sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Doutrina de Deus

CTIEJN
Curso de Teologia da Igreja Evangélica Jesus para as Nações
Nível Básico

Apostila

Doutrina de Deus
Curso de Teologia da Igreja Evangélica Jesus para as Nações
 Nível Básico
Apostila Doutrina de Deus

Organizadores:
Diretor Pr. José Iracet
Profª  Dra. Adriana Röhrig


 




Sumário

Introdução à doutrina de Deus 

UNIDADE 1   A REVELAÇÃO DE DEUS 

UNIDADE 2 OS ATRIBUTOS DE DEUS 

UNIDADE 3 A NATUREZA DE DEUS 

UNIDADE 4  OS NOMES DE DEUS

APÊNDICE 

BIBLIOGRAFIA  


Introdução

Como podemos conhecer a Deus? 
Somente podemos conhecê-lo à medida que Ele entra em contato com o homem e se revela. “Porventura, desvendarás os arcanos de Deus ou penetrarás até à perfeição do Todo-Pode- roso? Como as alturas dos céus é a sua sabedoria; que poderás fazer? Mais profunda é eia do que o abismo; que poderás saber? A sua medida é mais longa do que a terra e mais larga do que o mar” (Jó 11.7-9). O uso mais antigo do termo teologia ocorre na filosofia grega, onde é usado primariamente no discurso dos poetas sobre coisas divinas. Strictu sensu, teologia é a doutrina que diz respeito a Deus e seu Reino, sua natureza e vontade, também à sua relação com homem e com o mundo. A doutrina cristã é ímpar, fundamentalmente diferente de todos os outros tipos de doutrina, devido à realidade com a qual ela se sustenta - Deus e sua revelação. Entretanto, essa revelação está aquém da nossa razão, visto que transcende todas as doutrinas humanas. O conhecimento de Deus existe na medida em que há uma autorrevelação, uma auto-manifestação de Deus, isto é, na medida em que há “revelação”. Sendo assim, somente há uma doutrina de Deus (teologia), no sentido exato da palavra, na medida em que o próprio Deus se manifesta e ensina algo sobre si mesmo. É isto que faz a doutrina cristã ser diferente de todas as outras doutrinas, pois a origem e o conteúdo deste “ensino” divino (ou doutrina), como também a maneira como é ensinada a manifestação, ou auto-comunicação, partiram do próprio Deus.
Deste modo, a doutrina de Deus é encontrada tanto no Antigo como no Novo Testamento, não sendo duas revelações, mas apenas uma complementando a outra, como registrou o profeta: “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo” (Hebreus 1.1-2). Jesus, o filho de Deus, é o centro da revelação, é o centro da manifestação divina, para a qual todo ensino deve convergir. O Antigo Testamento, em sua totalidade, “projeta” Jesus Cristo e testemunha esse modo preparatório. Já no Novo Testamento, Deus se revelou por meio palpável: “O verbo se fez carne (...) vimos a sua glória (...)” (João 1.14). Aquele de quem os profetas predisseram tomou-se manifesto - Emanuel, Deus conosco. O próprio Deus, não apenas uma palavra sobre ele, agora está aqui, Ele mesmo presente, falando e agindo. Esta é a principal e a mais profunda mudança ocorrida em todos os tempos, que dividiu os tempos, a história, sendo o tema da mensagem do Novo Testamento apresentada no prólogo joanino: “O verbo se fez carne...”. Isso significa que aquele que apenas poderia ser previamente profetizado em linguagem humana por meio de palavras proféticas agora está presente “em pessoa”. Ele mesmo testifica dizendo: “O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos apalparam...” (1 João 1.1). Portanto, a revelação não é mais uma “palavra”, mas uma “pessoa” que está além e acima de todos os conceitos intelectuais. Em nossos dias há muitos sistemas de pensamentos religiosos e seculares que disputam nossa devoção. Entre as opções religiosas há um grande número de seitas e cultos, além de uma enorme variedade de denominações cristãs. Sendo assim, não basta dizer que “cremos”, mas sim “em que devemos crer”.
A Bíblia dá grande enfoque à doutrina como substância da fé, e dela provém o material para seu conteúdo. Ela é enfática em sua condenação contra o que é falso. Adverte contra as “doutrinas dos homens” (Colossenses 2.2), contra a “doutrina dos fariseus” (Mateus 16.12); contra os “ensinos de demônios” (1 Timóteo 4.1), contra aqueles que ensinam “doutrinas que são preceitos de homens” (Marcos 7.7) e contra os que são “levados ao redor por todo vento de doutrina” (Efésios 4.14). Assim como condena o que é falso, a Bíblia também aconselha a verdadeira doutrina, reputando-a como “boa” (1 Timóteo 4.6), “sã” (1 Timóteo 1.10), “segundo a piedade” (1 Timóteo 6.3), “de Deus” (Tito 2.10) e “de Cristo” (2 João v. 9). A crença correta é essencial e influencia nosso relacionamento com Deus. O escritor aos Hebreus escreveu: “Sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se toma galardoador dos que o buscam” (Hebreus 11.6 ). O estudo sistemático da Palavra de Deus é importante tendo em vista que hoje se valoriza mais a experiência do que a verdade. Quantos hoje estão distantes da verdade divina por crer incondicionalmente em um líder religioso. Resistem a qualquer comentário corretivo ou cauteloso, deleitando-se com sentimentos subjetivos produzidos por clichês ou lendas, recusando-se a submeter suas crenças a uma avaliação. A característica principal aqui é o apego a tradições orais sem substâncias. Há uma enorme diferença entre ouvir falar de alguém e conhecê-lo pessoalmente. Ouvir falar de alguém é apenas saber que ele existe, entretanto conhecer alguém pessoalmente significa muito mais. Sendo assim, reconhecemos a necessidade de conhecer um pouco mais sobre teologia sistemática.
Buscaremos entender o que é a doutrina de Deus, partindo do principio básico de que Deus existe, que Ele se revelou e tem deixado sua revelação à disposição da raça humana, principalmente por meio de sua Palavra, a Bíblia. Vamos tratar da Divindade de Deus, de suas qualidades divinas, que separam Deus dos homens e marcam a diferença e a distância entre o Criador e suas criaturas, como sua existência própria, sua infinitude, sua eternidade, sua imutabilidade. Trataremos dos poderes de Deus: sua onisciência, onipotência e onipresença. Estaremos envolvidos com a perfeição de Deus, os aspectos de seu caráter moral que se manifestam em seus atos e palavras; sua santidade, amor, misericórdia, verdade, fidelidade, bondade, paciência e justiça. Descobriremos aquilo que é do seu agrado, o que  O ofende, O que desperta sua ira, O que lhe dá satisfação e alegria.


Unidade 1

A Revelação de Deus

A)  A POSSIBILIDADE DE CONHECER DEUS

A Bíblia declara que “o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1 Coríntios 2.14). Portanto, o homem natural conhece somente aquilo que a razão lhe proporcionou acerca de Deus, não possuindo uma idéia completa de todos os seus planos e desígnios. Por sua vez, as Escrituras afirmam que se pode conhecer a Deus, pois, “havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exta do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder; Ele se revela aos “pequeninos”, isto é, às pessoas suficientemente humildes para acolher a revelação que Ele fez de si mesmo (Mateus 11.25-26). O apóstolo João declara em seu evangelho: “Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, este o fez conhecer” (João 1.18). Embora o homem, sem ajuda, não possa vir a conhecer o Deus infinito, fica evidente que Deus se revelou e pode ser conhecido até 0 ponto que chega a sua autorrevelação.
Com efeito, é essencial que o homem conheça a Deus a fim de experimentar a redenção e ter a vida eterna: “E a vida eterna é esta: que conheçam a ti só por único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (João 17.3). Durante esta vida podemos e devemos conhecer Deus até o ponto necessário para a salvação, confraternização, serviço e maturidade, mas na glória passaremos a conhecê-lo mais plenamente: “Porque, agora, vemos por espelho em enigma; mas, então, veremos face a face; agora, conheço em parte, mas, então, conhecerei como também sou conhecido” (1 Coríntios 13.12). Como disse Agostinho de Hipona, o grande pensador do Ocidente: “Todo aquele que ler estas explanações, quando tiver certeza do que afirmamos, caminhe ao nosso lado; quando duvidar como nós, investigue conosco; quando reconhecer que foi seu o erro, venha ter conosco; se o erro for nosso, chame nossa atenção”. Nada alargará mais o intelecto, nada expandirá mais a alma do homem do que a investigação dedicada, ansiosa e contínua do grande tema da Divindade.
 Antes de iniciar a subida de nossa montanha, precisamos parar e fazer a seguinte pergunta a nós mesmos: qual é o motivo de eu estar ocupando minha mente com essas coisas? O que pretendo fazer com o conhecimento de Deus que irei adquirir? Se procurarmos obter conhecimentos teológicos como um fim em si mesmos, isso provavelmente só nos irá prejudicar, tomando-nos orgulhosos, convencidos e arrogantes ao ponto de nos acharmos superiores aos demais cristãos pelo nosso interesse e compreensão do assunto. E nesse sentido que este sentimento se harmoniza com as palavras do apóstolo Paulo: “O saber ensoberbece, mas o amor edifica” (1 Coríntios 8.1). Que o nosso desejo supremo seja aprender a verdade de Deus com a finalidade de melhor servi-lo e viver de acordo com essa verdade, não com um fim em si mesmo, mas como meios práticos de aperfeiçoamento da vida e da santidade.

B)  A EXISTÊNCIA DE DEUS

Immanuel Kant escreveu a Crítica da Razão Pura no séc. XVIII e desde então tem sido comum para as pessoas insistir que é impossível provar a existência de Deus. Na verdade, essa afirmação tem se elevado como um dogma na cultura. O pecador que não quer deixar o pecado passa a negar a existência de Deus. Infelizmente, não são poucos os que, do alto de sua sandice, professam não acreditar no Criador. A existência de Deus é algo não somente provado como é inerente à alma humana. Nosso alvo não é dissecar Deus, mas registrar o que as Escrituras ensinam acerca de sua natureza e atributos. A existência de Deus é uma premissa fundamental das Escrituras, que não tecem argumentos para afirmá-la ou comprová-la. O cristão aceita a verdade da existência de Deus primeiramente pela fé, que não é cega, mas baseada em provas, e estas se acham, primariamente, nas Escrituras como a Palavra de Deus inspirada e, secundariamente, na revelação de Deus na natureza. Muito sabiamente, Severino Pedro escreveu: “A ideia de Deus não é uma ideia reservada aos filósofos e aos sábios, nem uma noção moderna, nem um elemento da civilização ocidental. E uma ideia universal, no tempo e no espaço”. Assim, todas as afirmações que fizermos a respeito de Deus terão como fundamento não a vã filosofia, mas a Bíblia Sagrada.
As Escrituras pressupõem a existência de Deus em sua declaração inicial: “No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gênesis 1.1). Ela descreve a Deus não somente como Criador, mas também como sustentador de todas as coisas. Ele revelou gradativamente seu grandioso propósito de redenção através da escolha e direção do povo de Israel na antiga aliança, registrada no Antigo Testamento, e de sua culminação final na pessoa e obra de Jesus Cristo, consumada no Novo Testamento. Desde o primeiro livro da Bíblia até o último, Deus se revelou em atos e palavras, sendo que esta revelação constitui para todos os cristãos a base da crença na existência de Deus, tomando a fé inteiramente razoável.





C)   EVIDÊNCIAS QUE PROVAM A EXISTÊNCIA DE DEUS

O fato de os seres humanos serem limitados, tanto no tempo quanto no espaço, e Deus ilimitado já deixa transparecer a distância entre ambos. Portanto, ninguém poderá conhecer a Deus a menos que Ele se revele, ou seja, a menos que Ele se manifeste aos seres humanos de tal forma que estes possam conhecê-lo e ter comunhão com Ele. Antevendo a dureza do coração do homem, o Criador inspirou o salmista a declarar: “Diz o néscio no seu coração: não há Deus” (Salmos 14.1) e ainda: “Por causa do seu orgulho, o ímpio não investiga; todas as suas cogitações são: Não há Deus” (Salmos 10.4). A incredulidade rejeita, sem investigar, qualquer possibilidade de haver revelação divina, pois o néscio rejeita a Bíblia como revelação divina e, por conseguinte, não aceita as verdades que ela estabelece. Embora a Bíblia não apresente argumentos em favor da existência de Deus, existem algumas evidências para os que buscam ter certeza de que há um Deus verdadeiro que se revelou ao mundo. Deus se revelou de maneira progressiva e diversificada, isto é, na medida do tempo.
Para nosso estudo podemos dividir a revelação de Deus em geral e especial.

A)           REVELAÇÃO GERAL é aquela de modo não proposital que Deus faz às pessoas, por meio de várias manifestações, mediante as quais elas podem chegar ao seu conhecimento. Essa revelação se dá de duas maneiras: pelo testemunho interno e pelo testemunho externo. Pelo testemunho interno, o espírito do homem testifica a crença na existência de um ser divino superior, fazendo com que o ser humano seja um ser religioso por natureza. Em todas as culturas, em todos os tempos e lugares, os homens vêm crendo na existência de uma realidade superior a si mesmos e até em algo superior à raça humana.
Pelo testemunho externo, a revelação geral apresenta os atributos invisíveis de Deus, porém isso não é suficiente para a salvação. Entretanto, ela alerta o homem quanto a sua necessidade de crer em Deus, servindo conjuntamente para condená-lo caso rejeite essa revelação. A revelação geral pode ser percebida por meio da:

1) Natureza - O tamanho da Terra e a sua gravidade correspondente sustêm uma camada fina de nitrogênio e oxigênio que se estende, em sua maioria, até uns 80 quilômetros acima da superfície da Terra. Se a Terra fos- se menor, a existência de uma atmosfera seria impossível, como ocorre no planeta Mercúrio; se fosse maior, sua atmosfera conteria hidrogênios livres, como em Júpiter. A Terra é o único planeta conhecido que é provi- do de uma atmosfera com a mistura na medida exata de gases para sustentar vida humana, animal e vegetal. Ela fica a uma distância ideal do sol, a fim de evitar 0 calor escaldante e o frio extremo. Sua inclinação de 23° é exata. Se a Terra fosse um pouco mais distante do sol, nós todos congelaríamos; um pouco mais perto e nós nos queimaríamos. Até mesmo uma variação fracionária da posição da Terra em direção ao sol tomaria a vida impossível no planeta. A Terra mantém sua distância perfeita do sol enquanto gira em tomo dele numa velocidade de aproximadamente 107.825 km/h. Também gira em tomo de seu próprio eixo, permitindo que toda a superfície seja apropriadamente aquecida e refrescada todos os dias. Nossa lua tem o tamanho perfeito e está à distância exata da Terra por causa da força da gravidade. A lua cria movimentos importantes nas marés para que as águas não estagnem e ainda impede que os nossos oceanos massivos não inundem os continentes. Outra substância comum é a água. A maior parte das outras substâncias toma-se mais densa quando baixa a temperatura. A água, felizmente, se expande e se toma menos densa quando congelada. Na forma de gelo, a água flutua sobre a superfície de lagos, rios e mares. Se a água, quando em seu estado sólido, se tomasse mais densa e afundasse, muitos rios, lagos e mares jamais se descongelariam, e grande parte da Terra se tomaria glacial e inabitável.

2) História - Milhares de pessoas conhecem a dramática história dos judeus. Alguns dos eventos mais tristes da história da humanidade ocorreram com esse povo; perseguições, privações e vexações fizeram parte do seu cotidiano. Entretanto, esses “heróis” vêm sobrevivendo ao longo dos séculos em ambientes basicamente hostis, muitas vezes em face de severa oposição. Alguém poderia perguntar: por que tudo isso? A resposta se encontra nas Escrituras. A este povo Deus se revelou, estabelecendo alianças, começando com o patriarca Abraão, passando por Moisés, pelos profetas e consumando-se com a vinda do Messias. Portanto, a história dos judeus nem sempre é uma leitura agradável, mas é um grande testemunho da revelação de Deus na história. A Bíblia é o principal acesso à história do antigo Israel, e para alguns períodos até mesmo o único.

B) A REVELAÇÃO ESPECIAL é aquela por meio da qual o homem reconhece e aceita a revelação que Deus fez de si mesmo, através da Bíblia, por meio do seu Espírito Santo na pessoa de Jesus Cristo. “E, mesmo depois de Deus ter- se revelado objetivamente, não é a razão humana que descobre Deus, mas é Ele que se descerra aos olhos da fé.”







Unidade 2

OS ATRIBUTOS DE DEUS

O homem não pode extrair o conhecimento de Deus como faz com outros objetos de estudo. Entretanto, Deus, por meio de sua Palavra, bondosamente transmitiu as informações necessárias ao homem, de modo que este somente pode aceitá-las e assimilá-las. Penetrar nos atributos de Deus é uma tarefa seríssima, devido ao termo “atributo” não ser ideal para retratar suas características. Sendo Deus um ser infinito, faz com que seja impossível que qualquer criatura o conheça exatamente como Ele é, mas por meio das Escrituras Ele revelou as perfeições e excelências da sua natureza que considera essenciais para nossa redenção, adoração e comunhão. Portanto, é nas Escrituras inspiradas e somente nelas que encontramos registradas as características qualitativas e quantitativas próprias de seu ser. Desta maneira podemos dizer que os atributos de Deus são aquelas características essenciais, permanentes e distintivas que podem ser afirmadas a respeito do seu Ser, encontradas nas Escrituras, inseparáveis de sua natureza e que condicionam seu caráter.
Várias denominações têm sido propostas quanto às divisões dos atributos. Uns falam de atributos naturais e atributos morais. Os primeiros, como auto-existência, simplicidade, infinidade etc.; os últimos, como verdade, bondade, misericórdia, justiça, santidade etc. Outros preferem falar de atributos absolutos e relativos. Os primeiros estão relacionados à autoexistência, imensidade e eternidade; os últimos são representados pela onipresença e onipotência. Outros ainda falam de atributos imanentes ou intransitivos e emanentes ou transitivos. Os primeiros referem-se à imensidade, simplicidade, eternidade etc.; os últimos são representados pela onipotência, benignidade, justiça etc. Por fim, a mais usada é a divisão entre atributos incomunicáveis e comunicáveis. Os primeiros são aqueles que Deus não compartilha com suas criaturas, como asseidade, imensidade, eternidade etc.; os últimos são aqueles que Deus compartilha em parte com suas criaturas, como poder, bondade, retidão etc., todavia tais discrepâncias são irrelevantes, não alteram o propósito final, a salvação. Adotaremos esta última classificação, sem desconsiderar as demais, por motivo de conveniência e de fácil assimilação.

A)   ATRIBUTOS INCOMUNICÁVEIS

Os atributos incomunicáveis são aquelas características qualitativas do Supremo Ser que Ele não compartilha com nenhuma de suas criaturas.

1)    Autoexistência

Consiste naquele atributo divino fundamental e exclusivo, segundo o qual o Deus Eterno não depende de nada, fora de si, para existir. Deus não precisa de ninguém para nada! Ele é autoexistente. Segundo Berkhof, a ideia de autoexistência “era geralmente expressa pelo termo aseitas (asseidade), significando auto-originado, mas os teólogos reformados em geral o substituíram pela palavra independentia (independência), expressando com ela não somente que Deus é independente em seu Ser, mas também que é independente em tudo mais...”. Como Deus autoexistente, Ele não é apenas independente, mas também faz tudo depender dele. A Bíblia declara por toda a parte que Deus é um Ser absoluto, no sentido de ser existente em si mesmo, independente, imutável, eterno e sem limitação nem relação necessária com algo fora dele mesmo (Êxodo 3.14; João 5.26). Na qualidade de Ser infinito, absolutamente independente e eterno, Deus está acima da possibilidade de mudanças. Ele não depende de nada que lhe seja alheio, mas faz todas as coisas dependerem dele, sendo auto- existente, tendo existência própria.

2) Único

Deus é único, não existe ninguém igual a ele, fora dele. A Bíblia Sagrada diz explicitamente que existe um único Deus: “Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR” (Deuteronômio 6.4). Entretanto, este único Deus subsiste eternamente manifesto em três pessoas, distintas, mas iguais em poder, glória e majestade. Os termos ortodoxos usados para descrever tal magnitude foram ousía e hypostasis, o primeiro para denotar a natureza da divindade, e o outro as propriedades dos três.

3) Imutabilidade

 A imutabilidade de Deus é a perfeição pela qual não há mudança em seu Ser, em seus planos e propósitos, em seu discurso e em suas promessas. Tudo debaixo do sol muda e passa; Deus, porém, não muda. Ele é e há de ser eternamente o mesmo, pois é infinitamente perfeito, e sua perfeição infinita não só impede como também elimina toda alteração. Assim, Deus é absolutamente imutável em sua essência e atributos, “ele é exaltado acima de tudo quanto há, e é imune de todo acréscimo ou diminuição e de todo desenvolvimento ou decadência em seu Ser e em Suas perfeições”. Seu conhecimento e poder nunca podem ser maiores nem menores. Ele nunca pode ser mais sábio ou mais santo, nem mais justo ou mais misericordioso do que sempre foi e sempre será. A imutabilidade de Deus é clara- mente ensinada em passagens da Escritura como:
“Disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós outros” (Êxodo 3.14).
“Eles perecerão, mas tu permaneces; todos eles envelhecerão como uma veste, como roupa os mudarás, e serão mudados” (Salmos 102.26).
“Quem fez e executou tudo isso? Aquele que desde o princípio tem chamado as gerações à existência, eu, o SENHOR, 0 primeiro, e com os últimos eu mesmo” (Isaías 41.4).
“Dá-me ouvidos, ó Jacó, e tu, ó Israel, a quem chamei; eu sou o mesmo, sou o primeiro e também o último” (Isaías 48.12).
“Porque eu, o SENHOR, não mudo; por isso, vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos” (Malaquias 3.6).
“Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança” (Tiago 1.17).

4) Eternidade

Não estamos acostumados com este termo eternidade, pois medimos nossa existência pelo tempo. A forma usada pela Bíblia para descrever a eternidade de Deus ultrapassa nossa capacidade de conhecimento. Ele não teve princípio nem terá fim, “de eternidade a eternidade, tu és Deus” declaram as Escrituras (Salmos 90.2). Nunca houve um tempo em que Ele não existisse. É impossível dar um exemplo de ser eterno porque não há nada nem ninguém como Ele no universo. Ele criou tudo. O Antigo e o Novo Testamento são ricos em palavras que descrevem o tempo e a eternidade. As Escrituras declaram sua eternidade:

“O Deus eterno é a tua habitação e, por baixo de ti, estende os braços eternos...” (Deuteronômio 33.27).
“Ao Rei eterno, imortal, invisível, Deus único, honra e glória pelos séculos dos séculos. Amém!” (1 Timóteo 1.17).
“O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida (e a vida se manifestou, e nós a temos visto, e dela damos testemunho, e vo-la anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada)... “ (1 João 1.1-2).
“Também sabemos que o Filho de Deus é vindo e nos tem dado entendimento para reconhecermos o verdadeiro; e estamos no verdadeiro, em seu Filho, Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1 João 5.20).

e) Onipresença

Essa palavra denota a imensidade de Deus em todo o Universo. A palavra “onipresença” deriva dos vocábulos latinos, omnis, “tudo”, e praesum, “estar próximo ou presente” em qualquer lugar. Através desse atributo Deus está presente em todos os lugares ao mesmo tempo. Severino Pedro declara que “Deus é infinito, sem fronteiras ou limites tanto quanto ao seu Ser como quanto aos seus atributos, e cada aspecto e elemento de sua natureza é infinito. Essa natureza infinita, em relação ao tempo, é chamada eternidade, e em relação ao espaço é chamada onipresença”. Deus tem presença infinita (onipresença) conforme declaram as Escrituras:

“Acaso sou Deus apenas de perto, diz o Senhor, e não também de longe? Ocultar-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? Diz o Senhor; porventura não encho eu os céus e a terra? Diz o Senhor” (Jeremias 23.23-24).
“Mas, de fato, habitaria Deus na terra? Eis que os céus e até o céu dos céus não te podem conter” (1 Reis 8.27).
“Quem seria capaz de lhe edificar a casa, visto que os céus e até os céus dos céus o não podem conter?” (2 Crônicas 2.6).
“Os olhos do SENHOR estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons” (Provérbios 15.3).
“Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mateus 18.20).
”O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas. Nem é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse; pois ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais; de um só fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação; para buscarem a Deus se, porventura, tateando, o possam achar, bem que não está longe de cada um de nós” (Atos 17.24-27).

f) Onisciência

A palavra “onisciência” se deriva das palavras latinas omnis, “tudo”, e scientia, conhecimento. Por meio desse atributo Deus torna evidente sua infinita sabedoria, todavia ninguém jamais pode sondar “a profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus” (Romanos 11.33). As Escrituras ensinam que Deus detém toda compreensão e sabedoria. Quão consolador é para o cristão ter a convicção de que seu Deus sabe de tudo, toda ocorrência que envolva alegria e tristeza, dor ou prazer, adversidade ou prosperidade, sucesso ou fracasso, vitória ou derrota. Deus tem conhecimento infinito (onisciência), conforme declaram as Escrituras:

“Grande é o Senhor nosso e mui poderoso; o seu entendimento não se pode medir” (Salmos 147.5).
“...ouve tu nos céus, lugar da tua habitação, perdoa, age e dá a cada um segundo todos os seus caminhos, já que lhe conheces o coração, porque tu, só tu, és conhecedor do coração de todos os filhos dos homens...” (1 Reis 8.39).
“Ai dos que escondem profundamente o seu propósito do SENHOR, e as suas próprias obras fazem às escuras, e dizem: Quem nos vê? Quem nos conhece? Que perversidade a vossa! Como se o oleiro fosse igual ao barro, e a obra dissesse do seu artífice: Ele não me fez; e a coisa feita dissesse do seu oleiro: Ele nada sabe” (Isaías 29.15-16).
“Porque os meus olhos estão sobre todos os seus caminhos; ninguém se esconde diante de mim, nem se en- cobre a sua iniqüidade aos meus olhos” (Jeremias 16.17).

g) Onipotência

 A palavra “onipotência” deriva dos termos latinos omnis e potentia, que juntas significam “todo poder”. Esse atributo significa que seu poder é ilimitado, que Ele pode fazer qualquer coisa que esteja em harmonia com sua natureza sábia, justa e santa. Este atributo não significa que Deus fará aquilo que é incoerente; Deus não é deus de coisas absurdas, mas Deus das coisas impossíveis (Mateus 19.26; Marcos 10.27). Este atributo também é outra fonte de consolação para os cristãos, saber que não existe ninguém acima dele, a quem Ele possa se reportar. Não tendo ninguém superior a Ele, quando fez a promessa a Abraão, “visto que não tinha ninguém superior por quem jurar, jurou por si mesmo” (Hebreus 6.13). Deus tem poder infinito (onipotência), conforme declaram as Escrituras:

“Eis que eu sou o SENHOR, o Deus de todos os viventes; acaso, haveria coisa demasiadamente maravilhosa para mim?” (Jeremias 32.27).
“Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado” (Jó 42.2).
“Pois quem nos céus é comparável ao SENHOR? Entre os seres celestiais, quem é semelhante ao SENHOR? Deus é sobremodo tremendo na assembleia dos santos e temível sobre todos os que o rodeiam. O SENHOR, Deus dos Exércitos, quem é poderoso como tu és, SENHOR, com a tua fidelidade ao redor de ti?!” (Salmos 89.6-8).
“Ninguém há semelhante a ti, ó SENHOR; tu és grande, e grande é o poder do teu nome. Quem te não temeria a ti, ó Rei das nações? Pois isto é a ti devido; porquanto, entre todos os sábios das nações e em todo 0 seu reino, ninguém há semelhante a ti. Mas o SENHOR é verdadeiramente Deus; ele é o Deus vivo e o Rei eterno; do seu furor treme a terra, e as nações não podem suportar a sua indignação. O SENHOR fez a terra pelo seu poder; estabeleceu o mundo por sua sabedoria e com a sua inteligência estendeu os céus” (Jeremias 10.6-7, 10, 12).
h) Perfeito

Segundo o dicionário Aurélio, perfeito é o que “reúne todas as qualidades concebíveis”. É quase impossível pensar no Criador, que é ao mesmo tempo justo e amoroso, santo e misericordioso, juiz eterno, onisciente, onipresente e onipotente, como outra coisa além de perfeito. Ele não precisa aperfeiçoar-se; ele é a perfeição das perfeições. Há passagens nas Escrituras que fortalecem esse conceito de “completo”, “pleno”. Por exemplo, Jesus nos diz: “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus” (Mateus 5.48). Não resta dúvida de que Deus possui de forma completa todos os atributos inerentes ao seu Ser.

i) Espírito

 “Deus é Espírito” foi a declaração que Jesus deu à mulher samaritana quando esta lhe perguntou onde seria o melhor local para adorar a Deus. Com essa resposta Ele demonstrou claramente a personalidade do Espírito de Deus, contrariando a opinião de alguns que imaginavam que o Espírito de Deus fosse apenas alguma influência ou emanação divina. Como o espírito não está sujeito à matéria, não possui um corpo de carne e osso, portanto não sofre as limitações do corpo físico (Lucas 24.39). Paulo declarou que “o Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas” (Atos 17.24). A Bíblia dá alguns aspectos sobre “espírito”, sem defini-lo, como imortal, invisível, eterno (1 Timóteo 1.7).

B)  ATRIBUTOS MORAIS OU COMUNICÁVEIS

Assim como os atributos incomunicáveis distinguem o absoluto Ser de Deus, os atributos comunicáveis tomam visível sua natureza pessoal. E por meio dos atributos comunicáveis que Deus se manifesta como ser moral, consciente, inteligente e livre, como ser pessoal no mais alto sentido da palavra. Muitas características do Deus único e verdadeiro, especialmente seus atributos morais, têm certa similitude com as qualidades humanas; porém, é evidente que todos os seus atributos existem em grau infinitamente superior aos humanos. Por terem sido compartilhados até certo ponto com o homem remido e se referirem ao caráter e à conduta, preferimos aqui denominá-los de atributos morais mais compartilhados. Todos eles falam da bondade de Deus e de seu relacionamento com o homem. Dentre os atributos morais de Deus, os mais conhecidos são:

a)    Sabedoria
Deus conhece o fim das coisas, ou seja, suas decisões são perfeitas. Ele é infinitamente sábio, e sua sabedoria é em algum grau compartilhada aos homens, mas nunca plenamente. Podemos pedir sabedoria a Deus porque ele prometeu em sua Palavra: “E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não o lança em rosto; e ser-lhe-á dada” (Tiago 1.5). Essa sabedoria, ou habilidade vinda dos céus, é para o melhor desempenho na vida espiritual. A Bíblia afirma a sabedoria de Deus em diversos lugares:
“Ele é sábio de coração e grande em poder; quem porfiou com ele e teve paz?” (Jó 9.4).
“Com Deus está a sabedoria e a força; ele tem conselho e entendimento” (Jó 12.13).
“Que variedade, SENHOR, nas tuas obras! Todas com sabedoria as fizeste; cheia está a terra das tuas riquezas” (Salmos 104.24).

b)    Santidade
A santidade de Deus proporciona o padrão a ser imitado. Ele é absolutamente isento de pecado e perfeitamente justo. Sua santidade comprova sua absoluta pureza moral; ele não pode pecar nem tolera o pecado. Por meio deste atributo, elimina qualquer possibilidade do panteísmo, haja vista que ele está no céu e o homem na terra; ele é perfeito e o homem imperfeito; ele é divino e o homem é humano. Entretanto, foi Ele e não o homem que desejou reatar a comunhão que se havia interrompida.
A santidade é atributo que mantém a distinção entre o Criador e suas criaturas. A Bíblia está repleta de descrições de Deus em sua santidade, bem como de exortação para que todo aquele que dele se aproxime seja santo:

“Eu sou o SENHOR, vosso Deus; portanto, vós vos consagrareis e sereis santos, porque eu sou santo” (Levítico 11.44).
“Fala a toda a congregação dos filhos de Israel e dize-lhes: Santos sereis, porque eu, o SENHOR, vosso Deus, sou santo” (Levítico 19.2).
“Não podereis servir ao SENHOR, porquanto é Deus santo, Deus zeloso, que não perdoará a vossa transgressão nem os vossos pecados” (Josué 24.19).
“Pois tu não és Deus que se agrade com a iniquidade, e contigo não subsiste o mal” (Salmos 5.4).

c)    Amor
Na sua santidade Deus é inacessível; no seu amor Ele se aproxima de nós. Na sua santidade Deus é transcendente, enquanto que em seu amor ele é imanente. Por transcendência de Deus se entende que Ele está separado de toda sua criação como ser independente e autoexistente. Já por sua imanência se entende sua presença difundida, ou seja, Ele entrando em relação pessoal com aqueles que possuem sua imagem e semelhança, em especial com aqueles que foram purificados pelo sangue de Jesus. O Novo Testamento é categórico ao afirmar que “Deus é amor” (1 João4 .8).
A Bíblia é clara ao expressar a maneira pela qual Deus decidiu buscar “aquele que havia se perdido” (Mateus 18.11). O amor de Deus pode ser definido como aquele atributo divino pelo qual Ele se dá para benefício de outros. E foi isso o que aconteceu. “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (1 João 4.10). Paulo escreveu: “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Romanos 5.8). Para descrever o amor, o grego antigo usava quatro palavras diferentes. Destacamos eros, que é o amor físico e sensual; phileo, que é o amor expresso em amizade, afeição, fraternidade; e,  ágape, que é o amor sublime, o amor de Deus. Diga-se desde já que o Antigo Testamento grego usa só duas vezes a palavra eros, enquanto O Novo Testamento nunca a usa; das três palavras gregas relacionadas com o amor, os escritos neotestamentários privilegiam a última, para falar do relacionamento entre Deus e o homem. ‘“Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: em que Deus enviou o seu Filho unigênito ao mundo, para que por meio dele vivamos. Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou, e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados. Amados, se Deus assim nos amou, nós também devemos amar uns aos outros” (1 João 4.8-11).

d ) Justiça (retidão)
Deus é um Deus reto porque age sempre em absoluta conformidade com sua santa natureza e vontade, sendo o padrão do que é certo. Portanto, "como resultado da retidão de Deus, é necessário que ele trate as pessoas de acordo com o que elas merecem. Assim, é necessário que Deus puna o pecado, porque o pecado não merece recompensa; é errado e merece punição". A Bíblia está repleta de descrições da retidão de Deus, bem como de exortações para que todos sejam retos:

“Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti esteja. Não fará justiça o Juiz de toda a terra?" (Gênesis 18.25). “Suas obras são perfeitas, porque todos os seus caminhos são juízo; Deus é fidelidade, e não há nele injustiça; é justo e reto” (Deuteronômio 32.4). “Não falei em segredo, nem em lugar algum de trevas da terra; não disse à descendência de Jacó: Buscai-me em vão; eu, o SENHOR, falo a verdade e proclamo o que é direito” (Isaías 45.19).

d)    Fidelidade
A fidelidade é uma característica que se descobre com o tempo, no relacionamento, em momento de adversidade, de sofrimento etc. Quando as Escrituras afirmam que Deus é fiel, isso significa que Ele é confiável e fiel em suas palavras. Deus jamais irá prometer o que não pretender cumprir, porque “não é homem, para que minta; nem filho de homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele prometido, não o fará? Ou, tendo falado, não o cumprirá?” (Números 23.19). Entretanto, devemos compreender que certas promessas são condicionais, ou seja, fica subordina à obediência da parte receptora; se descumprida, Deus não será infiel; “...se somos infiéis, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo” (2 Timóteo 2.13). A prova cabal de sua fidelidade são suas promessas que se cumpriram de forma literal pronunciadas pelos profetas que falaram em seu nome e hoje por meio de Seu filho.






Unidade 3

a natureza de deus

A)  TRINDADE

O estudo da natureza de Deus por si só desafia a nossa inteira compreensão, entretanto a doutrina da trindade é a maior revelação que o Deus Todo-poderoso trouxe à compreensão humana. Não podemos rejeitar de imediato tal investigação só porque a palavra trindade não se encontra nas Escrituras. Cabe ao pesquisador averiguar os fatos para chegar a uma sentença. Portanto, partiremos do princípio de que a doutrina da trindade é uma verdade até que se prove o contrário. Os pensadores cristãos têm usado o termo trindade para designar a coexistência de três pessoas distintas (o Pai, o Filho e o Espírito Santo) coexistindo em natureza divina. Foi empregada pela primeira vez por Tertuliano de Cartago, na África, já no final do século II d.C., sob a denominação de “trinnitas”. Os grandes volumes comentados das Escrituras (excluída a literatura herética) da qual temos a oportunidade de manusear, que examinaram a doutrina da Trindade, concluíram que essa doutrina está em conformidade com as Escrituras, pois o Pai, o Filho e o Espírito Santo perfazem a unidade divina pela inseparável igualdade de uma única e mesma substância.

A UNIDADE COMPOSTA DE DEUS

A palavra trindade não é das melhores para expressar a revelação progressiva que Deus fez de si mesmo nas Escrituras. Portanto, como bem expressou o professor Stanley Rosenthal, “a palavra trindade foi cunhada a fim de referir-se à pluralidade que há em Deus, ao mesmo tempo em que manteria o pensamento da unidade divina. Foi uma escolha bem intencionada, mas infeliz”. A partir desse momento, utilizaremos à expressão tri-unidade de Deus, ou seja, que Deus é um só em seu Ser e substância eternamente subsistente em três pessoas distintas, revelados como Pai, Filho e Espírito Santo. Muitos acham que a doutrina da tri-unidade de Deus somente é ensinada no Novo Testamento e não no Antigo Testamento. Inúmeras passagens, na lei e nos profetas, convergem a fim de prover-nos uma irrefutável evidência de pluralidade, dentro da unidade de Deus.

EVIDÊNCIAS NO ANTIGO TESTAMENTO

O Antigo Testamento traz uma revelação progressiva da tri-unidade de Deus. Não sabemos o motivo pelo qual o Criador não se manifestou explicitamente ao seu povo, entretanto, desde o primeiro momento em que Ele toma-se manifesto, principalmente por seu nome (Elohim), a tri-unidade já começa a desabrochar. No livro de Gênesis, em sua primeira manifestação no mundo dos mortais, Ele se apresenta com o nome Elohim, (sendo que o nome Elohim no original hebraico é plural, insinuando assim a unidade composta de Deus). Esse nome no plural ocorre 2.498 vezes em todo o Antigo Testamento. Na criação do homem a unidade composta estava presente: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança..." (Gênesis 1.26, grifos nossos). As três pessoas da tri-unidade estão presentes na criação: o Filho criou todas as coisas (João 1.1-3; Colossenses 1.16), assim como o Espírito Santo (Jó 33.4; Salmos 104.30) e o Pai (Provérbios 8.22-30). O que tomaria diferente Gênesis 1.1,2? Ainda nesse mesmo livro lemos: “Então, disse o SENHOR Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal...” (Gênesis 3.22, grifo nosso); da mesma forma encontramos em Gênesis 11.7: "Eia. desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro”. Essas passagens demonstram a unidade composta de Deus; rejeitá-las é rejeitar a revelação de Deus.

EVIDÊNCIAS NO NOVO TESTAMENTO

Com a vinda do Filho de Deus à Terra, seria de esperar que esse grande evento fosse acompanhado do ensino mais explícito a respeito da natureza trinitária de Deus, e foi o de fato aconteceu. E no Novo Testamento que ocorre a revelação mais completa da unidade composta de Deus. As pessoas da tri-unidade divina surgem separadas, dissipando toda e qualquer dúvida que existia. A tri-unidade, que era ensinada por implicação no Antigo Testamento, se toma explícita no Novo Testamento. O Pai, o Filho e o Espírito Santo manifestam-se distintamente no Novo Testamento como o Deus universalmente reconhecido entre os fiéis. No Novo Testamento podemos simplesmente relacionar diversas passagens onde as três pessoas da tri-unidade divina aparecem juntas:
No batismo de Jesus “E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele. E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mateus 3.16-17). Deus Pai fala do céu, ouvindo-se a sua voz; Deus Filho é batizado; e o Deus Espírito Santo desce do céu para pousar em Jesus.
Na grande comissão “Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém!” (Mateus 28.19-20).
Na bênção apostólica “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus. e a comunhão do Espírito Santo sejam com vós todos. Amém!” (2 Coríntios 13.13). Wayne Grudem faz uma distinção merecedora de apreciação ao expor que “os autores do Novo Testamento geralmente usam o nome ‘Deus’ [grego: theos] para referir-se a Deus Pai e o nome ‘Senhor’ [grego: kurios] para referir-se a Deus Filho”.  Sendo assim, em 1 Coríntios 12.4-6 temos evidências da doutrina da tri-unidade: “Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos”. Semelhantemente, em Efésios 4.4-6 se evidencia a distinção das três pessoas da divindade: “Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos, e em todos”.

CADA PESSOA É PLENAMENTE DEUS

Além de as Escrituras demonstrarem que as três pessoas são distintas, o testemunho abundante que elas fornecem é que cada pessoa também é plenamente Deus. Vejamos:

1)           DEUS PAI

Sendo o Eterno um ser infinito, é impossível que qualquer criatura o conheça exatamente como Ele é. No entanto, Ele revelou aquelas perfeições e excelências da sua natureza que considera essenciais para nossa redenção, adoração e comunhão. E nas Escrituras inspiradas que temos a revelação de Deus para nós. O homem não pode extrair o conhecimento de Deus como faz com outros objetos de estudo, mas Deus bondosamente transmite o conhecimento de si ao homem, e este pode apenas aceitá-lo e assimilá-lo. O cristão aceita a verdade da existência de Deus primeiramente pela fé. Mas esta fé não é cega, mas baseada em provas, e estas se acham, primariamente, nas Escrituras como a Palavra de Deus inspirada e, secundariamente, na revelação de Deus na natureza. A Bíblia pressupõe a existência de Deus em sua declaração inicial: “No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gênesis 1.1). Ela não somente descreve a Deus como Criador de todas as coisas, mas também como sustentador de todas elas. Ele revelou gradativamente seu grandioso propósito de redenção através da escolha e direção do povo de Israel na antiga aliança, registrada no Antigo Testamento, e de sua culminação final na pessoa e obra de Cristo, consumada no Novo Testamento.
Em quase todas as páginas das Escrituras Sagradas Deus se revela em atos e palavras, sendo que esta revelação constitui para todos os cristãos a base da crença na existência de Deus, tornando a fé inteiramente razoável. O finito não pode compreender o infinito. Só conhecemos a Deus na medida em que Ele entra em relação conosco. Deus entrou em relação conosco em suas revelações de si próprio e, precipuamente, em Jesus Cristo. A incredulidade rejeita, sem pensar, qualquer possibilidade de haver revelação divina, pois 0 descrente rejeita a Bíblia como revelação divina e, por conseguinte, não aceita aquilo que ela revela e se recusa a crer no Deus da Bíblia. Sendo os seres humanos finitos e Deus infinito, não podemos conhecê-lo, a menos que Ele se revele a nós, ou seja, a menos que Ele se manifeste aos seres humanos de tal forma que estes possam conhecê-lo e ter comunhão com Ele. Desde que o início dos tempos o homem tem procurado descrever ou retratar Deus por meio de figuras, da pintura e da palavra descritiva, mas sempre tem falhado, ficando muito distante de seu alvo. Todavia, Deus nos revelou o necessário de sua natureza essencial para podermos servi-lo e adorá-lo. Sem a revelação o homem nunca seria capaz de adquirir qualquer conhecimento de Deus. E, mesmo depois de Deus ter-se revelado objetivamente, não é a razão humana que descobre Deus, mas é Ele que se descerra aos olhos da fé. Contudo, pela aplicação da razão humana santificada pelo estudo da Palavra, o homem pode, sob a direção do Espírito Santo, obter um sempre crescente conhecimento de Deus. Por fim concluímos com as precisas e preciosas palavras do professor Israel Januário da Fonseca: Ressaltamos que o homem não foi feito à imagem de Deus, em aspecto físico, e sim em caráter e personalidade, capaz de se emocionar, se entristecer, raciocinar, exercer inteligência etc., o que não acontece com o animal irracional, pois tudo quanto faz não o faz por inteligência e sim por instinto. Ainda vale salientar que 0 que caracteriza que o homem não foi feito à imagem e semelhança de Deus em aspecto físico é o fato de que a mulher também consequentemente foi feita à imagem e semelhança de Deus.

2)    DEUS FILHO

Saber quem é Jesus Cristo é algo tão importante quanto 0 que Ele fez. Muitos acreditam que Ele esteve na Terra, fez muitos milagres e muitas outras coisas. A dificuldade para alguns é: quem é Cristo? Que tipo de pessoa Ele é? A Bíblia afirma que ela é a autoridade final na determinação de questões doutrinárias (2 Timóteo 3.16-17). A Palavra de Deus não permite novos ensinamentos que possam alterar seu conteúdo ou fazer-lhe acréscimos. O apóstolo Paulo disse: “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos anunciamos, seja anátema” (Gálatas 1.8).
Ao considerar a divindade de Cristo, a questão não reside em “se é fácil crer nessa divindade, ou mesmo compreendê-la”, mas se ela é ensinada na Palavra de Deus. A Bíblia ensina que Deus não pode ser compreendido pela mente humana (Jó 11.7; 42.2-6; Salmos 145.3; Isaías 40.13; 55.8-9; Romanos 11.33). Sendo assim, devemos permitir que Deus dê a última palavra a respeito de si mesmo, quer possamos ou não compreendê-la inteiramente. A Bíblia ensina que Jesus é Deus: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por meio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (João 1.1-3; 20.28; Tito 2.13; 1 João 5.20).
Jesus Cristo conferiu para si os nomes e títulos dados a Deus no Antigo Testamento e também permitiu que outros assim o chamassem. Quando Jesus reivindicou esses títulos divinos, os principais dos judeus ficaram tão irados que tentaram matá-lo por blasfêmia. Ele reivindicou para si o nome mais respeitado pelos judeus, tido como tão sagrado que eles nem o pronunciavam: YHWH.
Deus revelou pela primeira vez o significado desse nome ao seu servo, depois de haver-lhe perguntado por qual nome deveria chamá-lo: “Disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós” (Êxodo 3.14). “EU SOU” não é a tradução de YHWH. Todavia, trata-se de um derivado do verbo “ser”, do qual também deriva o nome divino YAHWEH (YHWH) em Êxodo 3.14. Portanto, o título “EU SOU O QUE SOU” indicado por Deus a Moisés é a expressão mais plena de seu ser eterno, abreviado no versículo 15 para o nome divino YHWH. A Septuaginta traduziu o primeiro uso da expressão “EU SOU” em Êxodo 3.14 por ego eimi no grego. Em várias ocasiões Jesus empregou o termo ego eimi referindo-se a si mesmo, na forma unicamente usada para Deus. Um exemplo claro está em João 8.57-58: “Perguntaram-lhe, pois, os judeus: Ainda não tens cinquenta anos e viste Abraão? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade eu vos digo: antes que Abraão existisse, EU SOU [ego eimi]. Então, pegaram em pedras para atirarem nele; mas Jesus se ocultou e saiu do templo” (João 8.57-59). Jesus atribuiu esse título a si mesmo também em outras ocasiões. Neste mesmo capítulo Ele declarou: “Por isso, eu vos disse que morrereis nos vossos pecados; porque se não credes que EU SOU [ego eimi], morrereis nos vossos pecados” (João 8.24). Disse ainda: “Quando levantardes o Filho do Homem, então sabereis que EU SOU [ego eimi] e que nada faço por mim mesmo; mas falo como o Pai me ensinou” (João 8.28). Quando os guardas do templo, juntamente com os soldados romanos, foram prendê-lo na noite anterior à crucificação, Jesus perguntou-lhes: “A quem buscais? Responderam-lhe: A Jesus de Nazaré. Disse-lhes Jesus: Sou eu [ego eimi], Quando Jesus lhes disse: Sou eu [ego eimi], recuaram e caíram por terra” (João 18.4-6).
Não resta dúvida quanto a quem os líderes judaicos pensavam que Jesus estava proclamando ser. Fica, portanto, bem claro que, na mente daqueles que ouviram essa afirmação, não havia qualquer dúvida de que Jesus tivesse dito perante eles que Ele era Deus. Essas afirmações foram consideradas blasfêmias pelos líderes religiosos, e resultaram em sua crucificação “porque se fez filho de Deus” (João 19.7). Diante do exposto, o estudo da pessoa de Cristo se reveste de congruência por causa da relação vital que Ele sustém com o cristianismo. Concluímos que durante esta vida podemos e devemos conhecer Deus até o ponto necessário para a salvação, confraternização, serviço e maturidade, mas na glória do céu passaremos a conhecê-lo mais plenamente... Assim, pois, de forma bem real, o estudo da vida de Jesus Cristo e sua importância é, ao mesmo tempo, uma sondagem na significação da nossa existência e uma previsão de nosso destino. Por certo todos nós deveríamos nos interessar nessa inquirição.

3)    DEUS ESPÍRITO SANTO

O Espírito Santo é identificado na Bíblia como a terceira pessoa da tri-unidade, igual ao Pai e ao Filho. Ele é eterno, onipotente, onisciente e onipresente (Mateus 28.19). Várias referências ao Espírito Santo são intercambiáveis com referências a Deus. Nas Escrituras toma-se manifesto que o Espírito Santo é uma pessoa com atributos divinos e, portanto, Deus.
 Ao atribuir-lhe personalidade, verificamos que Ele não é uma força ou influência exercida por Deus, mas um ser pessoal, inteligente, com vontade e determinação própria. Esses atributos não se referem às mãos, pés ou olhos, pois essas coisas denotam corporeidade. Entretanto, Deus é Espírito, sem necessidade de corpo material. Identifica-se como pessoa alguém que manifesta qualidades como conhecimento, sentimento e vontade, que indicam personalidade. As atribuições que a Palavra de Deus lhe dá evidenciam que o Espírito Santo é uma pessoa:
- Ele sonda as coisas profundas de Deus Pai: “O Espírito sonda todas as coisas, até mesmo as coisas mais profundas de Deus” (1 Coríntios 2.10);
- Ele fala: “.. .pois não serão vocês que estarão falando, mas o Espírito do Pai de vocês falará por intermédio de vocês” (Mateus 10.20; Atos 8.39; Atos 10.19-20; Atos 13.2; Apocalipse 2.7);
- Ele ensina: “Quando vocês forem levados às sinagogas e diante dos governantes e das autoridades, não se preocupem com a forma pela qual se defenderão, ou com o que dirão, pois naquela hora o Espírito Santo lhes ensinará o que deverão dizer” (Lucas 12.12; João 14.26; 1 Coríntios 2.13);
- Ele conduz e guia: “Mas quando o Espírito da verdade vier ele os guiará a toda a verdade. Não falará de si mesmo; falará apenas o que ouvir, e lhes anunciará o que está por vir” (João 16.13; Romanos 8.14);
- Ele intercede: “Da mesma forma o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações conhece a intenção do Espírito, porque o Espírito intercede pelos santos de acordo com a vontade de Deus” (Romanos 8.26-27);
- Ele dispensa dons: “A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito, visando ao bem comum. Pelo Espírito, a um é dada a palavra de sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra de conhecimento; a outro, fé, pelo mesmo Espírito; a outro, dons de curar, pelo único Espírito; a outro, poder para operar milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a outro, variedade de línguas; e ainda a outro, interpretação de línguas. Todas essas coisas, porém, são realizadas pelo mesmo e único Espírito, e ele as distribui individualmente, a cada um, como quer” (1 Coríntios 12.7-11);
- Ele chama homens para o seu serviço: “Enquanto adoravam o Senhor e jejuavam, disse o Espírito Santo: Separem-me Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado” (Atos 13.2; Atos 20.28);
- Ele se entristece: “Não entristeçam o Espírito Santo de Deus, com o qual vocês foram selados para o dia da redenção” (Efésios 4.30);
- Ele dá ordens: “Paulo e seus companheiros viajaram pela região da Frigia e da Galácia, tendo sido impedidos pelo Espírito Santo de pregar a palavra na província da Ásia. Quando chegaram à fronteira da Mísia, tentaram entrar na Bitínia, mas o Espírito de Jesus os impediu” (Atos 16.6-7);
- Ele ama: “Recomendo-lhes, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito, que se unam a mim em minha luta, orando a Deus em meu favor” (Romanos 15.30);
- Ele pode ser resistido: “Povo rebelde, obstinado! De coração e de ouvidos! Vocês são iguais aos seus antepassados: sempre resistem ao Espírito Santo!” (Atos 7.51).
A palavra hebraica para Espírito é mach, que pode ser traduzida por “Espírito de Deus”, “Espírito de YAHWEH”, “teu Espírito”, “Espírito Santo”, “espírito do homem”, “vento”, “sopro” e “respiração”. A Septuaginta traduziu ruach pela palavra grega pneuma, que é um substantivo neutro. Logo, Ele não pode ser considerado uma mulher (como afirma o Reverendo Moon). Ele é revelado com sua própria individualidade (2 Coríntios 3.17-18; Hebreus 9.14; 1 Pedro 1.2). O Espírito Santo é uma pessoa divina como o Pai e o Filho, como afirmam as Escrituras: “...para que mentiste ao Espírito Santo, retendo parte do preço da propriedade?... Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus” (Atos 5.3-4). Logo, não é mera influência ou força ativa. E mais ainda, há certos atributos que pertencem somente a Deus. Esses atributos divinos são conferidos também ao Espírito Santo. Como Deus Pai e Deus Filho, o Espírito Santo é membro da divindade. Historicamente os arianos, sabelianos e socianos consideravam como uma força que vem do Deus eterno, mas esses grupos sempre foram condenados pela Igreja primitiva. Mais recentemente, Schleiermacher, Ritschl, os unitários, os modemistas e todos os sabelianos modernos, entre outros, rejeitam a personalidade do Espírito Santo.

Vejamos os atributos da divindade no Espírito Santo, revelados nas Escrituras:

a) E onipotente (Zacarias 4.6; Romanos 15.19);
b) É onipresente (Salmos 139.7-8);
c) É onisciente (1 Coríntios 2.10-11);
d) É eterno (Hebreus 9.14);
e) É criador (Jó 26.13; 33.4; Salmos 104.30);
f) E a verdade (1 João 5.6);
g) É o Senhor da Igreja (Atos 20.28);
h) É chamado de Yahweh (Juizes 15.14 comparado com 16.20; Êxodo 17.7 comparado com Hebreus 3.7-9);
i) Dá vida eterna (Gálatas 6.8);
j) É o santificador dos fiéis (Romanos 15.16; 1 Pedro 1.2);
k) Habita nos fiéis (João 14.17; Romanos 8.11; 1 Coríntios 3.16; 6.19; 2 Timóteo 1.14).

É vital para a fé de todo crente estudar o que ensina a Bíblia sobre o Espírito Santo e as suas obras, conforme revelado nas Escrituras e experimentado na vida da Igreja hoje. A questão não é, portanto, saber como podemos possuir mais do Espírito Santo para fazermos o nosso trabalho, mas, ao contrário, como o Espírito Santo pode possuir mais de nós para realizar a sua obra de transformação do mundo.










unidade 4

nomes de deus

El - ) א ל( Deus)

El é o nome mais conhecido entre os povos de língua semita para se referir à divindade. Esse nome se encontra no singular, ocorre cerca de 250 vezes na Bíblia e parece significar “aquele que vai adiante ou começa as coisas”.20 Na maioria das vezes aparece sozinho, porém também foi combinado com outras palavras para formar um termo composto com o significado de deidade, ou para de alguma maneira identificar a natureza e ofício de “Deus”. Os significados principais deste termo El, conforme apresentados nas Escrituras, são “deus”, para divindades falsas, “Deus”, para o verdadeiro e único Deus, e de modo menos frequente “o poderoso”, referindo-se aos homens ou anjos. El é o nome mais usado na Bíblia para mencionar as divindades pagãs, mas aparece também com relação ao Deus de Israel e também com seus atributos, a saber:

a) El Berit- Deus que faz aliança ou pacto (Gênesis 31.13; 35.1-3);
b) El Olam - Deus Eterno. Foi com este nome que Abraão invocou seu Deus em Berseba (Gênesis 21.33). E também com esse nome que o profeta Isaías denomina o Deus de Israel (Isaías 40.28);
c) El Sale’i - Oqüs é minha rocha, o meu refúgio (Salmos 42.9-10);
d) El Ro’i - Deus da vista. Assim foi Deus chamado por Agar, e é também mais um nome de Deus (Gênesis 16.13);
e) El Nosse - Deus de compaixão (Salmos 99.8);
f) EL Qana - Deus zeloso (Êxodo 20.5; 34.14);
g) El Ne ’eman - Deus de graça e misericórdia (Deuteronômio 7.9).
h) El-Elyon - Deus Altíssimo
O nome Elyon (Nwyle) é um adjetivo que se deriva do verbo hebraico Aláh, que significa “subir, mais ele- vado, superior, no ponto mais alto”. E usado para coisas: “Que está na outra extremidade do aqueduto do açude  - על,!]( roirepusElyon), junto ao caminho do campo do lavandeiro” (Isaías 7.3); para Israel, favorecido acima de  - em louvor, renome e glória sobre todas as nações que fez e para que sejas povo santo ao SENHOR, teu Deus, como tem dito” (Deuteronômio 29.16); e quando aplicado para Deus, designa-o como o alto, o excelente, o Deus Glorioso. Ocorre sozinho (Deuteronômio 32.8) ou em combinação com outros nomes de Deus, mais frequentemente com El (Gênesis 14.18; Salmos 78.35), mas também com Yahweh (Salmos 7.17; 97.9), ou com Elohim (Salmos 56.2). Sua primeira aparição foi no encontro de Melquisedeque com Abraão (Gênesis 14.18).



NOMES ESPECÍFICOS DE DEUS

 Se os nomes genéricos podem ser usados tanto para o Deus verdadeiro como também para as divindades falsas, os nomes específicos de Deus jamais serão invocados para outras divindades. Os nomes específicos de Deus são aqueles que nas Escrituras só aparecem aplicados ao Deus verdadeiro. Portanto, os nomes específicos de Deus trazem por si só temor, reverência, devoção. São eles: El Shadday, Adonay, YHWH e YHWH dos Exércitos.

Shadday -  Várias hipóteses têm sido levantadas com relação ao termo shadday. Uma delas defende que ele está associado com 0 verbo hebraico shadad, "destruir”, sugerindo a idéia de “meu destruidor”. Outra corrente entende que se deve identificá-lo com o vocábulo acadiano sadu, “montanha”. Sendo assim, a tradução de EI Shadday seria “Deus de montanha”. Para Esequias Soares, “o nome hebraico Shadday é derivado de Shadad, que significa ‘ser poderoso, forte e potente’; mas há quem afirme que essa palavra seja derivada do verbo hebraico Shade7 que quer dizer: ‘alimentar-. Tanto a primeira quanto a segunda são inerentes à natureza divina: Deus é o Todo-poderoso e também dá a vida, alimenta e toma frutuoso”.24 Como título divino, shadday aparece 48 vezes no Antigo Testamento. Na maioria das vezes aparece no livro de Jó (31 vezes).

Adonai — Senhor Com a chegada da Lei. A Lei era explícita: “Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão, porque o SENHOR não terá por inocente 0 que tomar o seu nome em vão” (Êxodo 20.7); "Aquele que blasfemar o nome do SENHOR será morto; toda a congregação o apedrejará; tanto o estrangeiro corno o natural, blasfemando o nome do SENHOR, será morto” (Levítico 24.16). Para que ninguém corresse o perigo de blasfemar do nome divino, todas as vezes que houvesse necessidade de pronunciar esse nome, os judeus poderiam pronunciar de outra forma, ou seja, poderiam usar Adonay ou Hashem, nunca o tetragrama. A Septuaginta traduziu Adonai e o tetragrama pela palavra grega kuriov (kiirios), que é “Senhor”, o nome divino.

YHWH - traduzido por Senhor
O tetragrama é o nome divino que ocorre com mais frequência no Antigo Testamento, 5.321 vezes, sendo escrito por quatro consoantes: yod. he. vav, he (o alfabeto hebraico não possui vogal). Não sabemos realmente como os judeus pronunciavam o nome, pois este tomou-se impronunciável pelos hebreus desde o período inter-testamentário, devido à ordem divina proibindo que se tomasse o nome do Senhor (YHWH) em vão. Assim, os judeus temiam e temem pronunciar o tetragrama, substituindo-o na leitura pela palavra Adonai ou “O Nome”.



NOMES COMPOSTOS DE DEUS

Nas Escrituras encontramos o nome de Deus ligado a outros termos que o identificam e tomam específica essa relação. Quando assim procedia revelava algum aspecto a mais do seu caráter, fornecendo frases ou locuções descritivas em conexão com seus vários nomes.

YHWH Elohim
Esta é a gênese dos céus e da terra quando foram criados, quando o SENHOR Deus os criou” (Gênesis2 .4, grifo nosso). Este nome identifica o SENHOR como criador de todas as coisas.

YHWHJireh -  O Senhor Proverá
E pôs Abraão por nome àquele lugar — O SENHOR Proverá. Daí dizer-se até ao dia de hoje: No monte do SENHOR se proverá” (Gênesis 22.14, grifo nosso). Assim como ele providenciou um substituto para Isaque, ele também já proveu para os fiéis um substituto - Jesus, o cordeiro de Deus que tira 0 pecado do mundo (João1 .29).

YHWH Rafa -  O Senhor que te sara
Se ouvires atento a voz do SENHOR, teu Deus, e fizeres o que é reto diante dos seus olhos, e deres ouvido aos seus mandamentos, e guardares todos os seus estatutos, nenhuma enfermidade virá sobre ti, das que enviei sobre os egípcios; pois eu sou 0 SENHOR, que te sara” (Êxodo 15.26, grifo nosso). Este nome revela que se seu povo andar em obediência à sua revelação, saberá que Ele é o Deus dos milagres, das curas, das causas impossíveis.

YHWHNissi - O Senhor é minha bandeira
E Moisés edificou um altar e lhe chamou: O SENHOR É Minha Bandeira” (Êxodo 17.15, grifo nosso). Um dos símbolos da pátria é a bandeira, que deve ser respeitada por todos os cidadãos. São os símbolos nacionais que nos identificam como nação, como pessoas que compartilham uma mesma terra e uma mesma língua. Não pode- ria ser diferente para os habitantes dos céus. O Senhor como nossa bandeira deixa evidente que não somos daqui (somo peregrinos e forasteiros) e que possuímos uma linguagem dos céus (falamos a linguagem de Deus).

YHWH Shalom — O Senhor é paz
Então, Gideão edificou ali um altar ao SENHOR e lhe chamou de O SENHOR É Paz” (Juizes 6.24). Somente ele pode trazer a paz que todos desejam, porque ele é a paz.


YHWH Raah  - O Senhor é o meu pastor
O SENHOR é o meu pastor; nada me faltará” (Salmos 23.1). Quão bom é saber que ele é o pas- tor, que provê pastos verdejantes para suas ovelhas.

YHWH Tsidikenu - Senhor justiça nossa
Nos seus dias, Judá será salvo, e Israel habitará seguro; será este 0 seu nome, com que será chamado: SENHOR, Justiça Nossa” (Jeremias 23.6). É Ele quem justifica os seus, por meio de seu filho Jesus. “Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1 Coríntios 1.30).

YHWHSabaoth -  O Senhor dos Exércitos
Quem é esse Rei da Glória? O SENHOR dos Exércitos, ele é o Rei da Glória” (Salmos 24.10, grifo nosso). Ele possui milhares de milhares de soldados celestiais à sua disposição para cumprir seus desígnios.

YHWH Shammah - O Senhor está ali
Dezoito mil côvados em redor; e o nome da cidade desde aquele dia será: O SENHOR Está Ali” (Ezequiel 48.35). É consolador saber que o Deus transcendente que criou tudo que há é também imanente, presente com seu povo.

NOMES DE DEUS NO NOVO TESTAMENTO

 Entre os gregos existiam vários deuses. O filósofo Aristóteles, para demonstrar a fragilidade da religião grega, afirmava: “O homem fez os deuses à sua semelhança e lhes deu seus costumes”. O panteão grego, que, etimolo- gicamente, deriva de pan (todo) e théos (deus), significa, literalmente, o templo dedicado a todos os deuses. Por sua vez, os judeus sempre foram monoteístas, exortados a permanecerem distantes dos ídolos dos homens. Nesse clima foi que surgiu a primeira tradução da Bíblia hebraica para o grego, chamada de Septuaginta. Portanto, é nessa tradução das Escrituras que os rabinos demonstrarão seu zelo pela religião. Por meio dela descobrimos os equivalentes gregos dos nomes usados para Deus no Antigo Testamento, como El, Elohim, Elyon e YHWH.

Theos - Deus
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus  - Theos -  e o Verbo era Deus (theos)” (João 1.1, grifo nosso).
Dos nomes aplicados a Deus no Novo Testamento, Theos é o mais comum. Assim como as palavras hebraicas El Eloah, Elohim no Antigo Testamento, Theos no Novo Testamento pode significar “Deus” ou “deuses”.

Kurios - Senhor
...e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor  kurios), para glória de Deus Pai (pater)” (Filipenses 2.11).
A idéia básica de kurios/Adonai é a da soberania de Deus, da suprema posição do Criador, em todo o Universo que criou. Tanto o Pai quanto o Filho são chamados pelo termo grego kurios:
O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu grandes vozes, dizendo: O reino do mundo se tomou de nosso Senhor (kurios) e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos” (Apocalipse 11.15, grifos nossos).
Por isso, vos faço compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus afirma: Anátema, Jesus! Por outro lado, ninguém pode dizer: Senhor Jesusl (kurios), senão pelo Espírito Santo” (1 Coríntios 12.3, grifo nosso).

Pater - Pai
“Portanto, vós orareis assim: Pai (πατήρ - Pater) nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome...” (Mateus 6.9).
Dentre as três grandes religiões monoteístas, somente o cristianismo mantém um relacionamento de Pai para filho com seu Deus. O islamismo rejeita a ideia de Deus ser Pai, o judaísmo afirma que Deus jamais teve algum filho. De quão grande privilégio desfrutam os cristãos ao invocar Deus como seu Pai celestial!




apêndice

FORMAS DE NEGAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE DEUS


A história da teologia cristã, resumidamente falando, é a história da reflexão sobre a natureza de Deus e da revelação que Ele fez de si mesmo, na pessoa de seu filho Jesus Cristo, e sobre muitas outras crenças ligadas à salvação. Contudo, isso não quer dizer que não existam pessoas que negam completamente sua existência como revela a Bíblia. Dentre as mais variadas formas de negação da existência de Deus destacam-se as seguintes:

1)    ATEÍSMO

 O termo ateísmo vem do prefixo grego a, “não”, e de theos, “Deus”. O ateu não acredita na existência de qualquer divindade. Ao contrário do teísta, que acredita que Deus existe além do e no mundo, e do panteísta, que acredita que Deus é o mundo, o ateu crê que não há Deus neste mundo nem no além. Apregoa que o Universo surgiu por acaso, ou que sempre existiu, sustentado por leis inerentes e impessoais. O ateísmo é comumente classificado em duas classes: ateísmo teórico e ateísmo prático.

a) O ateísmo teórico ou filosófico, mais intelectual, nega a existência de Deus fundamentando-se num processo de raciocínio; b) O ateísmo prático não reconhece a existência de Deus, e seus adeptos vivem como se Ele de fato não existisse.
Vários pensadores iluministas eram ateus militantes, entre eles os filósofos franceses Voltaire e Jean-Paul Sartre. Os ateus e críticos da religião mais articulados e conhecidos do século XIX foram os filósofos alemães Lu- dwig Feuerbach, Karl Marx, Arthur Schopenhauer e Friedrich Nietzsche. O filósofo britânico Bertrand Russel, o psicanalista austríaco Sigmund Freud e Jean-Paul Sartre estão entre os ateus mais influentes do século XX.

2)    AGNOSTICISMO

 A palavra agnóstico provém de duas palavras gregas (a, “não” + gnostikós, “que conhece”), ou seja, “não conhecimento”. Este termo foi criado pelo professor T. H. Huxley (1825-1895), inspirado em David Hume (1711-1776) e Immanuel Kant (1724-1804). [Baseado em Atos 17.23, que no idioma original grego tinha a inscrição Agnosto Theo (o deus desconhecido), ele interpretou erroneamente essa passagem das Escrituras.]  O agnóstico não nega a existência de Deus, mas sim a possibilidade do conhecimento de Deus. E o sistema que ensina que não sabemos, nem podemos saber, se Deus existe ou não. Seus simpatizantes dizem acreditar unicamente no que se pode ver e tocar.

3)    MATERIALISMO

O materialismo não acredita na existência do espírito ou de seres espirituais. Para seus adeptos, toda a realidade é simplesmente matéria ou redutível a ela. Assim, afirmam que não existe vida pós-morte, o céu e o inferno, que são apenas estados terrenos de prazer ou sofrimento, sucesso ou fracasso, nada mais. Para os materialistas, quando o corpo morre, a alma também morre, decompondo a matéria; a mente estaria destruída. Portanto, para eles não existe juízo superior ao nível humano; o pecado é apenas imperfeição da natureza humana.

4)    PANTEÍSMO

Panteísmo (do grego pan, “tudo”, “todas as coisas”, e theos, “Deus”) é a doutrina que afirma a identidade substancial de Deus e do universo, os quais formariam uma unidade e constituiriam um todo indivisível. Para os panteístas, Deus não é transcendente ao universo e dele não se distingue nem se separa. Pelo contrário, é lhe imanente; todas as coisas estão, de alguma forma, identificadas com Deus. A conclusão seria: o mundo é Deus e Deus é o mundo. Os filósofos Spinoza e Hegel, foram os panteístas mais conhecidos da modernidade. Spinoza identifica Deus com a natureza (Deus sive natura), enquanto Hegel identifica Deus com a História.

5)    POLITEÍSMO

 Este termo deriva-se do grego poly, “muito”, e theos, “deus”. Politeísmo é a cosmovisão que afirma a existência de vários deuses e deusas. Nega a existência de uma divindade absoluta como ensina a Bíblia. E uma das crenças mais antigas que existe. Segundo Geisler, “o politeísmo grego entrou em declínio com a ascensão do teísmo filosófico de Platão e Aristóteles. O politeísmo romano praticamente morreu com a ascensão do cristianismo no ocidente”.

6)    DEÍSMO

É a crença em uma divindade que fez o mundo e tudo que nele há, mas deixou que sua criação fosse regida pelas leis naturais, sem sua interferência. É um teísmo sem milagres, além de rejeitar a inspiração divina das Escrituras. Assim, o deísmo “é a religião natural baseada no raciocínio puramente humano”.




7)    DUALISMO

 O dualismo é o sistema filosófico que admite a existência de dois reinos, dois princípios co-etemos em conflito um com o outro, tais como matéria e espírito ou bem e mal. O platonismo é 0 exemplo do primeiro e o zoroastrismo, o gnosticismo e o maniqueísmo são exemplos do segundo. Grande parte das seitas orientais é dualista. Creem que existem duas forças cósmicas, duas energias opostas que formam o universo e tudo que nele há. Essas duas energias recebem o nome de Yin e Yang. A força positiva do bem, da luz e da masculinidade é o Yang; a essência negativa do mal, da morte e da feminilidade é o Yin.



BIBLIOGRAFIA

BERKHOF, Louis. Teologia sistemática. 4° ed. Campinas: Luz para o Caminho, 1996.

FALCÃO, Márcio. Como conhecer uma seita. São Paulo: O Arado, 2006.

_______ . Manual de teologia sistemática. São Paulo: O Arado, s.d.
GEISLER, Norman. Enciclopédia de apologética - respostas aos críticos da fé cristã. São Paulo: Vida, 2002.
GRUNDEM, Wayne. Manual de teologia sistemática: uma introdução aos princípios da fé cristã. São Paulo: 2001.
OLIVEIRA, Raimundo. As grandes doutrinas da Bíblia. 9° ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
ROSENTHAL, Stanley. A tri-unidade de Deus. São Paulo: Fiel.
SILVA, Severino Pedro da. Quem é Deus? Conhecendo melhor O Criador. 2° ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.


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