16 a 22
Solenidades 23 ao 27
Ofertas Levíticas
Há
muitas instruções para o sacrifício ao longo do Pentateuco, mas em Levítico são dedicados os capítulos 1-7 completamente
às 5 ofertas de levíticas que eram os principais sacrifícios usados nos
rituais. Eles descrevem 5 tipos de sacrifícios: O holocausto,
a Oferta de Manjares, a Oferta Pacífica,
a Oferta pelo Pecado, e a Oferta pela Culpa.
Cada um dos sacrifícios foi cumprido exclusivamente em Jesus Cristo, ou seja
servem de tipificação do sacrifício de Jesus.
O Holocausto
O
holocausto era um sacrifício que estava completamente queimado. Nada dele era
comido, e então o fogo consumia o sacrifício inteiro. A oferta queimada era
realizada para reconciliação dos pecados do povo contra o Senhor, que os
separavam de Deus, e era uma oferta de dedicação contínua de suas vidas ao
Senhor. É importante notar que o fogo jamais se apagava: Lev 6:13: " O fogo arderá continuamente sobre o
altar; não se apagará."
Na
história de Israel haviam ofertas queimadas feitas duas vezes por dia, uma pela
manhã e uma ao entardecer (quando aparecia a primeira estrela):
Nm 28:3-4: "E dir-lhes-ás: Esta é a oferta queimada que oferecereis ao SENHOR: dois cordeiros de um ano, sem defeito, cada dia, em contínuo holocausto; Um cordeiro sacrificarás pela manhã, e o outro cordeiro sacrificarás à tarde;"
Nm 28:3-4: "E dir-lhes-ás: Esta é a oferta queimada que oferecereis ao SENHOR: dois cordeiros de um ano, sem defeito, cada dia, em contínuo holocausto; Um cordeiro sacrificarás pela manhã, e o outro cordeiro sacrificarás à tarde;"
A Oferta de Manjares
Os
Israelitas ofereciam manjares (cereais) ou legumes além dos animais. Levítico
capítulo 2 menciona 4 tipos de ofertas de cereal, e dá instruções de preparo
para cada uma. O pecador poderia oferecer massa de farinha de trigo assada em
um forno, cozida em uma forma, frita em uma panela, ou amassada para fazer pão
(como na oferta das primeiras frutas). Todas as ofertas de manjares eram feitas
com óleo e sal e nenhum mel e fermento seria usado (óleo e sal preservaram,
enquanto o mel e fermento deteriorariam). O adorador também traria uma porção
de incenso (puro incenso). O propósito da oferta de manjares era um
oferecimento de presentes, e fala de uma vida que é dedicada a dar, e à
generosidade.
As Ofertas Pacíficas
A
oferta pacífica era uma comida que foi dada pelo Senhor, aos sacerdotes, e às
vezes ao cidadão comum. O adorador trazia bois ou vacas, ovelhas, ou uma cabra.
O ritual foi comparado com o das ofertas queimadas, até ao ponto de queimar,
onde o sangue de animais era vertido ao redor das extremidades do altar. Foram
queimadas a gordura e as entranhas, e o restante era comido pelos sacerdotes,
e, (se fosse uma oferta espontânea) pelos adoradores. Este sacrifício de louvor
e ação de graças era quase sempre, um ato voluntário.
As
ofertas pacíficas incluíam bolos sem levedura. Os sacerdotes comiam tudo, menos
a porção comemorativa dos bolos, e certas partes do animal, no mesmo dia que o
sacrifício foi feito, e quando o adorador os levava juntos, como oferta
voluntária, o adorador poderia comer durante 2 dias do animal inteiro, menos o
peito e a coxa direita que era comida pelos sacerdotes.
Jacó
e Labão deram suas ofertas pacíficas quando eles fizeram o seu pacto (Gen 31:43
ss). Era exigido fazer estas ofertas quando se fizesse um voto de consagração a
Deus, e Lhe agradecendo com louvores enquanto, espontaneamente, se traziam as
ofertas voluntárias.
A Oferta pelo Pecado
As
ofertas pelo pecado expiavam, (liquidavam a dívida por completo) das fraquezas
e fracassos não intencionais dos adoradores e fracassos diante do Senhor.
Lev 4:1-4 FALOU mais o SENHOR a Moisés, dizendo: Fala aos filhos de Israel, dizendo: Quando uma alma pecar, por ignorância, contra alguns dos mandamentos do SENHOR, acerca do que não se deve fazer, e proceder contra algum deles; Se o sacerdote ungido pecar para escândalo do povo, oferecerá ao SENHOR, pelo seu pecado, que cometeu, um novilho sem defeito, por expiação do pecado. E trará o novilho à porta da tenda da congregação, perante o SENHOR, e porá a sua mão sobre a cabeça do novilho, e degolará o novilho perante o SENHOR.
Lev 4:1-4 FALOU mais o SENHOR a Moisés, dizendo: Fala aos filhos de Israel, dizendo: Quando uma alma pecar, por ignorância, contra alguns dos mandamentos do SENHOR, acerca do que não se deve fazer, e proceder contra algum deles; Se o sacerdote ungido pecar para escândalo do povo, oferecerá ao SENHOR, pelo seu pecado, que cometeu, um novilho sem defeito, por expiação do pecado. E trará o novilho à porta da tenda da congregação, perante o SENHOR, e porá a sua mão sobre a cabeça do novilho, e degolará o novilho perante o SENHOR.
Os
pecados não intencionais eram difíceis identificar e poderiam acontecer a
qualquer hora, e então os sacerdotes trabalhavam de perto como mediadores com
Deus e o povo, e instruíam as pessoas sobre como eles buscariam ao Senhor. No
caso de qualquer pecado cuja oferta não foi trazida diante do Senhor, havia
ofertas para a nação e para o sumo sacerdote que os cobriam de um modo
coletivo. No Dia da Expiação (Yom Kippur) o sumo sacerdote aspergia sangue no
propiciatório para os seus próprios pecados e pelos pecados da nação.
As Ofertas pela Culpa
A oferta pela culpa era bem parecida
com a oferta pelo pecado, mas a diferença principal era que a oferta pela culpa
era uma oferta em dinheiro para pecados de ignorância relacionados à fraude.
Por exemplo, se alguém enganasse sem querer a outro por dinheiro ou
propriedade, o sacrifício dele devia era ser igual à quantia levada, mais um
quinto para o sacerdote e para o ofendido. Então ele reembolsou a quantia
levada mais 40%. Lev 6:5-7 " Ou tudo aquilo sobre que jurou
falsamente; e o restituirá no seu todo, e ainda sobre isso acrescentará o
quinto; àquele de quem é o dará no dia de sua expiação. E a sua expiação trará
ao SENHOR: um carneiro sem defeito do rebanho, conforme à tua estimação, para
expiação da culpa trará ao sacerdote; E o sacerdote fará expiação por ela
diante do SENHOR, e será perdoada de qualquer das coisas que fez, tornando-se
culpada. "
Vestes Sacerdotais:
Unidade 3 –
NÚMEROS e Deuteronômio
A - NÚMEROS
O
título hebraico do livro (bamidbar) significa “no deserto". Números é o nome dado pela Septuaginta,
reflexo dos dois recenseamentos dos hebreus descritos nos capítulos 1 e 26. O
livro destaca a provação no deserto e
a rebelião do povo da aliança durante
sua jornada rumo à terra prometida.
Ao contrário de Levítico, em que
conhecemos um povo parado, em números vemos um povo em movimento. Números é
livro da peregrinação pelo deserto, da caminhada rumo à terra prometida, mas
também da provação quanto à obediência. Ele reflete o censo das tribos de
Israel no início do livro e no final, demonstrando que nem sempre quem começa
bem, termina bem. A geração enumerada no começo do livro não é igual a
enumerada no final. Devido ao trágico acontecimento em Cades-Barnéia muito tiveram
seu fim no deserto.
Tradicionalmente, a autoria é
atribuída a Moisés, considerado a personalidade central do livro. Números 33.1-2
faz uma referência especifica a Moisés, registrando pontos sobre a viagem no
deserto. “São estas as jornadas dos filhos de Israel, pelas
quais saíram da terra do Egito, segundo os seus exércitos, sob o comando de
Moisés e Arão. Moisés registrou os pontos de partida, segundo as suas jornadas,
conforme o mandado do Senhor.”
No que tange ao assunto abordado, pode-se dizer que
o livro trata do fracasso de Israel: Números é um dos livros mais humanos e
mais tristes da Bíblia. Mostra como os hebreus fracassaram em cumprir os ideais
que Deus lhes havia proposto. Chegaram aos limites da terra prometida, mas
tinham a personalidade de um escravo covarde, dependente e incapaz de enfrentar
a perspectiva da luta. Perderam a pequena fé que haviam tido e quiseram voltar
ao Egito. Daí, começaram suas peregrinações que duraram trinta e oito anos. Não
obstante, Números relata detalhadamente só a história do primeiro e a do
último, pois nos anos intermediários de apostasia nada aconteceu de valor
religioso permanente. É uma história trágica de falta de fé, de queixas,
murmurações, deslealdade e rebelião. Como consequência, quase toda a geração
que havia presenciado as maravilhas do livramento do Egito pereceu no deserto
sem entrar na terra prometida. Somente três homens, Moisés, Josué e Calebe,
sobreviveram até ao fim do relato do livro. E somente dois dos três, Josué e
Calebe, entraram em Canaã.
Tema
Peregrinações
- O livro narra a jornada de Israel
desde o monte Sinai até as planícies de Moabe. As peregrinações pelo deserto
foram frutos da desobediência. A maior parte da geração que havia presenciado
os sinais operados no Egito, por não confiarem nas promessas de Deus não entrou
na Terra prometida, e, consequentemente, pereceram no deserto. “O livro,
portanto ensina às gerações posteriores que a conformidade com a aliança traz
benção, mas a rejeição da aliança acarreta tragédia e sofrimento". Ο Νovo Testamento usa vários acontecimentos
do livro de Números para lembrar aos crentes a seriedade do pecado (compare
João 3.14 com Números 21.9; 1 Coríntios 10.5-11 com Números 14.29-35; 16.41-50;
20.1-13; 2 Pedro 2.15-16 com Números 22.24; Apocalipse 2.14 com Números 22.24;
Judas 11 com Números 16).
Esfera de ação
De
acordo com as datas apresentadas no Pentateuco, o livro de Números abrange
aproximadamente um período de trinta e nove anos.
Pessoas-chave
Moisés, Arão, Miriã, Josué, Calebe, Eleazar,
Cora e Balaão.
Esboço de Números
I. Instruções para a viagem do Sinai
(1.1-10.10).
A. Relato sobre a tomada do censo (1.1-4.9).
a)
Censo militar (1.1-2.34).
b)
Censo não militar: levitas (3.1-4.49).
B.
Instruções e relatos adicionais (5.1-10.10).
a)
Cinco instruções (5.1-6.27). b) Ofertas dos líderes (7.1-89).
c)
Levitas dedicados (8.1-26).
d)
Segunda Páscoa (9.1-14).
e)
Direção pela nuvem e fogo (9.15-23).
f)
As trombetas de prata (10.1-10).
II. Relato da viagem do Sinai
(10.11-36.13).
A.
Rebelião e punição da primeira geração (10.11-25.18).
a)
Relato da primeira marcha do Sinai (10.11-36).
b)
Queixas do povo (11.1-3).
c)
Ansiando por carne (11.4-35).
d)
Desafio para Moisés (12.1-16).
e)
Recusa a entrar na Terra Prometida (13.1-14.45).
f)
Instruções relacionadas às ofertas (15.1-41).
g)
Desafios à autoridade de Arão (16.1-18.32).
h)
Leis da purificação (19.1-22).
i) A
morte de Miriã e Arão (20.1-29).
j)
Do monte Hor às planícies do Moabe (21.1-35).
k)
Balaque e Balaão (22.1-25.18).
B.
Preparo da nova geração (26.1-36.13).
a)
Um novo censo (26.1-65).
b)
Instruções relacionadas à herança, ofertas e votos (27.1-30.16).
c)
Vingança sobre os midianitas (31.1-54).
d)
As tribos da Transjordânia (32.1-42).
e)
Itinerário do Egito até Moabe (33.1-49).
f)
Instruções para a ocupação de Canaã (33.50-36.13).
destaques do livro de números
Voto de Nazireado
No capítulo 6 lemos sobre a lei do
nazireado. Esta fala-nos de consagração e devoção especial a Deus. Cristo é o
exemplo perfeito do nazireado. O voto era de um caráter todo especial, mas não
devemos pensar que o que esta figura no cristianismo é uma coisa só para
alguns. O sacerdócio, por exemplo, era privilégio de uma parte especial do povo
de Israel, porém no cristianismo representa privilégio de todos. O nazireado fala-nos,
sem duvida, de uma vocação especial, isto é, uma devoção e dedicação notáveis,
porém isto agora pode ser um privilégio de todos que o desejem.
Haviam
três coisas ligadas ao voto de nazireu: não podia beber nem vinho nem bebida
forte; não deveria cortar o cabelo; e não podia entrar onde houvesse algum
morto.
1.
O vinho
representa aquilo que alegra o coração do homem (Sl. 104:15), e aqui representa
esses prazeres terrestres que, acabam afastando-o em certa medida de Deus e das
coisas de Deus. O nazireu era um homem que se consagrava a Deus ou se separava
para Ele, para achar n'Ele o pleno e suficiente prazer.
2.
O fato de
o nazireu deixar crescer o cabelo indicava que ele negava-se a si próprio,
renunciando a sua dignidade e os seus direitos como homem para se consagrar
inteiramente a Deus.
3.
O
terceiro ponto indicado do nazireu, não entrar onde houvesse um morto, nos
aponta para impossibilidade e a incompatibilidade de Deus, do qual procede toda
vida, com a morte. Lembremos depois que o homem pecou ficou sob o domínio de
satanás recebendo como o salário a morte. Morte é algo antinatural o ser humano
não foi feito para morrer. Mas nosso Deus é a fonte de toda a vida e é
incompatível tanto com a morte quanto com o pecado. Então precisamos nos
separar de tudo que tenha caído no poder da morte, em outras palavras,
necessitamos urgentemente nos separar do pecado! Precisamos andar em santidade
íntima e constante com Ele.
As murmurações
Em
pouco tempo Israel desviou seu olhar de Deus e começou a queixar-se no deserto.
Sem dúvida os hebreus sofriam por causa do sol abrasador, das privações e dos
perigos, mas, era isso escusa para ingratidão, irritação e espírito rebelde?
Quão depressa se esqueceram da dura escravidão do Egito e do milagroso
livramento operado por Deus! Encontra-se em parte a causa do descontentamento,
lendo-se 11:4: "E o vulgo" (a Bíblia de Jerusalém o traduz "a
turba") seriam os asiáticos sujeitos à servidão como os hebreus.
Aproveitaram a ocasião do êxodo para escapar do Egito (Êxodo 12:38). Como os
mundanos que estão na igreja de hoje, os estrangeiros ainda cobiçavam as coisas
do Egito porque seu coração estava aí. Fomentaram, sem dúvida, o
descontentamento em muitos dos episódios da passagem pelo deserto.
As
murmurações descritas em Números são oito. Começam nesta seção com queixas nos extremos
do arraial, depois lamentações no próprio acampamento, e finalmente críticas da
parte dos líderes mais fidedignos, Arão e Miriã. Cada vez se destaca Moisés
como o intercessor abnegado.
A vara de Arão
Na vara
de Arão que floresceu, sobre a qual lemos no cap 19, temos a figura de Cristo
ressurreto, reconhecido por Deus como sumo-sacerdote. Entre todos os sacerdotes
do mundo, Ele é o único em quem brotou vida, da morte. No cap. 16 vemos como o
sacerdócio de Arão foi posto em dúvida por alguns, de maneira que Deus o
confirmou de um modo notável, pois a sua vara foi a única que da morte
floresceu. O Deus vivo entrou em cena e pelo seu grande poder Ele deu vida à vara
de Arão e Moises trouxe-a para fora e mostrou ao povo. De uma madeira morta e
inerte Deus agora trás fruto e vida. O sacerdócio fundava-se nessa graça divina
e preciosa que da morte tirava a vida, e a vara de Arão foi uma linda expressão
dessa graça que vivifica os mortos, e chama as coisas que não são como se já
fossem.
Foi em
relação à vara de Arão que o SENHOR disse:
Então o SENHOR disse a Moisés:
Torna a pôr a vara de Arão perante o testemunho, para que se guarde por sinal
para os filhos rebeldes; assim farás acabar as suas murmurações contra mim, e
não morrerão. Nm 17.10
Cidades de refúgio
Mas se houver morte, então darás vida por vida,
Olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé,
Queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe. Êx 21.23-25
Olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé,
Queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe. Êx 21.23-25
No Antigo Testamento,
a justiça entre os judeus podia ser resumida como “sangue por sangue”, a
chamada lei do talião. A lei do talião data de 1760 a.C., olho
por olho, dente por dente. O trecho bíblico acima mostra bem o que acontecia em
caso de assassinato: vida por vida. Não havia fiança. O homicida intencional
também seria morto pelo “vingador do sangue” – no caso, o familiar masculino
mais próximo da vítima. Entretanto, havia uma exceção quando o crime não era
intencional. Se alguém tirasse a vida de outrem por acidente, ou por legítima
defesa, podia se valer das chamadas “cidades de refúgio”, onde encontrava
proteção contra o vingador do sangue, que não poderia levantar mão contra ele.
As tais cidades eram
em número de seis: Bezer, Ramote, Golã, Hebrom, Siquém e Quedes. As três
primeiras ficavam no território ocupado pelo povo de Deus antes de eles
atravessarem o Jordão, e foram instituídas por Moisés. A segunda metade se
localizava após o rio, designadas por Josué. Essas cidades foram estabelecidas
segundo uma ordem do próprio Deus, conforme os termos estabelecidos por Ele em
Números 35, do versículo 9 em diante.
Ao chegar ao portão
da cidade de refúgio, o autor do que chamamos na justiça brasileira de
“homicídio culposo” (sem intenção) expunha o caso aos anciãos, que via de regra
o recebiam de modo hospitaleiro. Os sábios julgavam a questão e, sendo o réu
inocente, estava livre do vingador, desde que permanecesse na cidade de refúgio
pelo resto da vida, ou até a morte do sumo-sacerdote local. Morto o sacerdote,
o autor da morte podia retornar à sua morada anterior. Porém, antes da morte do
sacerdote, se o autor saísse dos limites da cidade, podia ser morto pelo
vingador.
Uma vez que um
vingador adentrasse os muros da cidade para matar o homicida acidental, pagaria
com a própria vida. De outro modo, caso o réu fosse considerado culpado – se
fosse provado que o homicídio fora realizado deliberadamente – era entregue ao
vingador, que tinha o direito de matá-lo. Também podiam apelar às cidades de
refúgio aqueles que fossem acusados falsamente de um homicídio, até que fosse
provada sua inocência.
Jurisdição
As cidades de refúgio
estavam distribuídas de modo a cobrir todas as regiões habitadas pelo povo
judeu. Ficavam perto de onde se estabeleceram as tribos de Israel, de modo a
facilitar a fuga, sem que o autor da morte acidental fosse alcançado pelo
vingador. Essa preocupação era tão forte, que o acesso às cidades era
facilitado: as estradas deviam estar sempre em ótimas condições e bem
sinalizadas. Havia até mesmo uma figura comum nessas vias: a de um atleta bem
treinado, um corredor profissional, contratado pelos anciãos, que ajudava os
fugitivos.
Nos tempos de Moisés,
Bezer tinha jurisdição sobre o
território da tribo de Rubem, Ramote
era reservada para Gade, e Golã, para
Manassés (Deuteronômio 4:43). Na época de Josué, Quedes cobria o território de Neftali, na Galileia, enquanto Siquém era para Efraim e Hebrom para Judá (Josué 20:7). O próprio
povo da cidade de refúgio tinha o dever de defender o réu, caso o vingador do
sangue tentasse pegá-lo.
Mapa das cidades de
refúgio:
B - DEUTERONÔMIO
Moisés
contava agora com aproximadamente 120 anos, estando bem próximo da Terra
Prometida. Ele traz a lembrança de como Deus tirou os israelitas da escravidão
no Egito e os guiou pelo deserto para receber a lei de Deus no monte Sinai.
Entretanto, por causa da desobediência de Israel em se recusar a entrar na
Terra Prometida, eles perambularam sem destino no deserto por quase quarenta
anos. Agora acampados na fronteira oriental de Canaã, no vale defronte de
Bete-Peor, na região montanhosa do Moabe, de vista para Jericó e a planície do
Jordão, prestes a entrarem na Terra Prometida, depararam-se com um momento
crucial em sua história - novos inimigos, novas tentações e nova liderança.
Moisés reuniu o grupo para lembrá-los da fidelidade do Senhor e para encorajá-los
a serem fiéis e obedientes ao seu Deus quando possuíssem a Terra Prometida.
Deus lembrou a seu povo que, para ratificar a aliança, Israel precisava optar
pela obediência. A decisão de obedecer traria muitos benefícios, a rebelião
acarretaria severas calamidades.
Autor
Deuteronômio
identifica o conteúdo do livro com Moisés: “Estas são as palavras que Moisés
falou a todo o Israel” (1.1). O nome de Moisés aparece quase quarenta vezes, e
o livro reflete claramente a personalidade de Moisés. O uso corrente da primeira
pessoa do singular em todo o livro apoia ainda mais a autoria mosaica. Tanto a
tradição judaica quanto a samaritana são unânimes em identificar Moisés como o
autor. Assim como Cristo, Pedro e Estevão também reconhecem Moisés como o autor
do livro (Mateus 19.7,9; Marcos 10.3-4; Atos 3.22; 7.37). O último capítulo,
que contém o relato da morte de Moisés, foi escrito, provavelmente, por seu
amigo íntimo, Josué.
Titulo.
Deuteronômio
também provém da Septuaginta que significa “segunda lei”, ou “repetição da lei”
devido ao fato de registrar a repetição das leis dadas no Sinai.
Tema
Aliança
com Deus. Deuteronômio é um chamado à obediência; é uma ordem para que o
povo ao chegar à terra prometida não se esqueça de seus benefícios recebidos e
deixem de servir seu Deus. A obediência às leis de seu Deus traria bênçãos enquanto
que a desobediência causaria desgraças. Nesse sentido, Deuteronômio é, uma
exortação viva e opressiva recordando as graves consequências de esquecer os
benefícios do Senhor e apartar-se de seu culto e de sua lei”.
Esfera de ação
Dois
meses nas planícies de Moabe.
Pessoas-chave
Moisés
e Josué.
Esboços de Deuteronômio
1º esboço
I. O primeiro discurso de Moisés (1.1-4.43).
a)
Introdução (1.1-5).
b) O
passado recordado (1.6-3.29).
c)
Um chamado à obediência (4.1-40).
d) Cidades
de refúgio nomeadas (4.41-43).
II.
O segundo discurso de Moisés (4.44-26.19).
a)
Exposição dos Dez Mandamentos (4.44- 11.32).
b)
Exposição das leis cerimoniais (12.1-16.17).
c)
Exposição da lei civil (16.18-18.22).
d)
Exposição das leis criminais (19.1-21.9).
e)
Exposição das leis sociais (21.10-26.19).
III.
O terceiro discurso de Moisés (27.1- 30.20).
a)
Cerimônia de retificação (27.1-26).
b)
Sanções do concerto (28.1-68).
c) O
juramento do concerto (29.1-30.20).
IV.
As palavras finais e a morte de Moisés (31.1- 34.12).
a)
Perpetuação do concerto (31.1-29).
b) O
cântico do testemunho (31.30-32.47).
c) A
bênção de Moisés sobre Israel (32.48—33.29).
d) A
Morte e a sucessão de Moisés (34.1-12).
2º esboço
Vimos
que os discursos de Moisés dividem-se naturalmente em três seções. Myer
Pearlman capta a ênfase das divisões, respectivamente:
"Recorda!";
"Obedece!"; "Cuidado!"
I. "Recorda!"
Revisão
da história das peregrinações - 1:1—4:43
A.
Revisão dos fracassos de Israel – 1
B.
Vitórias e partilha do território ao oriente do Jordão - 2 e 3
C.
Exortação à obediência - 4:1-43
II. "Obedece!"
Exposição
da lei - 4:4—26:19
A. Os
Dez Mandamentos e sua aplicação - 4:44—11:32
B. Leis
atinentes ao culto e à vida santa - 12:1—16:17
C. Leis
de justiça e de humanidade - 16:18—26:19
III. "Cuidado!"
Profecias sobre o futuro de Israel - 27—34
A.
Bênçãos e maldições - 27—30
B.
Dias finais de Moisés - 31—34
Importância de Deuteronômio
Este
livro desempenhou um papel importante na
história e na
religião de Israel. O código
deuteronômico foi a norma para julgar as ações dos reis de Israel. A
descobri-lo no templo, sua leitura despertou um grande avivamento no ano 621 a.
C. (II Reis 22). Foi a base das exortações de Jeremias e Ezequiel. Os judeus
escolheram a grande passagem de 6:4, 5 como seu credo ou declaração de fé. O
Novo Testamento refere-se a Deuteronômio e cita-o mais de oitenta vezes. Parece
que era um dos livros prediletos de Jesus, pois ele o citava amiúde. Por
exemplo, citou versículos de Deuteronômio para resistir ao diabo em sua
tentação. Também a profecia acerca do profeta que seria como Moisés (18:15-19)
preparou o caminho para a vinda de Jesus Cristo.
Unidade 4 – nomes de deus
A - NOMES GENÉRICOS DE DEUS
Ao
contrário dos nomes específicos, são assim designados por não serem exclusivos
da divindade. Os nomes genéricos tanto podem ser usados pelo Deus verdadeiro
quanto por uma divindade falsa, por isso recebe essa denominação. Sendo assim,
os nomes genéricos de Deus encontrados nas Escrituras são:
Elohim (plural)
Deus
Elohim é o primeiro nome de Deus que aparece nas Escrituras. Em Gênesis, no
início da criação, está escrito que “no princípio criou Deus (Elohim) os céus e
a terra”. “Essa palavra (Elohim) emprega-se sempre que sejam descritos ou
implícitos o poder criativo e a onipotência de Deus.”
O
singular de Elohim é Eloah, que também é usualmente traduzido por Deus. Esse
nome no singular ocorre 57 vezes no Antigo Testamento, ao passo que no plural
ocorre 2.498 vezes. Esse substantivo vem do verbo hebraico Alá, e significa
“ser adorado, ser excelente, temido e reverenciado”.Elohim é um nome genérico
que tanto pode ser usado para o Deus verdadeiro quanto para as divindades falsas,
tanto masculinas como femininas. O nome Elohim aparece 2.555 vezes no Antigo
Testamento hebraico, e somente em 245 lugares não se refere ao Deus verdadeiro,
o Deus de Israel.
El - El é nome mais conhecido entre os
povos de língua semita para se referir à divindade. Esse nome se encontra no
singular, ocorre cerca de 250 vezes na Bíblia e parece significar “aquele que
vai adiante ou começa as coisas”. Na maioria das vezes aparece sozinho, porém
também foi combinado com outras palavras para formar um termo composto com o
significado de deidade, ou para de alguma maneira identificar a natureza e
ofício de “Deus”. Os significados principais do termo El, conforme apresentados
nas Escrituras, são “deus”, para divindades falsas, “Deus”, para o verdadeiro e
único Deus, e de modo menos frequente “o poderoso”, referindo-se aos homens ou
anjos. El é o nome mais usado na Bíblia para mencionar as divindades pagãs, mas
aparece também com relação ao Deus de Israel e também com seus atributos, a
saber:
a)
El Berit- Deus que faz aliança ou pacto (Gênesis 31.13; 35.1-3);
b)
El Olan - Deus Eterno. Foi com este nome que Abraão invocou seu Deus em Berseba
(Gênesis 21.33). E também com esse nome que o profeta Isaías denomina o Deus de
Israel (Isaías 40.28);
c)
El Sale’i - Deus é minha rocha, o meu refúgio (Salmos 42.9-10);
d)
El Ro ‘i - Deus da vista. Assim foi Deus chamado por Agar, e é também mais um
nome de Deus (Gênesis 16.13);
e)
El Nosse - Deus de compaixão (Salmos 99.8);
f)
EL Qana - Deus zeloso (Êxodo 20.5; 34.14);
g)
El Ne ’eman - Deus de graça e misericórdia (Deuteronômio 7.9).
El-Elyon - Altíssimo
O
nome Elyon (Nwyle) é um adjetivo que se deriva do verbo hebraico Aláh, que
significa “subir, mais elevado, superior, no ponto mais alto” e quando aplicado
para Deus, designa-o como o alto, o excelente, o Deus Glorioso. Ocorre sozinho
(Deuteronômio 32.8) ou em combinação com outros nomes de Deus, mais frequentemente
com El (Gênesis 14.18; Salmos 78.35), mas também com Yahweh (Salmos 7.17;
97.9), ou com Elohim (Salmos 56.2). Sua primeira aparição foi no encontro de
Melquisedeque com Abraão (Gênesis 14.18).
El Olam – o Deus Eterno
Para
demonstrar sua fé no Deus verdadeiro, Abraão jura a Abimeleque, rei de Gerar,
em Berseba, invocando “ali o nome do SENHOR, Deus Eterno. Segundo o dicionário
Vine, o termo significa “Deus da Eternidade, Deus eterno, Deus para sempre”. Gênesis
21.33 é 0 único lugar no Antigo Testamento onde o título Deus Eterno ocorre.
B - NOMES ESPECÍFICOS DE DEUS
Os
nomes específicos de Deus jamais serão invocados para outras divindades. Os
nomes específicos de Deus são aqueles que nas Escrituras só aparecem aplicados
ao Deus verdadeiro. Portanto, os nomes específicos de Deus trazem por si só
temor, reverência, devoção. São eles: El shadday, Adonay, YHWH e YHWH dos
Exércitos.
Shadday
Várias
hipóteses têm sido levantadas com relação ao termo shadday. Uma delas defende
que ele está associado com o verbo hebraico shadad, "destruir”, sugerindo
a idéia de “meu destruidor”. Outra corrente entende que se deve identificá-lo
com o vocábulo acadiano sadu, “montanha”. Sendo assim, a tradução de EI Shadday
seria “Deus de montanha”. Para Esequias Soares, “o nome hebraico Shadday é
derivado de Shadad, que significa ‘ser poderoso, forte e potente’; mas há quem
afirme que essa palavra seja derivada do hebraico ‘alimentar”-. Tanto a
primeira quanto a segunda são inerentes à natureza divina: Deus é o
Todo-poderoso e também dá a vida, alimenta e toma frutuoso”. Como título
divino, shadday aparece 48 vezes no Antigo Testamento.
Adonai — Senhor
A
Lei era explícita: “Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão, porque o
SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão” (Êxodo 20.7);
"Aquele que blasfemar o nome do SENHOR será morto; toda a congregação o
apedrejará; tanto o estrangeiro corno o natural, blasfemando o nome do SENHOR,
será morto” (Levítico 24.16). Para que ninguém corresse o perigo de blasfemar
do nome divino, todas as vezes que houvesse necessidade de pronunciar esse
nome, os judeus poderiam pronunciar de outra forma, ou seja, poderiam usar
Adonay ou hashem e nunca o tetragrama.
YHWH - traduzido por Senhor
O
tetragrama é o nome divino que ocorre com mais frequência no Antigo Testamento,
5.321 vezes, sendo escrito por quatro consoantes: yod. he. vav, he (o alfabeto
hebraico não possui vogal). Não sabemos realmente como os judeus pronunciavam o
nome, pois este tomou-se impronunciável pelos hebreus desde o período intertestamentário,
devido à ordem divina proibindo que se tomasse o nome do Senhor (YHWH) em vão.
Assim, os judeus temiam e temem pronunciar o tetragrama, substituindo-o na
leitura pela palavra Adonai ou “O Nome”.
C - NOMES COMPOSTOS DE DEUS
Nas
Escrituras encontramos o nome de Deus ligado a outros termos que o identificam
e tomam específica essa relação. Quando assim procedia revelava algum aspecto a
mais do seu caráter, fornecendo frases ou locuções descritivas em conexão com
seus vários nomes.
YHWH Elohim
“Esta
é a gênese dos céus e da terra quando foram criados, quando o SENHOR Deus os
criou” (Gênesis 2 .4, grifo nosso). Este nome identifica o SENHOR como criador
de todas as coisas.
YHWHJireh - O Senhor Proverá
“E
pôs Abraão por nome àquele lugar — O SENHOR Proverá. Daí dizer-se até ao dia de
hoje: No monte do SENHOR se proverá” (Gênesis 22.14, grifo nosso). Assim como
ele providenciou um substituto para Isaque, ele também já proveu para os fiéis
um substituto - Jesus, o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1
.29).
YHWH Rafa - o Senhor que te sara
“Se
ouvires atento a voz do SENHOR, teu Deus, e fizeres o que é reto diante dos
seus olhos, e deres ouvido aos seus mandamentos, e guardares todos os seus
estatutos, nenhuma enfermidade virá sobre ti, das que enviei sobre os egípcios;
pois eu sou o SENHOR, que te sara” (Êxodo 15.26, grifo nosso). Este nome revela
que se seu povo andar em obediência à sua revelação, saberá que Ele é o Deus
dos milagres, das curas, das causas impossíveis.
YHWH Nissi - o Senhor é minha bandeira
“E
Moisés edificou um altar e lhe chamou: O SENHOR É Minha Bandeira” (Êxodo 17.15,
grifo nosso). Um dos símbolos da pátria é a bandeira, que deve ser respeitada
por todos os cidadãos. São os símbolos nacionais que nos identificam como
nação, como pessoas que compartilham uma mesma terra e uma mesma língua. Não
poderia ser diferente para os habitantes dos céus. O Senhor como nossa bandeira
deixa evidente que não somos daqui (somo peregrinos e forasteiros) e que
possuímos uma linguagem dos céus (falamos a linguagem de Deus).
YHWH Shalom - o Senhor é paz
“Então,
Gideão edificou ali um altar ao SENHOR e lhe chamou de O SENHOR É Paz” (Juízes
6.24, grifo nosso). Somente ele pode trazer a paz que todos desejam, porque ele
é a paz.
YHWH Raah - o Senhor é o meu pastor
“O
SENHOR é o meu pastor; nada me faltará” (Salmos 23.1, grifo nosso). Quão bom é
saber que ele é o pastor, que provê pastos verdejantes para suas ovelhas.
YHWH
Tsidikenu - Senhor justiça nossa
“Nos
seus dias, Judá será salvo, e Israel habitará seguro; será este o seu nome, com
que será chamado: SE- NHOR, Justiça Nossa” (Jeremias 23.6, grifo nosso). É Ele
quem justifica os seus, por meio de seu filho Jesus. “Mas vós sois dele, em
Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e
santificação, e redenção” (1 Coríntios 1.30).
YHWHSabaoth - o Senhor dos Exércitos
“Quem
é esse Rei da Glória? O SENHOR dos Exércitos, ele é o Rei da Glória” (Salmos
24.10, grifo nosso). Ele possui milhares de milhares de soldados celestiais à
sua disposição para cumprir seus desígnios.
YHWH Shammah - o Senhor está ali
“Dezoito
mil côvados em redor; e o nome da cidade desde aquele dia será: O SENHOR Está
Ali” (Ezequiel 48.35, grifo nosso). É consolador saber que o Deus transcendente
que criou tudo que há é também imanente, presente com seu povo.
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