CTIEJN
Curso
de Teologia da Igreja Evangélica Jesus para as Nações
Nível Básico
Apostila
de Geografia Bíblica
2014
Professora: Adriana Röhrig
Sumário
INTRODUÇÃO
O QUE É A GEOGRAFIA?
ALVOS DA GEOGRAFIA
BÍBLICA
UNIDADE 1 O mundo do Antigo Testamento
1.1
O
Universo e o Criador
1.2
As
Primeiras Civilizações - O Crescente
Fértil e seus impérios
UNIDADE 2 – Canaã
- solo sagrado, do qual mana leite e mel
2.1
Israel:
O solo sagrado por excelência
2.2
Habitantes
de Canaã
2.3
O
cisma israelita – Israel e Judá
2.4
Cativeiro e Restauração
UNIDADE 3 – Geografia
Física – Canaã: entre montanhas e vales
3.1
Planícies
3.2
Vales
3.3
Planaltos
3.4
Montes
3.5
Desertos
3.6
Hidrografia
3.7
Clima
38
Cidades e Estradas
UNIDADE 4 –
Geografia Humana de Israel
4.1
Família hebraica
4.2
Vida social
4.3
Moradia
4.4
Mobília
4.5
Alimentação
4.6
Indumentária
4.7 Calendário
Obras Consultadas
INTRODUÇÃO
O
QUE É A GEOGRAFIA?
Segundo a etimologia da
palavra, "geo" terra; "graphein" descrever, a Geografia
limitou-se, durante séculos, a descrever a Terra. Entretanto, a partir do
Século XIX, assumiu um caráter científico, não mais se limitou à descrição;
passou, também, a explicar os fatos. As definições variam de autor para autor.
Para o alemão Alfred Hettner, Geografia é o ramo de estudos da diferenciação
regional da superfície da Terra e das causas dessa diferenciação. Richard
Hartshorne declara ser o objetivo da Geografia "proporcionar a descrição e
a interpretação, de maneira precisa, ordenada e racional, do caráter variável
da superfície da Terra" e dos fenômenos que nela ocorrem, bem como a
influência na vida de todos os seres.
ALVOS
DA GEOGRAFIA BÍBLICA
Estudar
geografia da Bíblia significa, de acordo com Tognini (2009), viver as páginas
já vivas do Livro Santo. Entrar em comunhão com o Éden de Deus, com seus rios
Tigre e Eufrates, Giom e Pisom.
Acompanhar o desenrolar do dilúvio, quando Deus derramou juízo do céu
sobre uma humanidade rebelde e desobediente.
Imitar Sem, Cam e Jafé no repovoamento da Terra. Acompanhar de perto a linha semítica de Terá,
Abraão e toda a família do primeiro filho de Noé. Estar com as sete nações cananeias. Assistir ao surto de progresso que viveu o
Egito. Sofrer com os descendentes de
Jacó na terra de Cam. Levantar-se com
Moisés, retirando Israel do cativeiro egípcio e acompanhá-lo na milagrosa
passagem do mar Vermelho, depois da peregrinação do penoso deserto, na entrada
e posse de Canaã. Lutar ao lado dos
juízes, mensageiros de Deus. Estar com
Saul e com Davi, com Salomão e Roboão e todos os reis de Judá e de Israel. Arrastar-se com o povo de Deus caminhando
para o cativeiro na Assíria e na Babilônia.
Voltar com Esdras, Neemias e Zorobabel para a reconstrução de Jerusalém. Viver com João Batista no deserto e com o
Senhor Jesus nas poentas estradas da Palestina, ao longo das praias do mar de
Galileia, nos desertos e nos montes, no Getsêmani e no Calvário, no sepulcro de
Arimateia, na ascensão do Olival.
Participar do poderoso Pentecostes. Sofrer com os apóstolos que deram
testemunho da ressurreição do Senhor, nas prisões, nos açoites, no
martírio. Assistir à dispersão dos
servos de Jesus, que começou com a perseguição de Paulo. Ver surgir a poderosa igreja de Antioquia da
Síria. Entrar na companhia de Paulo para
desfraldar o glorioso pavilhão de Cristo em dois continentes e depois
permanecer com ele dois anos no cárcere em Cesaréia, acompanhá-lo até Roma e
depois assistir ao seu martírio e ao de centenas de outros soldados da cruz.
Por último, assistir ao crepúsculo de tudo com João em Patmos, aguardando o
raiar glorioso do dia em que Jesus será chamado Rei dos reis e Senhor dos
senhores.
Embora
a presente apostila, por corresponder ao nível básico, não se debruce sobre
todos os pontos destacados por Tognini (2009), acima citados, acreditamos que
as questões aqui levantadas, acompanhadas do estudo efetivo do texto bíblico,
resultarão em experiências como as apontadas por este autor. Além disso, o
conhecimento construído a partir deste material facilitará a localização e a
compreensão de grande parte das verdades narradas e descritas na Palavra de
Deus.
Concordamos com Andrade
(1987) sobre o objetivo da Geografia Bíblica. Este teólogo entende que a
Geografia Bíblica tem por objetivo o conhecimento das diferentes áreas da Terra
relacionadas com as Sagradas Escrituras. Descrevendo e delimitando os relatos
sagrados, dá-lhes mais consistência e autenticidade e auxilia-nos na
interpretação e compreensão dos fatos bíblicos. A Geografia Bíblica, definida
por Mackee Adams como o "painel bíblico em que o Reino de Deus teve o seu
início e onde experimentou seus triunfos" é indispensável a todos os
estudiosos da Bíblia.
UNIDADE
1 O mundo do Antigo Testamento
1.1
O Universo e o Criador
Andrade
(1987) defende que o Universo funciona com uma perfeição assustadora. Milênio
após milênio, astros e estrelas descrevem suas órbitas com absoluta exatidão.
Essa maravilha leva-nos a concluir que há
um Deus no Céu, a comandar e a preservar o Cosmo. Até Isaac Newton, grande físico,
reconhece que: "Esse Ser governa todas as coisas, não como a alma do
mundo, mas como o Senhor de tudo; e, por causa de seu domínio, costuma-se
chamá-lo de Senhor, ou, Soberano Universal”.
Os
gregos já acreditavam estar a soberania do Universo dividida entre vários
deuses, sendo Zeus o principal deles. O apóstolo Paulo, todavia, ao visitar
Atenas, afirmou-lhes: "...sendo [Deus| Senhor do céu e da terra ..."
(At 17.24b). Em outras palavras, "Há um só Deus que sobre todos domina,
porque tudo dele provém". Quanto a nós, falíveis seres humanos, devemos
dirigir-nos a Deus: "...teu é o reino, o poder e a glória, para sempre.
Amém."
Ainda
de acordo com Andrade (1987), os gregos, apesar do seu espírito curioso e apego
ao saber, só descobririam as verdades reveladas no Antigo Testamento sobre a
esfericidade e ao movimento da Terra, séculos mais tarde. Conhecido como o
"pai da ciência", Tales de Mileto, que viveu um século após Isaías,
desconhecia a forma da Terra. Ele a imaginava com o formato de um pires.
Anaxágoras, da mesma época de Tales, ensinava que a Terra tinha forma cilíndrica
e que se mantinha centrada no espaço, em virtude da pressão atmosférica.
Insuperável em seus conhecimentos, Pitágoras, depois da Bíblia, foi o primeiro
a declarar ser a Terra uma esfera em constante movimento. Seus postulados só
seriam ultrapassados por Copérnico, nascido quase dois milênios após sua morte.
Mas
a forma da Terra é, realmente, esférica? Responde-nos a Bíblia, por intermédio
do profeta Isaías: "Ele |Deus| é o que está assentado sobre o globo da
Terra, cujos moradores são para ele como gafanhotos: ele é o que estende os
céus como tenda para neles habitar..." (Is 40.22.) Essa verdade foi dita
no Século VIII a.C e continua atual. Cremos
que esta é incontestável pelo simples fato de ser dita por um homem inspirado por Deus, o profeta Isaías.
1.2
As Primeiras Civilizações - O Crescente Fértil e seus Impérios
O Crescente Fértil,
apesar de sua grande importância à História da Salvação, é um pequeno retângulo
localizado na Ásia Ocidental. Encerrando uma área de 2.184.000 km, representa
apenas a 234ª parte da superfície da Terra. Essa região estende-se em forma
semicircular entre o Golfo Pérsico e o Sul da Palestina. A história dessa
região fala de uma série de lutas entre os habitantes do lugar e as tribos
nômades do deserto. Todos queriam apossar-se dessas fertilíssimas terras. O
lado oriental dessas paragens serviu de berço à humanidade e de cenário à
primeira civilização. Em suas grandes depressões, ascenderam e caíram os
impérios dos amorreus, assírios, caldeus e persas. No Crescente Fértil, conhecido, também, como Mesopotâmia (literalmente "entre rios"), floresceram duas
grandes civilizações: ao norte, a Assíria; ao Sul, a Babilônia. Os rios Tigre e
Eufrates cercam esse misterioso território, ocupado, atualmente, pelo Iraque. O Jardim do Éden, segundo a
narrativa bíblica, localizava-se nas nascentes de ambos os rios. Foi em Ur dos Caldeus, uma das mais
progressistas e desenvolvidas cidades do Crescente Fértil, que teve início a
história de Israel. Tudo começou com a chamada de Abraão, o pai do povo
escolhido.
a) Egito
O Egito é uma das mais antigas
civilizações humanas. Sua história é quase tão antiga como o próprio homem. Por
isso, o Vale do Nilo é considerado o berço da humanidade. Mas as Sagradas
Escrituras apontam a Mesopotâmia como o primeiro lar de nossos primeiros pais.
A presença do Egito nas Escrituras Sagradas é muito forte. Por esse motivo,
precisamos conhecer melhor esse país. O povo egípcio foi agrupando-se com o
passar dos séculos, até formarem dois grandes reinos: o Alto Egito, no Sul; e,
o Baixo Egito, no Norte. Em consequência de suas muitas diferenças, o Alto e o
Baixo Egito travaram violentas e desgastantes guerras por um longo período. Isso
enfraquecia ambos os reinos, tornando-os vulneráveis a ataques externos. Por
isso, Menés, rei do Alto Egito, conquista o Baixo Egito. A unificação do Egito
ocorreu, de acordo com cálculos aproximados, entre 3.000 a 2.780 a.C. Nesta
mesma época, os egípcios começaram a fazer uso da escrita e de um calendário de
365 dias. Unificados, o Alto e Baixo Egito transformaram-se no mais florescente
e poderoso império da antiguidade. Os reis iniciaram a construção das grandes
pirâmides, que lhes serviu de tumba.
Foi durante o chamado Novo Império
(1580-1200 a.C), que os israelitas começaram a ser escravizados pelos faraós.
Após o Novo Império, o Egito começou a sofrer sucessivas intervenções: líbia,
etíope, indo-européia, assíria, persa, grega e romana. Em linhas gerais, essa
nação, cujo passado foi tão glorioso, pertenceu ao Império Romano, durante 400
anos; ao Império Bizantino, durante 300 anos. No Século VII d.C, fica sob a
tutela dos muçulmanos. A partir de 1400, torna-se possessão turca. No Século
XIX, fica sob a custódia franco-inglesa. No início do Século XX torna-se
protetorado inglês. Em 1922, todavia, conquista sua independência. Hoje, porém,
não passa de um apagado reflexo de sua primeira glória.
O Egito atual tem o formato de um
quadrado. Localizado no Nordeste da África, limita-se ao norte, com o mar
Mediterrâneo; a leste, com Israel (e, também, com o mar Vermelho); ao sul, com
o Sudão; a oeste, com a Líbia. De sua área, de quase um milhão de quilômetros
quadrados, 96 por cento são compostos de terras áridas. Sua população, de 45
milhões de habitantes, é obrigada a viver com os 4 por cento de terras
cultiváveis. Localizava-se o Alto Egito no Sul do atual território egípcio. O
Baixo Egito, por sua vez, localizava-se no Norte e sua área mais fértil
encontra-se no Delta.
O Egito, no entanto, não existiria sem o Nilo.
Esse rio é o mais extenso do mundo, com um percurso de 6.400 km com suas
vazantes, fertiliza vastas extensões de terra. Em seu livro Geografia das
Terras Bíblicas, afirma o pastor Enéas Tognini: "Sem o Nilo, o Egito seria
um Saara - terrível e inabitado. O Nilo proporcionou riquezas aos faraós que
puderam viver abundantemente, construindo templos suntuosos, monumentos
grandiosos, palácios de alto luxo, pirâmides gigantescas e a manutenção de
exércitos bem armados que, não somente protegiam o Egito, mas tomavam, nas
guerras novas regiões. O Nilo lhes garantia a irrigação e as suas águas lhes
davam colheitas fartas e certas. É fato que uma seca poderia trazer pobreza à
terra, como aconteceu no tempo de José. Se a cheia fosse além dos limites, as
águas poderiam arrasar cidades, deixando o povo desabrigado e prejudicariam as
safras. Mas, tanto secas como enchentes eram raras. O Nilo era então, como é
hoje, a vida do Egito e o principal fator de suas múltiplas organizações,
simples algumas e sofisticadas e complexas outras".
O
EGITO E OS FILHOS DE ISRAEL
O relacionamento de Israel com o Egito
começou à Era Patriarcal. Abraão e Isaque desceram à terra dos faraós, onde
sofreram sérios constrangimentos. O primeiro e maior patriarca hebreu, por
exemplo, esteve prestes a perder a esposa, cuja beleza agradou o rei daquela
nação. Não fosse a intervenção divina Sara não seria contada entre as ilustres
mães do povo israelita. Em sua velhice, Abraão recebe esta sombria revelação do
Senhor: "Saibas, de certo, que peregrina será a tua semente em terra que
não é sua, e servi-los-ão; e afligi-los-ão quatrocentos anos; mas também eu
julgarei a gente, a qual servirão, e depois sairão com grande fazenda. E tu
irás a teus pais em paz; em boa velhice serás sepultado. " (Gn 15.13-16).
Personalidades israelitas no Egito
1 - José, primeiro-ministro do Egito
Estêvão, sábio diácono da igreja
primitiva, conta-nos como José chegou a primeiro- ministro do Faraó: "E os
patriarcas, movidos de inveja, venderam a José para o Egito. mas, Deus era com
ele. E livrou-o de todas as suas tributações, e lhe deu graça e sabedoria ante
Faraó, rei do Egito, que o constituiu governador sobre o Egito e toda a sua
casa. Sobreveio então a todo o país do Egito e de Canaã fome e grande
tributação; e nossos pais não achavam alimentos. Mas, tendo ouvido Jacó que no
Egito havia trigo, enviou ali nossos pais, a primeira vez. E, na segunda vez
foi José conhecido por seus irmãos, e a sua linhagem foi manifesta a Faraó. E
José mandou chamar a seu pai Jacó e a toda sua parentela, que era de setenta e
cinco almas" (At 7.9-14). Não obstante sua humilde condição de escravo,
José tornou-se primeiro-ministro do Faraó. E, por seu intermédio, Deus salvou
toda a descendência de Israel. Não fosse o providencial ministério exercido por
esse intrépido hebreu, a progênie abraâmica ver-se-ia em grandes dificuldades.
Sua história é uma das obras-primas da humanidade. José chegou ao Egito no
Século XX a.C.
2 -
Moisés
Continua Estêvão a contar a história
dos israelitas no Egito: Aproximando-se, porém, o tempo da promessa que Deus
tinha feito a Abraão, o povo cresceu e se multiplicou no Egito; até que se
levantou outro rei, que não conhecia a José. Esse maltratou nossos pais, a
ponto de matar as suas crianças, para que não se multiplicassem. Nesse tempo,
nasceu Moisés, e era mui formoso, e foi criado três meses em casa de seu pai.
E, sendo enjeitado, tomou-o a filha de Faraó, e o criou como seu filho. E
Moisés foi instruído em toda a ciência dos egípcios; e era poderoso em suas
palavras e obras. "E, quando completou a idade de quarenta anos, veio-lhe
ao coração ir visitar seus irmãos, os filhos de Israel. E, vendo maltratado um
deles, o defendeu, e vingou o ofendido, matando o egípcio, tendo que fugir ao
deserto.
Anos depois Moisés conduziu o povo de
Israel para fora, fazendo prodígios e sinais na terra do Egito, e no mar
Vermelho, e no deserto, por quarenta anos. Israel deixou o Egito no Século XV
a.C. Depois do Êxodo, israelitas e egípcios voltariam a se enfrentar no tempo
dos reis e no chamado período interbíblico.
b) Assíria
Os assírios diziam descender de Assur,
filho de Sem e neto de Noé (Gn 10.11). O território assírio, no princípio, era
inexpressivo. Perdia-se entre as grandes possessões dos países circundantes.
Com o passar dos séculos, foi se estendendo e abarcando muitas nações vizinhas,
transformando-se em um grande império. As fronteiras assírias, porém, nunca
foram definidas. Variavam de conformidade com as vitórias ou derrotas dos
soberanos de Assur.
Durante muitos séculos, Nínive
manteve-se inexpressiva no cenário assírio. Em 2.350 a.C, contudo, transformou-se na capital da Assíria. A partir
de então, a cidade tornou-se participante das glórias e derrotas da Assíria.
Nínive é a própria história do Império Assírio.
Em 616 a.C, Nabopolassar, governador
de Babilônia, subleva-se e declara a independência dos territórios sob sua
jurisdição. Decidido a arrasar com o já minado poderio assírio, alia-se ao rei
medo Ciaxares. Este, em 614 a.C, conquista e destrói totalmente Nínive. Com a
queda de Nínive, desaparece a glória da Assíria. Antes, porém, em 723 a.C. a Assíria destrói
Israel e deporta as dez tribos que o compunham. Desaparece o Reino do Norte,
fundado por Jeroboão, depois de uma atribulada existência de dois séculos.
Esta era a política assíria; visava do
extermínio moral das nações conquistadas. Povo cruel, os assírios esfolavam
vivos seus prisioneiros: cortavam-lhes as mãos, os pés, o nariz e as orelhas;
vazavam-lhes os olhos; arrancavam-lhes as línguas, entre outras atrocidades.
c) Babilônia
Babilônia, nas Sagradas Escrituras, é
sinônimo de poder e glória. A história desse império, simbolizado pelo ouro, é
antiquíssima, a data de sua fundação é incerta, mas trata-se de uma das
primeiras civilizações da Terra. As crônicas babilônicas estão intimamente
associadas com as da Mesopotâmia - berço da raça humana. Como não associar,
também, a história babilônica à hebraica? Séculos de convívio, nem sempre de
guerra, ligam ambos os povos.
Babilônia foi sitiada vezes sem conta.
É difícil calcular, também, quantas vezes seus muros e templos foram arrasados.
Ávidos inimigos despojavam-na, com frequência, de seus fabulosos tesouros. Seus
orgulhosos habitantes sofreram os mais inumanos ataques. Essa opulentíssima
cidade, todavia, levantava-se com mais brilho e pujança até tornar-se, no tempo
de Nabucodonozor, em uma das maravilhas do mundo. Durante séculos, Babilônia
permaneceu sob a tutela assíria. O governador da Caldéia, Nabopolassar,
levanta-se, porém, contra a hegemonia de Nínive. Auxiliado pelos medos, sacode
de si o jugo assírio. Em 622 a.C, ele é proclamado rei, em Babilônia. Tem
início, dessa forma, uma nova dinastia na Mesopotâmia.
BABILÔNIA
E O POVO DE JUDÁ
Deus, sem dúvida alguma, permitiu a
ascensão de Babilônia para punir a impenitência das nações do Médio Oriente.
Nem mesmo Judá escaparia da ação judicial do Eterno. A tribo do rei Davi, que
se convertera no Reino do Sul, em virtude do cisma israelita ocorrido em 931
a.C, perverteu a aliança mosaica. A maioria dos soberanos judeus adorou e
permitiu a adoração de falsos deuses, induzindo o povo à apostasia. O Senhor
Deus, por isso, resolveu puni-los. Quem seria o instrumento de sua justiça?
Respondem os profetas: Babilônia. Entre os exilados, encontram-se, Daniel,
Sadraque, Mesaque e Abednego.
Durante a dominação babilônica, os
judeus não gozavam de muitas vantagens. Com muito custo e, enfrentando grandes
dificuldades, conseguiram manter sua religião e suas tradições nacionais. Em
seus 70 anos de exílio, os filhos de Abraão foram provados, aliás, dura e
inumanamente. Reconheceram, entretanto, quão amargos frutos colhiam em consequência
de sua idolatria e que não existe outro Deus, além do Santo de Israel.
Entretanto, o Império Babilônico,
fundado por Nabopolassar, não teve uma vida bastante longa. Em menos de um
século, já emitia sinais de fraqueza e degenerescência. Enquanto isso, a coligação
medo-persa fortalecia-se continuamente e se preparava para conquistar a
Babilônia. Em 538 a.C, quando Belsazar participava, juntamente com seus altos
oficiais e suas prostitutas, de uma desenfreada orgia, os exércitos medo-persas
tomaram Babilônia. Naquela mesma noite, a propósito, o Todo- poderoso revelara,
por intermédio de Daniel, quão horrível seria o fim do domínio babilônico.
Dario, um dos mais destemidos e proeminentes generais de Ciro II, tomou
Babilônia e matou o libertino Belsazar. Tinha início, assim, o Império
Medo-persa.
d) O Império Persa
Com a destruição do Império Babilônico
surge uma nova superpotência no Médio Oriente. A coligação medo-persa
transforma-se, rapidamente, em um vastíssimo reino. No tempo de Assuero, por
exemplo, a Pérsia dominava sobre 127 províncias, da índia à Etiópia. Jamais
surgira reino de tão dilatadas possessões! Durante o Império Persa, os judeus
foram tratados com longanimidade e condescendência. Permitiam-lhes, por
exemplo, as manifestações de sua religiosidade e tradições nacionais. Nesse período,
obtêm também a permissão para voltar à Terra de Israel e reconstruir o santo
Templo e suas casas.
O Senhor usa o rei Ciro para
autorizar-lhes o regresso a Sião. No primeiro ano de reinado desse ilustre
soberano, os filhos de Judá são liberados a retornar à terra de seus
antepassados. A frente dos repatriados, ia o governador Zorobabel que, nos anos
subsequentes, seria o principal baluarte da reconstrução do Estado Judaico. Não
fosse a liberalidade de Ciro, tratado por Deus como "meu servo", os
judeus não teriam condições de se dedicarem a cumprir tão formidável tarefa.
Sob a vista dos sucessores do fundador do Império Persa, os muros e o Templo de
Jerusalém foram reconstruídos em tempo recorde. Zorobabel, Neemias, Esdras e o sumo
sacerdote Josué, contaram com o respaldo da monarquia persa, no santo
cumprimento de seus deveres. Ciro mostrou-se tão liberal que, inclusive,
devolveu aos líderes judaicos parte dos tesouros do Templo levados a Babilônia
por Nabucodonosor. Atrás da generosidade persa, contudo, estava a potente mão
de Deus!
No tempo da rainha Ester, mulher do
poderoso Assuero, vemos, uma vez mais, o Senhor usar o poderio persa em favor
de seu povo. Não obstante as maquinações de Hamã, o Deus de Abraão, Isaque e
Jacó forçou o soberano persa a ver com simpatia a causa dos exilados judeus.
For intermédio da belíssima prima de Mardoqueu, o Todo-poderoso intervém em
favor da nação judaica e concede-lhe grande livramento. O ministério de Ester é
tão glorioso que, ao interceder, junto ao seu esposo, pela vida de seu povo,
estava preservando, indiretamente, a existência do Salvador.
e) O Império Grego
O Império Persa resplandecia no
Oriente. No Ocidente, enquanto isso, a Grécia começa a desenvolver-se e a tornar
mais marcante a sua presença entre as nações. Delineava-se, dessa maneira, o
fim do imperialismo persa. Quão exatas mostravam-se as profecias de Daniel!
Segundo ele predissera, a Grécia substituiria a Pérsia no comando político
daquela época.
A Grécia é o berço da civilização
ocidental. Dos gregos, herdamos a democracia, a concepção clássica das artes e,
principalmente, a filosofia. A antiga Grécia continua a nos influenciar. Não
fossem os helenos não haveria a tradicional divisão do mundo entre Ocidente e
Oriente. Amantes da liberdade e acostumados às discussões ao ar livre, os
gregos legaram-nos um inestimável tesouro - as bases de nossa civilização.
A Grécia Antiga estava dividida em
cidades-estados. Além de Esparta e Atenas, Tebas, Creta e Troia também
foram importantes cidades-Estados (ou pólis gregas), porém se destacaram mais
nas relações comerciais. Os gregos também são chamados de Helenos pelo fato de,
na Antiguidade, a Grécia ser conhecida como Hélade. Sem coesão político-administrativa,
esses pequenos países estavam em constantes alterações. Esparta e Atenas estavam sempre em conflito.
Os gregos eram unidos somente por laços culturais e religiosos. Quando o perigo
os ameaçava, firmavam, porém, alianças provisórias. O Século V a.C, marca o
auge da Grécia.
GEOGRAFIA
DA GRÉCIA
A Grécia constitui-se, praticamente, de uma
península localizada no Sudeste da Europa. Esse maravilhoso país é banhado por
três mares: a leste, pelo Egeu; ao sul, pelo Mediterrâneo; e a oeste pelo
Jônico. A Macedônia ficava ao norte. Nos primórdios, o território grego era
conhecido como Acaia e limitava-se, ao sul da península. A região ocupada por
Atenas, nessa mesma época, era denominada de Ática. Toda recortada pelo mar, a
Grécia é cercada por muitas ilhas e ilhotas, numerosas montanhas e abruptos
declives. A hidrografia grega é paupérrima. Por causa disso, eles fundaram
colônias nas ilhas do mar Egeu, do mar Mediterrâneo e do mar Negro.
Instalaram-se, ainda, na Ásia Menor, no Sul da Itália, no Norte da África e até
em Massília, território ocupado, hoje, pela França. A partir do Século IV a.C.
a história da Grécia entrelaça-se à da Macedônia. É bom conhecermos, por
conseguinte, algumas particularidades geográficas desse país que, sob a roupagem
helena, quase conquistou a Terra. A Macedônia limitava-se, ao sul com a Grécia;
ao leste, com o mar Egeu e com a Trácia; ao norte, com os montes balcânicos; e,
a oeste, com a Trácia e o Ilíaco.
FIM
DO IMPÉRIO GREGO
Esfacelado e arruinado por disputas intestinas,
chegou ao fim o glorioso Império Grego. Em seu lugar, levanta-se o terrível e
assombroso animal, visto por Daniel séculos antes. O Império Romano, de acordo
com a visão do santo profeta, seria diferente de todos os outros -
conquistaria, esmagaria. Qual desamparada virgem, a nação de Israel sentiria,
também, quão férreas e afiadas são as garras de Roma.
MACEDÔNIA
Limitando-se ao sul com a Grécia, a
Macedônia estava destinada a dominá-la e a encabeçar o domínio heleno do mundo.
Seus habitantes, à semelhança dos gregos, eram de origem indo-européia. A
cultura macedônia, contudo, é considerada bem inferior à grega. Nesse país,
cuja área é ocupada hoje pela Iugoslávia, nasceu Felipe II.
Seu filho, Alexandre Magno, capturado
por um bando de gregos, em meados do Século Quarto a.C, e é levado a Tebas,
onde domina as artes bélicas da Grécia. Em seu exílio, elabora audaciosos
planos: modernizar os exércitos da Macedônia e unir todos os helenos sob o seu
comando. Eis sua grande obsessão: subjugar o Império Persa.
"Um dos maiores gênios militares
de todos os tempos". Assim é descrito Alexandre Magno. Nascido em 356 a.C,
teve uma primorosa educação. Seu preceptor foi, nada mais nada menos, que
Aristóteles. Aos pés do mais exato dos filósofos gregos, o príncipe macedônio
universaliza-se. Com o alargamento de sua visão do mundo, passa a contemplar a
humanidade como uma só família. Como, porém, concretizar esse ideal?
Conquistador inato e guerreiro audaz, declara sua intenção: conquistar a Terra.
Não obstante seus 20 anos, reafirma sua autoridade sobre os gregos e, à testa
de um exército de 40 mil homens, marcha em direção aos persas. Com fúria
sobre-humana, derrota Dario Codomano, que possuía uma descomunal guarnição de
mais de 800 mil homens. Após destruir o poderio persa, Alexandre Magno
prossegue, conquistando terras e mais terras no Oriente.. Alexandre Magno, ao
chegar a Babilônia, é recebido como um ente celestial. Tributam-lhe divinas
honrarias. Para os pobres mortais, não havia ser tão glorioso como o príncipe
macedônio.
Uma das maiores realizações de
Alexandre Magno foi a difusão universal da cultura grega. Esse magnífico
empreendimento cultural facilitaria, mais tarde, a propagação global do
Evangelho. O apóstolo Paulo, por exemplo, em suas viagens missionárias, não
encontrou quaisquer dificuldades em se comunicar com os gentios, em virtude da
internacionalização do koinê - grego vulgar. O historiador Robert Nichols
Hasting afirma que os helenos deram substancial contribuição ao plano de salvação de Deus.
Atualmente, o território macedônio é
ocupado pela Grécia, Iugoslávia, Bulgária, Albânia e a parte europeia da
Turquia. O país de Alexandre Magno era uma vastíssima planície fértil, cercada
de altas montanhas. Na Macedônia, ficava a cidade de Filipos, onde o Evangelho,
através de Paulo, foi pregado, pela primeira vez, em território europeu. Dessa
região estratégica, a Palavra de Deus estendeu-se por toda a Europa, alcançando
milhões de almas. O território macedônio, portanto, serviu de importantíssima
base missionária para o apóstolo dos gentios coroar de êxitos a sua carreira
cristã. Alexandre Magno, lançou-se da Macedônia para conquistar o mundo. Do
mesmo lugar, o apóstolo Paulo lançou-se à Europa para ganhar o mundo, mas, para
Cristo. As glórias do príncipe macedônio, entretanto, feneceram. - E, as
glórias do Evangelho? - Continuam a brilhar!
f) O Império Romano
Simbolizado pelo ferro, o Império
Romano conquistou e subjugou muitos povos. Do Ocidente ao Oriente, o peso de
seus punhos era conhecido e proverbial. Jamais houvera reino tão poderoso! A
simples menção de seu nome era mais do que suficiente para amedrontar povos,
derrubar reis e dilatar fronteiras. Eis como Daniel viu esse férreo império:
"Depois disto, eu continuava olhando nas visões da noite, e eis aqui o
quarto animal, terrível,, espantoso e sobremodo forte, o qual tinha grandes
dentes de ferro; ele devorava e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que
sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele, e tinha
dez chifres" (Dn 7.7). As histórias de Roma e Israel estreitam-se em
Jerusalém e na Eternidade. Em Jerusalém, porque foram os romanos que destruíram
a amada e idolatrada capital do judaísmo. Na eternidade, porque foram os
romanos, também, quem assinaram a sentença de morte de Cristo, o Filho do Deus
Vivo!
O
Império Romano, portanto, será tratado com severidade no Dia do Senhor!
GEOGRAFIA
DO IMPÉRIO ROMANO
É difícil traçar os limites do Império
Romano. Dilatadíssimo, mantinha incontáveis províncias na Europa, Ásia e
África. Foi o mais poderoso reino da Terra. Sua presença era sentida em todas
as partes do Globo. Nos tempos de sua maior extensão, informa John Davis, o
Império Romano media 3.000 milhas de este a oeste, e 2.000 de norte a sul, com
uma população de 120.000.000.
O
LEGADO DO IMPÉRIO ROMANO
Os gregos legaram-nos a base da
sociedade ocidental. Os romanos, sua estrutura. Pragmáticos e administradores
por excelência, deixaram-nos colossal monumento jurídico esculpido em sua
experiência privada e pública. "Aplicando e interpretando a lei, os
pretores criaram duas espécies de direito: o que se aplicava aos cidadãos
romanos, chamado 'jus civile', e o que dizia respeito a todos os povos de
maneira geral, denominado 'jus gentium'. Era o 'jus gentium' que autorizava a
existência da escravidão e da propriedade privada, sendo, portanto, um
complemento do 'jus civile.' "O 'jus civile' romano estabeleceu uma
perfeita distinção entre pessoa e pessoas ao mesmo tempo. Os escravos não eram
considerados pessoas e, assim, destituídos de quaisquer direitos." Eis
mais alguns importantes legados romanos: tirocínio administrativo; engenharia
diversificada e prática; política exterior fundada no pragmatismo; disciplina e
agilidade nas forças armadas, e, urbanização eficaz.
O
IMPÉRIO ROMANO E OS JUDEUS
Ao
tomar Jerusalém, em 63 a.C, o general romano Pompeu depara-se com a nação
judaica bastante enfraquecida, em consequência de disputas internas.
De manobra em manobra, Herodes, o
Grande, consegue dos romanos o governo e o trono da Judéia. Sua carreira
política teve início, quando ele tinha 15 anos. Desde cedo mostrou-se cruel e
sanguinário. Não tolerava quaisquer arranhões em sua autoridade. Sedento de
poder, prendia, desterrava e matava. Tão maquiavélico era Herodes que, fácil e
rapidamente, ganhou a confiança dos mandatários romanos. Nas situações mais
adversas, mostrava quão habilidoso político era. Ele não suportava a menor
ameaça ao seu trono. Em 37 a.C, finalmente, o monstruoso Herodes liquidou seus
adversários e o trono da Judéia era todo seu! Um de seus últimos desatinos foi
a matança dos inocentes de Belém. Sua real intenção era destruir a vida de
Jesus.
Das personalidades romanas enviadas à
Judéia, duas se destacam, uma, responsável pela morte de Jesus, e a outra, pela
destruição de Jerusalém: Pôncio Pilatos e o general Tito.
1 - Pilatos
Pôncio Pilatos assumiu o governo da
Judéia no ano 26 d.C. Nomeado por Tibério, sua administração foi tumultuada e
cheia de agitações. O historiador e filósofo hebreu, Filo, escreve sobre o
quinto governador romano da terra de Judá, taxando-o de rígido, teimosamente
severo, de disposição pronta a despeitar os outros; era excessivamente
iracundo. O mesmo cronista fala, ainda, dos subornos, atos de orgulho e
violência, ultrajes, brutalidades e assassinatos cometidos por essa autoridade
romana. Pilatos dispunha de amplos poderes na Judéia. Tendo à sua disposição
formidável aparato militar, tinha autoridade para prender, executar e suspender
qualquer pena capital.
Ao
rejeitar o seu Cristo, os judeus disseram: "Caia sobre nós o seu sangue, e
sobre nossos filhos!" (Mt 27.25.) Essas duras e irresponsáveis palavras
foram pronunciadas ante Pôncio Pilatos que pretendia indultar alguém por
ocasião da Páscoa. Ao pedir que escolhessem entre Jesus e Barrabás, com os seus
corações cheios de ódio, optaram por um salteador e entregaram Jesus à morte.
Com essa insana escolha, os filhos de Abraão começavam a escrever um dos mais
tristes capítulos de sua atribulada história. O sangue do Nazareno começaria a
cair-lhes sobre a cabeça a partir do ano 70 d.C, com a destruição de Jerusalém
e do Templo pelos romanos. Nessa época, o Cristianismo já havia alcançado os
mais longínquos rincões do Império Romano. Na Judéia, enquanto isso, os
israelitas foram obrigados a suportar toda a sorte de arbitrariedade das
autoridades romanas. A vida da comunidade judaica, nessa cidade, transformou-se
num inferno. Os israelitas nem mesmo podiam adorar a Deus. Em frente às
sinagogas, os helenos promoviam grandes tumultos, impedindo a realização dos
ofícios religiosos.
O
FIM DO IMPÉRIO ROMANO
Depois
de séculos de sanguinolência e devassidão, permissividade e térrea tirania,
chega ao fim o Império Romano. A imoralidade e a inebriante luxúria tiraram do
povo romano sua fibra e coragem. Enquanto isso, os inimigos de Roma
fortaleciam-se e preparavam-se para deitá-la por terra. Em 476 d.C, os bárbaros
invadiram Roma. Desapareceu, assim, o mais extenso e poderoso reino humano! No
entanto, segundo profetizou Daniel, esse império ressurgirá com grande poder.
Sua duração, porém, será curta. O Rei dos reis e Senhor dos senhores
encarregar-se-á de destruí-lo.
Atividade:
Montar um quadro comparativo entre os impérios estudados, traçando semelhanças
e diferenças entre eles.
UNIDADE 2 – A Terra
de Canaã e seus Habitantes
Quando lemos a Bíblia,
deparamo-nos com centenas de nomes de lugares da Terra Santa, onde
desenvolveu-se a maravilhosa História da Salvação. Movidos por irreprimível
curiosidade, desejamos conhecer tudo isso "in loco". Nem sempre,
porém, é possível fazê-lo. Através de minuciosas e exatas descrições, iremos a
Israel, aos lugares percorridos pelos patriarcas, profetas e apóstolos.
Perceberemos, em cada mapa, o meigo Salvador, em cada acidente geográfico, a
relevância do amor de Deus. À semelhança dos espias de Josué, reconheceremos o
solo sagrado, do qual mana leite e mel.
2.1 Israel: O solo
sagrado por excelência
Israel é um dos menores
países do mundo. Em seu exíguo solo, entretanto, desenrolou-se todo o nosso
drama espiritual. Terra mística e abençoada, serviu de berço a patriarcas,
profetas, juízes, reis, sábios e justos. Guardada pelo Todo-poderoso, acolheu
em seus áridos regaços o Salvador da humanidade. Não obstante suas acanhadas
possessões geográficas. a Terra Santa sempre foi um pomo de discórdia entre os
homens. Localizada no centro do globo, torna-se, a cada dia, mais polêmica.
Todos preocupamo-nos com o seu futuro. Em seu amanhã, está o nosso porvir! Com
a criação do Estado de Israel, em 1948, a herança abraâmica centrou-se, mais
visivelmente, em nossos estudos escatológicos. Divisamos, no renascimento do
minúsculo país semita, a aproximação da volta de Cristo. Vale a pena, portanto,
conhecer a geografia das terras pisadas por
Jesus. Israel é o solo sagrado por excelência.
2.1.1
NOMES DE ISRAEL
Tanto na história
sagrada, como na secular, a Terra de Israel recebeu várias designações. Cada
nome por ela recebido encerra um drama vivido pelo povo de Deus. Desde a Era
Patriarcal até os nossos dias, as mais variadas nomenclaturas têm sido dadas ao
território israelita. Para os hebreus, entretanto, o seu sagrado solo nunca
deixará de receber esse carinhoso tratamento: Terra Prometida.
A
– Canaã
Após a dispersão da
humanidade, ocorrida quando da construção da Torre de Babel, os descendentes de
Canaã fixaram-se nas terras que seriam entregues a Abraão. Isso ocorreu há mais
de dois mil anos antes de Cristo. Nessas paragens, conhecidas por sua
fertilidade e riquezas naturais, os cananeus multiplicaram-se sobremaneira.
Esse país, a partir de então, passou a ser conhecido como Canaã, o mais antigo
nome do território israelita. Eis o significado literal desse nome:
"habitantes de terras baixas". Tendo em vista essa etimologia,
concluímos: os cananeus adoravam as planícies! Os descendentes de Canaã,
depreendemos das Sagradas Escrituras, dominavam do Mediterrâneo ao rio Jordão.
Com o passar dos séculos, Canaã passou a ter uma conotação poética. Lembra esse
nome aos judeus, "...uma terra boa e ampla, terra que mana leite e mel"
(Ex 3.8).
B
- Terra dos Amorreus
O território que Deus
entregou aos judeus era conhecido na antiguidade, também, como Terra dos
Amorreus. Essa designação é encontrada tanto no Antigo Testamento, como nos
escritos profanos. É um dos mais antigos nomes da Terra Santa.
C
- Terra dos Hebreus
Conforme a árvore
genealógica de Sem, os israelitas são descendentes de Héber. O território
judaico, por esse motivo, era conhecido, ainda como Terra dos Hebreus. Nesses
rincões, os santos patriarcas forjaram a nacionalidade hebraica e deram corpo e
colorido ao seu idioma. A palavra hebreu, entretanto, pode significar, de igual
modo, "o que vem do outro lado, ou do além". Trata-se de uma
referência à peregrinação abraâmica, de Ur a Canaã. Todavia, preferimos a
primeira explicação, por estar mais de acordo com os reclamos da língua
hebraica.
D
- Terra de Israel
Sob o comando de Josué,
os israelitas tomaram Canaã, no Século XV a.C. A partir de então, passaram as
possessões cananéias a ser designadas desta forma: Terra de Israel. Não há
nomenclatura tão apropriada como essa! Ela encerra a maioria das promessas
divinas a Abraão e compreende a essência das realizações terrestres do Milênio.
Esse é o nome mais comum da Terra Santa. Encontramo-lo, com frequência, no
Antigo Testamento. Constitui-se, ainda, em um perpétuo memorial: Esse
território é de propriedade permanente do povo de Israel! Quer os gentios
admitam ou não, a terra que mana leite e mel pertence à progênie abraâmica.
Após o cisma do reino salomônico, essa nomenclatura passou a designar, apenas,
as terras ocupadas pelas 10 tribos do Norte, comandadas pelo idolatra e profano
Jeroboão. Com os exílios, a Terra de Israel torna-se um nome esquecido. Durante
mais de dois mil anos, o território israelita recebeu as mais vexatórias
alcunhas. No entanto, com a criação do moderno Estado de Israel, todo o
escárnio que pesava sobre os descendentes de Jacó foi tirado.
E - Terra de Judá
Depois de vencer os
cananeus, Josué passou a dividir a Terra da Promessa. Coube à tribo de Judá uma
herança localizada no Sul dessas possessões. O território herdado pelo mais bravo
filho de Israel ficou conhecido como Terra de Judá. Contudo, após o cisma do
reino davídico, ocorrido no ano 931 a.C, essa designação passou a incluir,
também, as terras ocupadas pela tribo de Benjamim. Terminado o cativeiro
babilônico, em 538 a.C. o povo de Judá retorna à sua herança, sob o comando de Zorobabel. Inspirados pela
liderança eficaz de Neemias, pela erudição de Esdras, pelo zelo sacerdotal de Josué
e pelo fervor profético de Ageu e Zacarias, os judeus reorganizam-se
nacionalmente. A partir desse renascimento parcial da soberania hebraica, as
possessões abraâmicas passaram a ser designadas como Terra de Judá. E, seus
habitantes, consequentemente, começaram a ser chamados de judeus.
F - Terra Prometida
No Século XX a.C. Deus
fez a seguinte promessa a Abraão: "Sai-te da tua terra, e da tua parentela
e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande
nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome e tu serás uma bênção. E
abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti
serão benditas todas as famílias da terra. Assim partiu Abrão, como o Senhor
lhe tinha dito, e foi Ló com ele; e era Abrão da idade de setenta e cinco anos,
quando saiu de Harã" (Gn 12.1-4). Com essa sublime promessa de Deus a
Abraão, o território israelita passou a ser conhecido como Terra Prometida.
Esse nome, poético e trágico, evoca as mais elevadas recordações na peregrina
alma do povo escolhido. Por causa desse chão de promessas, os israelitas, há
mais de dois mil anos longe de seu lar, instalam-se em sua terra e provam estar
a bênção abraâmica mais atual do que nunca.
G
- Terra Santa
Zacarias, um dos mais
escatológicos profetas do Antigo Testamento, disse: "Exulta, e alegra-te,
ó filha de Sião. porque eis que venho, e habitarei no meio de ti, diz o Senhor.
E naquele dia, muitas nações se ajuntarão ao Senhor, e serão o meu povo: e
habitarei no meio de ti. e saberás que o Senhor dos Exércitos me enviou a ti.
Então o Senhor possuirá a Judá como sua porção na terra santa, e ainda
escolherá Jerusalém" (Zc 2.10-12). Não obstante as guerras, os embates
políticos e os conflitos sociais, Israel é conhecido como a Terra Santa. Os
judeus veneram-na como o solo de seus antepassados e o terreno de sua milenar
esperança. Têm-se os cristãos como o berço do Salvador e o regaço da
regeneração da raça humana. Para os árabes, trata-se de um campo etéreo e
permeado de mistérios celestiais. Em pleno alvorecer do Terceiro Milênio,
milhares de caravanas judaicas, cristãs e árabes rumam à Terra Santa. Nenhum
outro país é tão místico quanto Israel! Visitá-lo constitui-se no sonho de
milhões de seres humanos.
H - Palestina
Israel
é conhecido, também, como Palestina. Esse nome é oriundo da palavra Filistia,
que designava a faixa de terra habitada pelos antigos filisteus, localizada no
Sudeste de Canaã, ao largo do mar Mediterrâneo. Esse povo era ferrenho inimigo
dos hebreus e causou muitas dificuldades aos primeiros monarcas israelitas. No
período neo-testamentário, o historiador Flávio Josefo cognominou todo o
território israelita de Palestina.
Desde
o domínio romano até a fundação do Estado de Israel, em 12 de maio de 1948, a
terra dos judeus era conhecida em todo o mundo como Palestina. Atualmente, contudo,
o nome de Israel tornou-se novamente, predominante.
LOCALIZAÇÃO
A
Terra de Israel está localizada no continente asiático, a 30* de latitude
Norte. Em toda a sua extensão ocidental, é banhada pelo mar Ocidental. Tendo em
vista o seu posicionamento estratégico, constituiu-se, segundo Oswaldo Ronis,
"num centro de gravidade para o mundo e as civilizações da antiguidade."
Acrescenta Ronis: "Do ponto de vista comercial, ficava na rota obrigatória
do tráfego entre o Oriente e o Ocidente, bem como entre o Norte e o Sul; e, do
ponto de vista político, igualmente passagem inevitável dos exércitos
conquistadores das grandes potências ao seu redor, razão pela qual estas se
interessavam por sua conquista e fortificação. Daí as devastações sofridas pela
Palestina em repetidas ocasiões da sua história."
No
texto bíblico Israel limita-se ao norte com a Síria e a Fenícia. Ao leste, com
partes da Síria e o deserto arábico. Ao sul, com a Arábia. A oeste, com o mar
Mediterrâneo. Esses limites, entretanto, variavam de acordo com as tendências
políticas e os movimentos militares de cada época. Constantemente, os
israelitas tinham o seu território alargado ou diminuído. No tempo de Salomão,
por exemplo, as fronteiras de Israel dilataram-se consideravelmente. Depois de sua
morte, contudo, as possessões hebraicas foram diminuindo, até serem absorvidas
pelos grandes impérios.
O moderno Estado de
Israel, por sua vez, limita-se ao norte, com o Líbano; a leste, com a Síria e a
Jordânia; ao sul, com o Egito; e, a oeste, com o mar Mediterrâneo. De exíguas
dimensões, sua área não chega a 22.000 km. Como já dissemos, é um dos menores
países do mundo. No entanto, as fronteiras do território hebraico foram
sobremodo alargadas durante a Guerra dos Seis Dias, ocorrida em junho de 1967.
Depois desse conflito, os limites israelenses foram dilatados em
aproximadamente 400 por cento.
2.2 Habitantes de Canaã
Quando
Abraão chegou a Canaã, foi muito bem recebido por seus moradores. Pôde
deslocar-se livremente pelos amplos territórios; manteve negociações com eles,
combateram juntos e viveram mais ou menos em comum, exceto na religião. Não
encontramos Abraão praticando os cultos dos cananeus nem estes o culto de
Abraão.
O
Livro de Gênesis (10.15) alinha nove nações em Canaã, mais os filisteus e
caftorins, todas debaixo do título geral: habitantes de Canaã. Quando Deus
falou a Moisés na sarça ardente, mencionou: cananeu, heteu, amorreu, perizeu,
heveu e jebuseu (Êx 3.8). Faltou girgaseu, que é lembrado em Gênesis 15.21.
Tanto em Gênesis 10 como em Gênesis 15 são mencionados outros povos e nações.
No tempo da conquista, entretanto, apenas sete nações são mencionadas em Canaã
(Js 3.10). Os filisteus não são contados com as sete nações. Formavam um
poderoso império, absorveram os pequenos povos. Por exemplo, os caftorins,
mencionados com os filisteus em Gênesis 10.14, “destruíram os aveus, que
habitavam em vilas até Gaze, e habitaram no lugar deles” (Dt 2.23). Os refains
(ou “refaítas”) foram destruídos pelos amonitas (Dt 2.20,21). Os emins (ou
“emitas”) foram desapossados por Moabe (Dt 2.10,11). Os horeus foram expulsos
de seus territórios por Edom (Dt 2.12).
Sete nações cananeias constituíam,
com os filisteus, um vasto império, uma espécie de superpotência, na terra que
Deus prometeu a Abraão e seus descendentes.
Segue um apanhado histórico de cada uma delas:
a) Amorreus
O
nome amorreu é usado no Antigo Testamento para designar: 1. Os habitantes da Palestina em geral. 2. Os povos dos montes que se opõem aos das
planícies. 3. Um povo específico, ocupando
uma cidade ou uma região maior, com seu rei. Eles eram encontrados no lado
ocidental do mar Morto (Gn 14.7), em Hebrom (Gn 14.13), em Siquém (Gn 48.22),
em Gileade e Basã (Dt 3.8- 10) e nas imediações do monte Hermom (Dt 3.8). Deus
ordenou a Israel que destruísse os amorreus (Gn 3.7; Dt 2.1). Aparecem com
cinco reis para enfrentar Josué (Js 10.5). Ezequiel refere-se a Jerusalém como
um país amorreu (Ez 16.3), e os gibeonitas descendem dos amorreus também (2Sm
21.2). Números 13.29 declara: “Os amalequitas habitam na terra do Neguebe; os
heteus, os jebuseus e os amorreus habitam na montanha; os cananeus habitam ao
pé do mar e pela ribeira do Jordão” (Nm 13.29). Siom (ou “Seom”), rei dos
amorreus, conquistou a parte de Moabe (Nm 21.21-31; Dt 2.26-35). Os amorreus
surgiram cerca de 2500 a.C. dominando Mesopotâmia e Síria com capital em Harrã.
Pouco depois, o norte da Caldeia era ocupado por dinastia amorita, cujos reis
descendiam de Sumo (o Sem da Bíblia). Hamurabi, o Anrafel de Gênesis 14.1,
pertence a essa dinastia. Nos documentos históricos da época de Hamurabi muitas
referências são feitas ao rei dos amorreus. Quando, porém, Ur sobressaiu-se na
Caldeia e no mundo, os reis dos amorreus foram subjugados. Abraão viveu em Ur
quando os amorreus já estavam enfraquecidos.
b) Heteus
Alguns críticos afirmam que os heteus não
passavam de um povo sem importância e inexpressivo, como que pretendendo negar
o valor histórico de 2 Reis 7.6. Contudo, nessa passagem bíblica, os heteus
aparecem em pé de igualdade com os egípcios; afirma-se ainda a pluralidade de
reis, isto é, uma confederação, um império; ainda mais: era um povo forte e
guerreiro, com carros, cavalos e cavaleiros. Hoje, entretanto, pelas grandiosas
descobertas arqueológicas, sabemos que os heteus formavam poderoso império e
eram senhores de vasta cultura e apuradíssima civilização. Pouco antes do
profeta Eliseu, os heteus disputaram com os egípcios o domínio da Ásia
ocidental. Nos livros históricos do Antigo Testamento os heteus aparecem com
alguma frequência e estabelecidos no norte de Israel, com cidades principais em
Hamate e Cades nas margens do rio Orontes, alongando-se na direção meridional.
Mas Gênesis menciona outros “heteus”, isto é, os filhos de Hete (Gn 15.20).
Abraão comprou dos filhos de Hete a cova de Macpela, em Hebrom (Gn 23.10); as
duas esposas de Esaú eram heteias (Gn 26.34). Provavelmente, Gênesis 10.15
refere-se aos heteus do Sul, e só à luz dessa concepção podemos entender
Ezequiel afirmando sobre Jerusalém: “… teu pai era amorreu, e tua mãe, heteia”
(Ez 16.3). Os heteus eram fisicamente feios, de pele amarelada, com fisionomia
pronunciadamente mongólica, fielmente reproduzidos nos seus próprios monumentos
e nos do Egito. Seus olhos eram escuros e negros, seus cabelos, lisos e duros.
Eram de baixa estatura e fortes; o contrário dos amorreus, que eram altos e bem
formados, de boa aparência, olhos azuis e cabelos louros. No século XII a.C. os
heteus eram fortes e aguerridos, e puderam conter o avanço assírio na Ásia
Meridional. Aos poucos, porém, foram se enfraquecendo, e os assírios os venceram.
c) Cananeus
O nome cananeu vem de Canaã, filho de Cam, filho
de Noé (Gn 10.6). Os irmãos de Canaã foram Cuxe, Mizraim e Pute. Ocuparam uma
grande faixa de terra no vale do Jordão e se estenderam pela orla do
Mediterrâneo (Nm 13.29; 14.25). Apesar de procederem do mesmo tronco racial e
de trazerem o mesmo nome, o grupo do Jordão era independente do grupo
Mediterrâneo e vice-versa. O faraó Merneptá transformou os cananeus numa
colônia egípcia. Quando Israel conquistou Canaã, o Egito perdeu sua colônia e
seus aliados. O Egito reforçou sua posição na orla marítima ocupando grande
parte do território filisteu. Sofonias 2.5 chama a terra dos filisteus de
Canaã. Nos dias de Josué, os cananeus eram um povo forte, belicoso, possuindo
carros de ferro e fortes cavalos. Tinham cidades fortificadas, tais como
Bete-Seâ, Megido, Sidom, Acor, Hebrom, Dor etc. Josué não conseguiu desapossar
totalmente os cananeus (Jz 1.27-33). Débora infringiu-lhes violenta e
desastrosa derrota, e Sísera pereceu (Jz 4). Escavações arqueológicas revelaram
muitos mistérios que escondiam a história do poderoso povo cananeu,
principalmente no período anterior à ocupação israelita.
d) Perizeus (ou ferezeus)
Descendentes de Canaã
(Gn 15.20), os perizeus eram um povo pequeno, comparado com as outras seis
nações cananeias. Perizeu significa camponês ou aldeão. O nome parece indicar a
“posição social inferior” que ocupavam na terra. Na Bíblia, eles aparecem sempre
ligados aos cananeus; daí muitos acreditarem tratar-se de um mesmo povo,
diferindo apenas nas condições sociais: os cananeus habitavam as cidades e, por
isso, constituíam a classe mais alta, enquanto os perizeus habitavam os campos
e dedicavam-se à agricultura, razão por que eram mais rudes e constituíam um
grupo inferior. Note-se que isso é hipótese; representa apenas o ponto de vista
de alguns estudiosos. Pelas numerosas referências bíblicas, os perizeus se
espalharam por toda a terra de Canaã. Quando houve contendas entre os pastores
do gado de Abraão e Ló, os perizeus estiveram presentes em parceria com os
cananeus (Gn 13.7). Jacó teve pavor deles quando em Siquém. Levi e Simeão
passaram ao fio da espada os siquemitas (Gn 34). Nos dias da conquista de Canaã,
Josué defrontou-se aos perizeus nas faldas do monte Carmelo (Js 17.15) e também
nos territórios ocupados por Judá (Jz 1.4,5). Israel desapossou os perizeus e
foram quase totalmente exterminados. Todavia, alguns permaneceram até os dias
de Salomão (1Rs 9.20).
e) Heveus
Um dos povos
descendentes de Canaã (Gn 10.17; 2Cr 1.15). Povo antigo da Síria e da
Palestina, distinto do cananeu, do jebuseu, do perizeu, do girgaseu e do
amorreu (Êx 3.8; Nm 13.29; Dt 7.1), e às vezes associado aos arqueus,
habitantes do Líbano (Jz 3.3) e da serra do Hermom (Js 11.3). O rei Davi os
encontrou no vale que leva a Hamate e os alistou com Tiro e Sidom (2Sm 24.7).
Foram conscritos por Israel como trabalhadores nos projetos de edificação do
templo de Salomão (1Rs 9.20; 2Cr 8.7). Sem dúvida alguma, outro grupo heveu se
localizou em Siquém, nas proximidades do monte de Samaria. Foi nessa região que
houve o incidente de Hamor, o heveu, com Diná, filha de Jacó, que resultou na
morte de uma grande parte desse povo (Gn 34). No tempo da conquista, os heveus
iludiram Josué e os príncipes da congregação israelita, e Josué os reduziu a
rachadores de lenha e tiradores de água para o povo de Deus (Js 9).
f) Girgaseus
Esse povo também procedeu de Canaã (Gn 10.16;
2Cr 1.14). Quando Abraão chegou a Canaã, os girgaseus já estavam na terra e
fazem parte da lista de povos que Deus deu a Abraão (Gn 15.21; Ne 9.8). Pouco
se sabe das atividades desse povo. Eles ofereceram resistência a Josué na
conquista de Canaã, mas foram vencidos pelos exércitos do Deus vivo (Dt 7.1; Js
3.10). Alguns procuram descobrir identificação entre girgaseus e gergesenos (ou
“gadarenos”) de Mateus 8.28, localidade da banda oriental do mar da Galileia.
Isso, entretanto, é apenas provável. Nos anais arqueológicos aparece outro povo
com o mesmo nome de girgaseus, que provavelmente nada tem com os de Canaã. Eis
o que afirma Kenneth Anderson Kitchen, preletor de egípcio e cóptico da
Universidade de Liverpool: Em Ugarite, do norte de Canaã (sécs. XIV/ XIII
a.C.), os girgaseus são indiretamente comprovados por dois substantivos
pessoais: grgs e bn-grgs, isto é, Girgas e Ben-Girgas (referências na obra de
Gordon, Ugaritic Manual, 1955, III, pág. 252, n.º 439). Os girgaseus bíblicos e
os girgas de ugarite são provavelmente diferentes de um povo da Ásia Menor
chamados karkisa nos relatos hititas, e krksh nos registros egípcios
correspondentes.
g) Jebuseus
Esse povo também
descende de Canaã (Gn 10.16; 15.21). Colonizaram o distrito em redor de
Jerusalém, que primitivamente se chamava Jebus, e seus habitantes, jebuseus (Jz
19.10,11; 2Cr 11.4,5; Js 15.28). Habitaram as colinas talvez não em Jerusalém,
mas nos arredores (Nm 13.29; Js 11.13; 15.8,16). A primeira referência aos
jebuseus é feita pelos doze espias (Nm 13.29), a não ser que Melquisedeque (Gn
14.18-20), rei de Salém, tenha sido rei jebuseu, e disso absolutamente nada se
sabe. Quando Josué tomou Jericó e em seguida Ai, os gibeonitas fizeram paz com
Israel. Devido a esse acordo de paz, Adoni-Zedeque, rei de Jerusalém, convocou
os reis de Hebrom, de Jarmute, de Laquis e de Eglom para formarem uma
confederação a fim de atacar Gibeão. Mas Josué socorreu seus aliados e a
confederação dos cinco reis foi derrotada diante do Senhor (Js 10.1-11). Os
gibeonitas entram em cena novamente nos dias de Davi. Eles construíram no monte
Ofel, ao sul do monte Moriá, uma fortaleza quase inexpugnável. Ninguém
conseguia penetrá-la. Joabe, sobrinho de Davi, descobriu o canal que abastecia
de água a cidade, entrou e tomou a fortaleza (2Sm 5.6-10), a mesma que Josué
não conseguira dominar (Js 15.63). Davi fortificou ainda mais a fortaleza dos
jebuseus, habitou nela e chamou-lhe Cidade de Davi. Mas tudo indica que houve
paz entre Davi e os jebuseus. Passaram a habitar a colina onde mais tarde
Salomão edificaria o templo. Araúna, o jebuseu, vendeu essa colina ao rei Davi
(2Sm 24.18-25), que edificou nela um altar e ofereceu sacrifícios ao Senhor,
para que cessasse a praga que devastava Jerusalém.
2.3 O cisma israelita –
Israel e Judá
a)
Reino Unido
Da conquista da terra,
sob Josué, até o alvorecer do período dos Juízes, Israel foi alargando seus
territórios, derrotando este e vencendo aquele. No apogeu da judicatura
(período dos juízes), porém, Israel perdeu consideráveis áreas de suas terras;
e continuou perdendo na última parte do reinado de Saul. Davi conquistou, pelas
armas, tudo o que Israel perdera sob os juízes e sob Saul, e acrescentou novas
terras. Davi derrotou os filisteus, os moabitas, Hadadezer, os siros de
Damasco, os edomitas (1Cr 18.1-13), os amonitas (1Cr 19 e 20) e conquistou
Sião, em Jerusalém (1Cr 11.4-9). Salomão conservou e consolidou as conquistas
de seu pai Davi e, mediante alianças, estendeu seus domínios até “além do rio”
(Ed 4.20), ou seja, o Eufrates. Salomão dominou tudo e sobre tudo.
b)
Reino dividido
O episódio da divisão do
reino de Israel está narrado na Bíblia. Para conhecer os pormenores é
importante ler: 1Rs 12; 2Cr 10; Ez. 47.13-23 e Ez. 48. O reino foi dividido em
duas partes: Norte (ou Israel), com capital em Siquém e Penuel (1Rs 12.25), e
depois Samaria (1Rs 16.24), com dez tribos e mais a meia tribo de Benjamim; e
Sul (ou Judá), com capital em Jerusalém, com Judá e a outra meia tribo de
Benjamim (1Rs 12.20-21; 2Cr 11.2).
2.4 Cativeiro e Restauração
a) OS CATIVEIROS ASSÍRIO E BABILÔNICO
A cisão enfraqueceu ambas as facções,
principalmente a nortista. As relações entre os reinos de Israel e Judá nem
sempre foram amistosas. De quando em quando uniam-se para combater um inimigo comum,
na maioria das vezes, contudo, estavam em guerra. Com o passar do tempo, a
identidade nacional e religiosa entre os israelitas e judaítas torna-se cada
vez mais fraca. Seguindo orientação do idolatra e inescrupuloso Jeroboão, os
moradores do Israel setentrional não desciam a Jerusalém para adorar. Esse
ciumento soberano, temendo perder os seus súditos, fechou suas fronteiras. Para
conquistar o respeito e a amizade dos israelitas, construiu-lhes dois bezerros
de ouro. E, a partir de então, ele fica conhecido como "o rei que fez
Israel pecar". Depois de Jeroboão, teve Israel mais 18 reis. Todos eles
trilharam os caminhos da idolatria e da impiedade. Com o culto a Baal,
introduzido por uma meretriz chamada Jezabel, o povo corrompeu-se completamente.
Não podendo suportar tanta apostasia, o Senhor entregou as tribos do Norte aos
inumanos e selvagens assírios. No ano de 722 a.C, as forças de Nínive invadem
Israel e levam cativos os filhos de Jacó. Inicia-se o cativeiro assírio, que
deixaria profundas sequelas na nação hebraica. Depois da destruição do Reino de
Israel, Judá sobreviveu ainda por mais de 135 anos. A maior parte desse tempo,
contudo, pagou pesados tributos à Assíria.
Com
a ascensão de Babilônia, começa a ruína do Reino do Sul. Em 605 a.C, tropas
babilônicas invadem Judá. Tem início o Cativeiro Babilônico que, segundo
Jeremias, duraria 70 anos. O Templo é destruído pelos exércitos de Nabucodonozor
em 587 a.C. Na capital do novo império, os judeus progridem. Alcançam elevados
postos na administração iniciada por Nabopolassar. Daniel, por exemplo,
tornou-se o mais influente conselheiro da realeza. Terminado o período de 70
anos, parte dos filhos de Judá retorna à Terra Santa. Centenas de milhares,
todavia, permanecem no exílio. Vagando de nação em nação, sofrendo injustas
perseguições e injustificáveis preconceitos, tornam-se errantes.
b) A RESTAURAÇÃO DE ISRAEL
Após
os exílios assírio e babilônico, a nação hebraica ficaria distante de Sião por
mais de 2.500 anos. Houve, é claro, alguns períodos de independência e glória,
mas foram esporádicos e não contaram com a participação da totalidade do povo.
O advento do férreo Império Romano, conforme já dissemos, marca o fim da
restauração nacional iniciada por Esdras, Neemias, Zorobabel e pelos profetas
Ageu e Zacarias. Os judeus, ao tentarem sacudir o jugo romano, são dispersados
por todas as nações do mundo, onde sofreram e sofrem terrivelmente. - Qual a
razão de seu sofrimento? - Sem dúvida alguma, a rejeição de seu Messias. Em
meio a povos estranhos, os filhos de Israel foram humilhados, e aterrorizados.
Seus sofrimentos, aliás, foram vaticinados por Moisés: LER: Dt 28.49-57 e Dt
28.63-68.
Durante
a sua peregrinação, Israel sofreu os mais duros revezes. Judeus foram
massacrados em todas as partes do mundo. E, nos anos que precederam ao
estabelecimento do moderno Estado judaico, Hitler ordenou a matança de seis
milhões de israelitas. Foi o mais bárbaro crime da História. Entretanto, no
final da Segunda Guerra Mundial, a nação hebraica conscientizou-se de sua
peculiar situação. Somente uma pátria na
Palestina, dar-lhe-ia a segurança necessária à sua sobrevivência. E, após
muitas batalhas diplomáticas, o Estado de Israel começa a existir a partir de
12 de maio de 1948. Cumpria-se, assim, a profecia de Isaias: "Antes que
estivesse de parto, deu à luz; ante que lhe viesse as dores, deu à luz um filho.
Quem jamais ouviu tal cousa? Quem viu cousas semelhantes? Poder-se-ia fazer
nascer uma terra num só dia? nasceria uma nação de uma só vez? mas Sião esteve
de parto e já deu á luz seus filhos" (Is 66.7,8).
Desde
a proclamação de sua independência, Israel tem enfrentado diversos conflitos
bélicos: em 1948, a Guerra da Independência; em 1956, a Guerra de Suez; em
1967, a Guerra dos Seis Dias; em 1973, a Guerra do Yom Kippur; e, em 1982, a
Guerra do Líbano. Em todos esses embates, entretanto, as forças judaicas têm
saído vencedoras, porque o Senhor dos Exércitos está ao seu lado. Cumpre-se à
risca, pois, este vaticínio de Amós: "E os plantarei na sua terra, e não
serão mais arrancados da sua terra que lhes dei, diz o Senhor teu Deus"
(Am 9.15).
A nação israelense, com o seu renascimento e
progresso, tem um grande significado para nós. O pastor Abraão de Almeida, um
dos maiores especialistas em assuntos judaicos, escreve: "Com o
cumprimento das profecias, Deus nos está mostrando sua fidelidade a Israel, e à
Igreja, fidelidade que deve induzir todos os povos a temê-lo. Por isso, o salmista
registrou: 'Tema toda a terra ao Senhor, temam-no todos os moradores da Terra,
porque falou, e tudo se fez; mandou, e logo tudo apareceu. O Senhor desfaz o
conselho das nações, quebranta os intentos dos povos. O conselho do Senhor
permanece para sempre; os intentos do seu coração de geração em geração. Bem
aventurada é a nação cujo Deus é o Senhor, e o povo que ele escolheu para sua
herança.' (Sl. 33. 8-12). Notem que o Senhor desfaz o conselho das nações,
quebranta o intento dos povos. Nenhuma das muitas resoluções do Conselho de
Segurança das Nações Unidas contra Israel prosperou ou prosperará, pois o
Senhor frustra todas as decisões que contrariem sua Palavra. Também têm sido
quebrantados os maus intentos dos inimigos de Israel, como o Egito de Nasser, a
União Soviética, a OLP (Organização para a Libertação da Palestina)
etc."
Prossegue o pastor
Abraão de Almeida: "O retorno final de Israel, a reconstrução das suas
cidades antigas e o reflorestamento do país indicam que estamos vivendo nos
últimos tempos. A Bíblia diz que a Palestina seria assolada até o fim (Dn
9.26), mas que, ao término do cativeiro, os israelitas reedificariam as cidades
assoladas e nelas habitariam, plantariam vinhas, beberiam o seu vinho e fariam,
pomares e lhes comeriam os frutos (Am 9.14)." Portanto, estejamos
vigilantes, porque a volta de Cristo concretiza-se dia após dia. Que a nossa
oração seja: "Paz sobre Israel!"
Atividade: Pesquisar sobre a situação
atual da Palestina e seu lugar no cenário mundial
UNIDADE 3 – Geografia Física -
Canaã: entre vales e montanhas
Os
geógrafos modernos, de modo geral, dividem a Terra de Israel em cinco
principais planícies: Acre, Sarom, Filístia, Sefelá e Armagedom. Um
conhecimento mais detalhado desses lugares faz-se necessário, em virtude de sua
importância na História Sagrada. Lancemos mão, portanto, de um importante ramo
da Geografia para conhecê-los melhor: TOPOGRAFIA. "Topografia" significa,
literalmente, descrição de um lugar ou de uma região. Essa palavra é formada
por dois termos gregos: "topos" - região e "gráphein" -
descrever. Essa ciência ocupa-se da medida e representação geométrica de uma
determinada porção da superfície do globo. Seu principal objetivo é fornecer
dados para a confecção de cartas geográficas.
3.1 Planícies
PLANÍCIE
DO ACRE
A planície do Acre fica no extremo Noroeste da
costa israelense, e estende-se até o monte Carmelo. Em toda a sua extensão,
bordeja a baía do Acre. Essa região, cujo nome em hebraico é "Akko",
e significa areia quente, compreende uma faixa de terra que cerceia as
montanhas localizadas entre a Galiléia, o Mediterrâneo, o Sul de Tiro até a
Planície de Sarom. Quando da divisão de Canaã, a Planície do Acre coube à tribo
de Aser (Js 19.25-28). Os aseritas, todavia, não conseguiram desalojar os
cananeus que ali habitavam.
PLANÍCIE
DE SAROM
O
significado de Sarom evoca poesia e pensamentos idílicos: Zona de Bosques. A
planície que leva esse nome localiza-se entre o Sul do monte Carmelo e Jope.
Com uma extensão de 85 km, sua largura varia entre 15 e 22 km. O seu solo era
coberto de lírios e outras flores exóticas. Ante esse selvagem esplendor,
cantou a esposa: "Eu sou a rosa de Sarom, o lírio dos vales. Ao que
respondeu o esposo: - Qual lírio entre os espinhos, tal é a minha amiga entre
as filhas" (Ct 2.1,2 - ARA). Seus bosques de frutas cítricas são famosos
em todo o mundo. Nesse aprazível recanto, podem ser encontradas quatro flores
vermelhas de grande beleza: anêmona, botão-de-ouro, tulipa e papoula. A
formosura e esplendor de Sarom é comparada pelo profeta Isaías à glória do
Líbano: (Is 35.2).
PLANÍCIE
DA FILÍSTIA
Situada entre Jope e Gaza, no Sudoeste de
Israel, a Planície da Filístia tem 75 quilômetros de comprimento e, de largura,
25. Nessa faixa de terra, habitavam os aguerridos filisteus, inimigos mortais
do povo israelita. Fértil, essa região era abundante em cereais e frutas. Os
seus figos e oliveiras eram muito apreciados. Nesse território, localizavam-se
as cinco principais cidades filistéias: Gaza,' Ascalom, Asdode, Gate e Ecrom.
Não eram propriamente cidades, mas, indevassáveis fortalezas. Nessa planície,
ficava, ainda, o Porto de Jope, muito importante para os israelitas.
PLANÍCIE
DE SEFELÁ
A
Planície de Sefelá é caracterizada por uma série de baixas colinas. A
fertilidade de seu solo é bastante notória; as colheitas de trigo, uva e oliva
são abundantes. O significado hebraico de Sefelá - terras baixas - realça bem a
topografia dessa planície. Ela nos lembra mais uma faixa de terra do que uma
planície propriamente dita. Sefelá serviu de lar aos patriarcas Abraão e Isaque
por longos anos. E, por tratar-se de uma região política e economicamente muito
importante, foi motivo várias discórdias e guerras entre israelitas e
filisteus. Apesar de sua importância estratégica e de suas peculiaridades
geográficas, o seu nome só é encontrado no livro apócrifo de primeiro Macabeus
12.38.
PLANÍCIE
DO ARMAGEDOM
Essa
planície recebe, também, estes nomes: Jezreel ou Esdraelom por causa de sua
extensão e aspectos característicos, várias passagens bíblicas tratam-na de
vale. A maioria dos geógrafos bíblicos, entretanto, prefere classificá-la de
planície mesmo. Armagedom encontra-se na confluência de três vales, dos quais o
mais importante é - Jezreel. Localizada entre os montes da Galiléia e os de
Samaria, essa planície (a maior de Israel) é insuperável em sua formosura. Suavemente,
alarga-se em direção do Carmelo até repousar nos montes Líbanos. A planície do
Armagedom é uma das áreas mais estratégicas de Israel. Constitui-se numa via de
comunicação natural entre a cidade de Damasco e o mar Mediterrâneo. No período
veterotestamentário, serviu de palco a renhidos combates. Armagedom está ligado
a um grande embate escatológico: "E os congregaram no lugar que em hebreu
se chama Armagedom" (Ap 16.16). Nessa planície, o povo de Deus sofrerá as
maiores dores de sua história.
Jesus
Cristo, todavia, escolheu esse lugar para reconciliar- se com os filhos de
Israel. Quando isso ocorrer, os israelitas livrar-se-ão, para sempre, de seus
algozes.
OUTRAS
PLANÍCIES
Deparamo-nos,
na Terra de Israel, com outras planícies, tais como as de Jericó, Dotam, Moabe,
Genezaré, etc. Mas, por serem pequenas, não são muito importantes no contexto
histórico-bíblico.
3.2 Vales da Terra Santa
Vale, segundo o Aurélio, é uma depressão
alongada entre montes ou quaisquer outras superfícies. Essa palavra é bastante
comum no Antigo Testamento. Encontramo-la 188 vezes nas escrituras hebraicas.
No Novo Testamento, contudo, é mencionada apenas uma vez. Israel é uma terra
abundante em vales. Antes da conquista de Canaã, Moisés esclarece ao povo israelita:
"Porque a terra que passais a possuir não é como a terra do Egito, donde
saístes, em que semeáveis a vossa semente, com o pé, a regáveis como a uma
horta; mas a terra que passais a possuir é terra de montes e de vales: da chuva
dos céus, beberás as águas" (Dt
11.10 e 11).
No
Novo Dicionário da Bíblia, explica-nos A.R. Millard: "Na Palestina, onde a
chuva cai somente durante certo período do ano, a paisagem é recortada por
muitos vales estreitos e leitos de riachos (ou wadis), que só exibem água durante
a estação chuvosa (em hebraico, nahal; no árabe, iradi). Frequentemente, pode
ser encontrada água subterrânea nesses wadis durante os meses de estio. (Cf. Gn
26.17,19.) Os rios perenes atravessam vales e planícies mais largos, ou então
cortam gargantas estreitas através da rocha. Não poderemos estudar todos os
vales da Terra Santa. Deter-nos-emos nos principais.
Vale do Jordão
É
o maior vale de Israel. Começa nas proximidades do monte Hermom (no Norte) e
vai até o mar Morto (no Sul). O território israelita, portanto, é cortado,
longitudinalmente, pelo vale do Jordão. Nesse vale, corre o rio Jordão, onde
Jesus foi batizado. O Jordão é, ainda, o mais profundo vale de toda a Terra: encontra-se
a 426 metros abaixo do nível do mar Mediterrâneo. Netta Kemp de Money
fornece-nos mais algumas informações sobre o vale do Jordão: "Seu solo, em
parte argiloso e arenoso, interrompe-se por penhascos e inumeráveis pedras de
forma fantástica, que imprimem àquela paisagem um ar um tanto triste e
desolador. Grande parte deste vale, todavia, é de uma fertilidade exuberante e
todo suscetível de cultivo. O vale do Jordão não constituía antigamente
barreira intransponível, mas dificultava a comunicação e o livre tráfego entre
as tribos irmãs em ambos os lados."
Vale de Jezreel
Não
podemos confundir o vale de Jezreel com a planície de mesmo nome. A confusão,
no entanto, existe. Ela ocorre em consequência da inexatidão de certos autores.
O vale de Jezreel começa nas nascentes do ribeiro de Jalud e termina no vale do
Jordão, nas cercanias de Bete-Seã. Nas proximidades desse vale, localiza-se a
moderna cidade de Zerim.
Vale de Açor
O
pecado de Acã trouxe sérios prejuízos a Israel. Em consequência desse delito,
os exércitos hebraicos sofreram irrefragáveis derrotas. A maldição só deixou o
arraial dos israelitas com o apedrejamento do reticente pecador. A punição, de
acordo com o livro de Josué, deu-se no vale de Açor: "Então Josué e todo o
Israel com ele tomaram a Acã, filho de Zerá, e a prata, e a capa, e a cunha de
ouro, e a seus filhos, e a suas filhas, e a seus bois, e a seus jumentos, e as
suas ovelhas, e a sua tenda, e a tudo quanto tinha; e levaram-nos ao vale de
Açor. E disse Josué: Porque nos turbastes, o Senhor te turbará a ti este dia.”
(Js 7.24-25)
Vale de Aijalom
O
Vale de Aijalom foi palco de um dos maiores milagres já presenciados por
qualquer ser humano. Foi nessa região que, por uma ordem de Josué, o Sol
deteve-se sobre os amorreus, possibilitando às forças israelitas, estrondosa
vitória. Nesse mesmo lugar, no Século II a.C, Judas Macabeu obteve decisivo
triunfo sobre as forças de Antíoco Epífanes, tirano grego da Síria.
Localiza-se, nessa área, atualmente, a cidade de Yalo, onde há importantes
indústrias.
Vale de Escol
Uma
região fértil e abundante em vinhedas. Assim é o vale de Escol. John Davis
fornece-nos mais algumas informações acerca desse lugar de fartura: "...
celebrizou-se pela exuberância de vinhedos, produtores de dulcíssimos cachos.
Ignora-se se este nome era já conhecido antes dos tempos de Moisés. Como quer
que seja, Hebrom relembrava aos israelitas o local onde os espias enviados por
Moisés para reconhecer a terra, cortaram o famoso cacho de uvas, que dois deles
trouxeram enfiado em uma vara." O vale de Escol, localizado nas
proximidades de Hebrom, continua a ser famoso pela sua singular fertilidade.
Atualmente, rende consideráveis divisas ao Estado de Israel, com suas uvas,
romãs e figos. Escol, em hebraico, significa cacho.
Vale de Hebrom
Durante
suas constantes e árduas peregrinações, o piedoso patriarca Abraão fixou-se,
certa feita, no Vale de Hebrom, onde fica um lugar chamado Manre. Teve, o nosso
pai na fé, nessas paragens, ricas experiências espirituais. Nessas tão
abençoadas terras, o amigo de Deus construiu um altar; recebeu a divina
promessa de que, não obstante sua avançada idade, ainda teria um filho, e,
intercedeu pelos concupiscentes sodomitas. O vale de Hebrom serviu também de
sepulcro à família patriarcal. Localizado a 30 quilômetros a sudoeste de
Jerusalém, o Vale de Hebrom está a quase mil metros acima do nível do
Mediterrâneo.
Vale de Sidim
No
Vale de Sidim, localizado na extremidade meridional do Mar Morto, ficavam as
impenitentes cidades de Sodoma e Gomorra. Recentemente, a arqueologia, com o auxílio
de outras ciências, encontrou, no vale de Sidim, vestígios de antiquíssimas
cidades. De acordo com as pesquisas científicas, esses povoados foram destruídos
por uma grande explosão. Uma vez mais, a veracidade das Escrituras Sagradas é
corroborada pela ciência. Hoje em dia, o Vale de Sidim é sem vida. Nos dias de
Ló, contudo, parecia o próprio Éden. O vale de Sidim é uma séria advertência à
raça humana: de Deus não se escarnece, porque tudo o que o homem semear isso
também ceifará.
Vale de Siquém
Certa
vez, durante o seu ministério terreno Jesus sentou-se à beira do Poço de Jacó.
E, com sua inconfundível e serena voz, falou do Reino de Deus a uma pobre e
sedenta samaritana. Daquele inefável diálogo, surgiu um grande avivamento entre
os desprezados samaritanos. O Poço de Jacó localiza-se no Vale de Siquém. Por
causa de suas inúmeras nascentes, pode ser comparado aos mananciais da
eternidade.
O
vale de Siquém foi o primeiro lar do patriarca Abraão. Nesse lugar, cujo nome
significa ombro em hebraico, Jacó armou a sua tenda, ao voltar de Harã; Diná
foi deflorada pelo imprudente príncipe Siquém; Simeão e Levi cometeram grande
chacina para vingar a irmã; e o governador José foi sepultado.
Vale de Moabe
Moisés
morreu em Moabe. Dessas terras, o maior legislador do Antigo Testamento avistou
Canaã. E, então, com a serenidade própria dos anjos, adormeceu.
3.3 Planaltos da Terra Santa
O
que é um planalto? Segundo o Aurélio,
uma "grande extensão de terreno plano ou pouco ondulado, elevado, cortado
por vales nele encaixados”.
Em
Israel, há dois grandes planaltos: o Central
e o Oriental. Ambos os planaltos têm
uma altitude média que varia entre 700 a 1.400 metros.
A) Planalto Central
O
Planalto Central compreende os planaltos de Naftali, Efraim e Judá.
1.Planalto de Naftali. - Localiza-se no Norte da Galiléia.
Nessa região, habitavam os naftalitas, famosos por sua coragem. No entanto, por
causa da fragilidade de suas fronteiras, sofriam constantes ataques por parte
de potências hostis.
2. Planalto de Efraim - Compreende a área de Samaria.
Depois do cisma israelita, ocorrido em 931 a.C, essa região passou a ser a
capital política do Reino do Norte.
3.Planalto de Judá - Situado no Sul, esse planalto é ladeado por
Betel e Hebrom. Esse território coube aos descendentes do mais extraordinário
filho de Jacó, o audacioso Judá.
B) Planalto Oriental
Localizado
no Oriente do Jordão, o Planalto Oriental, de igual modo, possui três
importantes planaltos: Basam, Gileade e Moabe.
1.Planalto de Basam - Conhecido, também,
como Auram, situa-se entre o Sul do monte Hermom e o Rio Yarmuque. No tempo de
Josué, essa fértil região estava sob o controle de Ogue, que foi derrotado,
fragorosamente, pelos israelitas. Essas terras, abundantes em trigo e pasto
para gado, passaram ao domínio da tribo de Manassés.
2.
Planalto de Gileade
- Fica entre Yarmuque e Hesbom. Esse planalto é cortado pelo Rio Jaboque. Sua
fertilidade é também notória. O bálsamo dessa região era bastante apreciado no
período veterotestamentário. Pergunta o profeta Jeremias: "Porventura não
há unguento em Gileade? ou não há lá médico?" (Jr 8.22).
3. Planalto de Moabe - Essa região é bastante rochosa. No
entanto, entrecortam-na vicejantes pastagens. Localização: ao leste do rio
Jordão e Mar Morto, prosseguindo até o rio Arnon.
3. 4 Montes da Terra Santa
O
que é um monte? Pela definição de John Davis é "Elevação natural da terra.
Aplica-se geralmente a uma eminência, mais ou menos saliente, menor do que a
montanha, e maior do que um outeiro. Estes nomes têm valor relativo; às vezes a
mesma elevação é designada, em alguns lugares por monte e em outros por
montanha”. Monte é a tradução do hebraico 'Gibah', e do grego
'Bounos'".
Inspirado
pelo Espírito Santo cantou Davi, o suave salmista: "Os que confiam no
Senhor serão como o monte de Sião, que não se abala, mas permanece para sempre.
Como estão os montes à roda de Jerusalém, assim o Senhor está em volta do seu
povo desde agora e para sempre" (Sl 125.1,2). Por que Davi, em seus mais
belos salmos, refere-se, aos montes? Os montes sempre exerceram fortíssima
influência sobre o espírito do povo de Deus. Nessas elevações, vislumbravam os
israelitas a magnitude divina. A importância dos montes na Bíblia é muito
grande. As tábuas da Lei foram dadas por Deus a Moisés num monte; Arão morreu
num monte; também Moisés; a bênção e a maldição foram proclamadas em montes;
João Batista nasceu nas montanhas; Jesus nasceu na região montanhosa da Judéia;
sua grande batalha com o Diabo foi num monte; num monte foi o seu maior sermão;
transfigurou-se num monte; agonizou num monte; foi crucificado num monte; e
sepultado e ressurreto num monte, e, ainda, ascendeu ao Céu de um monte, e
mais: voltará, colocando seus pés no monte das Oliveiras."
3.4.1
Os montes de Judá, de Efraim e de Naftali
Nessas
saliências, os israelitas presenciaram grandes acontecimentos e deles
participaram. Atualmente, essas elevações servem-lhes de solene memorial:
recordam-lhes os intrépidos juízes; os altivos reis; os piedosos profetas; os
judiciosos mestres do povo. etc.
A- Montes de Judá
Os
montes de Judá localizam-se ao Sul dos montes de Efraim. Constituem-se de uma
série de elevações, entre as quais há herbosos vales, por onde correm riachos
que deságuam nos mares Morto e Mediterrâneo. Eis os mais notórios montes de Judá: Sião, Moriá, Oliveiras e o da Tentação.
Monte Sião - Localizado na parte Leste de
Jerusalém, o monte Sião ergue-se ali soberano e altivo. Com aproximadamente 800
metros de altura, ao nível do Mediterrâneo, é a mais alta montanha da cidade
Santa. Designa-o desta forma o profeta Joel: "E vós sabereis que eu sou o
Senhor vosso Deus, que habito em Sião, o monte da minha santidade; e Jerusalém
será santidade; estranhos não passarão mais por ela" (Jl 3.17). O Monte
Sião era habitado pelos Jebuseus. Davi, entretanto, ao assumir o controle
político-militar de Israel, resolveu desalojá-los. A partir de então, aquela
singular elevação passou a ser a capital do Reino de Israel. Em virtude de sua
posição privilegiada, era uma fortaleza natural para a cidade de Jerusalém.
Mais tarde, ordenou Davi fosse levada a Arca da Aliança a Sião. Por causa
disso, o monte passou a ser considerado santo pelos hebreus. Décadas mais
tarde, com a remoção da sagrada urna ao Santo Templo, Sião passou a designar,
também, a área compreendida pela Casa do Senhor. E, não foi muito difícil a
própria Jerusalém ser chamada por esse abençoado nome. No Monte Sião
encontra-se a sepultura do rei Davi. Em uma das lombadas dessa memorável área,
localiza-se um cemitério protestante. Após o Exílio Babilônico, os judeus
começaram a identificar-se, com mais intensidade, com Sião. Na luxuriante e
soberba Babilônia, eles lembravam-se desse nome e derramavam muitas lágrimas.
Nos tempos modernos, foi criado um movimento, visando à criação do Estado de
Israel, cujo nome é Sionismo. Essa designação reflete bem o amor dos judeus por
sua terra. A Igreja de Cristo é considerada a Sião Celestial, repleta de
justiça e habitada por homens, mulheres e crianças comprados pelo sangue do
Cordeiro.
Monte Moriá -
O que significa Moriá? O professor Zev Vilnay, citado por Enéas Tognini,
explica: "Os sábios de Israel perguntaram: - 'Por que este monte se chama
Moriá?' - Porque vem da palavra 'Mora', que, em hebraico, significa temor.
Desta montanha o temor de Deus percorreu a terra toda. Outra versão diz que vem
de 'ora', que quer dizer luz, pois quando o Todo-poderoso ordenou: 'Haja luz',
foi do Moriá que pela primeira vez brilhou a luz sobre a humanidade." Moriá
é, também, sinônimo de sacrifício e abnegação. Nesse monte, o patriarca Abraão
passou a maior prova de sua vida espiritual. Desafiado por Deus, preparava-se
para sacrificar seu único filho Isaque, quando ouviu este brado: "Abraão,
Abraão! E ele disse: Eis-me aqui. Então disse-lhe o anjo do Senhor: Não estendas
a mão contra o moço, e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a
Deus, e não me negaste o teu filho, o teu único" (Gn 22.11,12). No tempo
de Abraão, Moriá não designava propriamente um monte, mas uma região. Mil anos
após a era patriarcal, Salomão construiu o Templo nessa elevação. A Casa do
Senhor, entretanto, foi destruída por Nabucodonozor, em 587 a.C. reconstruída
no tempo de Esdras e Neemias, foi novamente destruída pelo general Tito, no ano
70 de nossa era. Atualmente, sobre esse monte, encontra-se a Mesquita de Ornar,
um dos lugares mais sagrados para os muçulmanos. Hoje, Moriá poderia ser
chamado "Montanha das Lágrimas". Do Templo, restou apenas uma muralha
na qual judeus de todo o mundo choram seu exílio e suas amarguras. O Muro das
Lamentações é o último resquício da glória passada de Israel.
Monte das Oliveiras - O Monte das Oliveiras situa-se no
setor oriental de Jerusalém. O Vale do Cedrom separa-o do monte Moriá. Na parte
ocidental do Monte das Oliveiras, fica o Jardim do Getsêmani. Nos dias do
Antigo Testamento, essa sagrada elevação era coberta de oliveiras, vinhedos,
figueiras e uma série de outras árvores frutíferas e ornamentais. A fertilidade
dessa região é proverbial e secular, haja vista que, depois do exílio
babilônico, a Festa dos Tabernáculos foi realizada com os ramos das árvores do
Olivete. No Jardim do Getsêmani, Jesus enfrentou um dos mais dolorosos momentos
de seu ministério. Envolto na sombra da noite, clamou. Pressionado pelos nossos
pecados, chorou. Ali, seu corpo foi esmagado por causa das nossas
transgressões.
Monte da Tentação - Logo após o seu batismo, foi Jesus levado a
um monte, onde passou 40 dias. Em completo jejum por 40 dias, foi tentado pelo
Diabo; teve fome depois de terminar o jejum e sofreu a solidão. Essa elevação,
que serviu de claustro ao Salvador, é conhecida como o monte da Tentação.
Distante 20 quilômetros a leste de Jerusalém, esse monte fica a quase 1000
metros acima do nível do mar. Sua altura, contudo, não ultrapassa a 300 metros,
por encontrar-se no profundo terreno do vale do Jordão. Caracterizado por muita
aridez, possui inúmeras cavernas, onde os monges refugiam-se para meditar. Na
realidade, as Sagradas Escrituras não declinam o nome do monte onde o Senhor
foi tentado. Entretanto, o Monte da Tentação é o único que corresponde ao
cenário onde Cristo travou uma de suas mais decisivas batalhas.
B- Montes de Efraim
A
região montanhosa de Efraim abrange a área ocupada pelos efraimitas, pela
metade dos manassitas e por uma parcela dos benjamitas. Conhecemos essa área,
também por estes nomes: monte de Naftali, monte de Israel e monte de Samaria.
Essa área é classificada, geograficamente, como Planalto Central. Eis os mais
importantes montes de Efraim: Ebal e Gerizim. Sobre ambos os montes, foram
pronunciadas as maldições e as bênçãos sobre os filhos de Israel. Ambas as
elevações, testemunham os visitantes, formam um anfiteatro, com perfeita
acústica.
Monte Ebal - Do Ebal foram pronunciadas as
maldições. Jotão proclamou seu célebre apólogo do cume desse monte. E, dessa
engenhosa maneira, incitou Israel a lutar contra o usurpador Alimeleque. Tanto
o Ebal, como o Gerizim, ocupam posição estratégica. Para se alcançar qualquer
parte da Terra Santa, há de se passar, necessariamente, por ambos os montes
"Ebal" significa, em hebraico, pedra.
Monte Gerizim - Ao contrário do Ebal, o monte Gerizim
é coberto por reconfortante vegetação. Nesse monte, foram abertas muitas
cisternas para captar águas da chuva. Após o exílio babilônico, os samaritanos,
instigados por Sambalá, construíram um templo sobre o Gerizim. Visavam tirar a
glória do Templo reconstruído por Esdras e Neemias. Continua sendo o lugar de
adoração dos samaritanos. Segundo dizem, foi nesse monte que Abraão pagou o
dízimo a Melquisedeque.
C - Montes de Naftali
Essa
designação diz respeito a todo o conjunto montanhoso do Norte da Terra Santa.
Abrange a região da Galiléia. Quando da conquista de Canaã, esse território foi
destinado às tribos de Aser, Zebulom, Issacar e Naftali. Os naftalitas ficaram
com uma área mais extensa. Em virtude disso, essas terras passaram a ser
conhecidas como Naftali. Eis os
quatro mais importantes montes dessa região: Carmelo, Tabor, Gilboa e Hatim.
Monte Carmelo - Travou-se no Carmelo um dos mais
renhidos combates entre a fé e a idolatria. Cheio do Espírito Santo, Elias
desafiou várias centenas de profetas de Baal. A vitória, é claro, coube ao
profeta do Senhor. Esse monte, em virtude dessa confrontação, é símbolo de
prova e fogo. O Carmelo não é propriamente um monte. Faz parte, na realidade,
de uma cordilheira de 30 quilômetros de comprimento. Sua largura oscila entre 5
a 13 quilômetros, a começar do Mediterrâneo em direção ao Sudeste do território
israelita. O ponto mais elevado dessa serra não atinge 600 metros. O duelo de
Elias com os falsos profetas deu-se exatamente no cume do monte Carmelo. No
lado Norte dessa cordilheira, passa o rio Quisom, onde os vassalos de Baal
foram exterminados. Oswaldo Ronis acrescenta-nos mais alguns detalhes acerca do
Carmelo: "Este é o único monte que se destaca do planalto central na
direção oeste, formando um promontório ao sul da planície do Acre (Accho ou
Asher) e é a única parte do território da palestina que avança mar Mediterrâneo
adentro, formando, ao Norte, a baía do Acre onde se localiza a cidade de Haifa.
Note-se que este monte ou serra forma uma barreira entre as planícies
Esdraelom, ao norte e Sarom ao sul, apresentando em seus flancos inúmeras cavernas
que, pela sua conformação interna, parece (algumas) terem sido habitadas. Uma delas é conhecida como a 'Gruta de Elias'
, que hoje é um santuário muçulmano."
Monte Tabor - Localizado também na Galiléia, o Tabor
tem 320 metros de altura. Trata-se de um monte solitário, plantado na
luxuriante Esdraelom. Visto do Sul, lembra-nos um se- micírculo. Dista a apenas
10 quilômetros de Nazaré e a 16 do mar da Galiléia. Situa-se a 615 metros acima
do nível do Mar Mediterrâneo. De seu cume podem-se avistar magníficas paisagens.
A alma poética dos hebreus embevecia-se com os maravilhosos quadros
vislumbrados desse monte. O Tabor, por esse motivo, era comparado ao monte
Hermom. O Tabor é muito importante no Antigo Testamento. Em suas cercanias, os
exércitos de Débora e Baraque combateram as forças de Sísera. Mais tarde,
Gideão, nessa mesma área, colocou em fuga os batalhões dos midianitas. Nos dias
de Oséias, foi construído um santuário pagão sobre o monte Tabor, contra o qual
clamou o santo profeta: "Ouvi isto, ó sacerdotes, e escutai, ó casa de
Israel, e escutai, ó casa do rei, porque a vós pertence este juízo, visto que
fostes um laço para Mizpá, e rede estendida sobre o Tabor" (Os 5.1).
Tempos mais tarde, foi construída uma cidade no topo desse monte. Em 218 a.C.,
Antíoco a conquistou e transformou-a em uma fortaleza. O Tabor seria cenário,
ainda, de vários conflitos entre romanos e judeus. O historiador Flávio Josefo,
por exemplo, fortificou uma determinada área desse monte. Dessas fortificações,
sobraram, somente, trechos de um muro. A partir do Século III de nossa era,
renomados teólogos começaram a ventilar esta hipótese: A transfiguração do
Cristo deu-se no Monte Tabor. Visando perenizar esse importantíssimo momento da
vida terrestre de Jesus, a mãe de Constantino Magno, Helena, ordenou fossem
construídos três santuários: um para Jesus, e os outros dois para Moisés
(representante da Lei) e Elias (representante dos profetas). Hoje, todavia,
acredita-se que a transfiguração ocorreu nas encostas sulinas do monte Hermom.
O Tabor, atualmente, é chamado de Jabal al-Tur pelos árabes. Os israelenses
continuam a tratá-lo de Har Tãbhôr.
Monte
Gilboa - Com 13 quilômetros de comprimento e com uma largura que varia
entre 5 a 8 quilômetros, o Monte Gilboa está localizado no Sudeste da planície de
Jezreel. Sua forma é alongada. Situa-se a 543 metros de altitude. Em Gilboa,
que significa fonte borbulhante em hebraico, morreram o rei Saul e seu filho
Jônatas, quando combatiam os incircuncisos filisteus. A fatalidade inspirou
este cântico davídico: "Vós, montes de Gilboa, nem orvalho, nem chuva caia
sobre vós, nem sobre vós, campos de ofertas alçadas, pois aí desprezivelmente
foi profanado o escudo dos valentes, o escudo de Saul, como se não fora ungido
com óleo" (2 Sm 1.21). As colinas do Gilboa são conhecidas, hodiernamente,
como Jebel Fukua.
Monte Hatim - Localizado nas proximidades do mar
da Galiléia, o monte Hatim compõe o chamado Cornos de Hatim. Sua altitude não
ultrapassa os 180 metros. É um lugar bastante atrativo. De seu topo, pode-se
avistar o Mar da Galiléia. Seus dois picos principais têm a aparência de
chifres. Acredita-se ter sido esse o monte, do qual Cristo pronunciou o célebre
Sermão da Montanha. O Hatim é conhecido, de igual modo, como o Monte das
bem-aventuranças.
3.4.2
Montes Transjornanianos
Os
montes transjordanianos são conhecidos, também, como Montes do Planalto. Eis as
suas principais elevações: Gileade,
Basam, Pisga e Peor.
Monte de Gileade - Trata-se de um conjunto montanhoso.
Vai do Sul do Rio Yarmuque ao mar Morto. Gileade é dividido pelo Ribeiro de
Jaboque, onde Jacó lutou com o Anjo do Senhor. Essa foi a primeira região
conquistada pelos israelitas e coube à tribo de Gade. O profeta Elias é
originário dessa terra. No tempo de Jesus, esse território era conhecido como
Peréia. O nome dessa localidade surgiu com o encontro entre Jacó e Labão.
Designou-a, o primeiro, assim: Jegar-Saaduta. E, o segundo, Galeed. Ambas as
nomenclaturas significam montão do testemunho. Essa região, na antiguidade, era
famosa pela sua fertilidade. De seu solo, explodiam o trigo, cevada, oliveira e
legume. O seu bálsamo era procuradíssimo. Hoje, esse território está em poder
da Jordânia. Para os judeus ortodoxos, entretanto, Gileade é a eterna possessão
dos filhos de Israel.
Monte de Basam - Basam é um dilatado e fertilíssimo
conjunto de montanhas. Ao norte, limita-se com o monte Hermom. Ao leste, com a
região desértica da Síria e da Arábia. A Oeste, com o Jordão e o mar da
Galiléia. E, ao sul, com o Vale do Yarmuque. Assim refere-se Davi a esse monte:
"O monte de Deus é como o monte de Basam, um monte elevado como o monte de
Basam" (Sl 68.15). As terras do Basam, por causa de sua fertilidade,
constituem-se um celeiro para Síria e o Estado de Israel. Na era
veterotestamentária, essa região estava coberta de cedros e carvalhos. E, em
suas viscejantes pastagens, eram apascentados numerosos rebanhos. Nos dias de
Abraão, o monte de Basam era habitado pelos temidos refains, um povo
constituído de homens de elevada estatura. O último soberano dessa nação foi
executado pelos israelitas. Trata-se de Ogue, cuja cama media aproximadamente
quatro metros de comprimento e quase dois de largura. Essa área foi destinada,
por Moisés, aos manassitas.
Monte Fisga - Do cimo do monte Pisga, contemplou Moisés
a Terra Prometida: "Então subiu Moisés das campinas de Moabe ao Monte
Nebo, ao cume de Pisga, que está defronte de Jericó; e o Senhor mostrou-lhe
toda a terra, desde Gileade até Dã. Assim morreu ali Moisés, servo do Senhor,
na terra de Moabe, conforme o dito do Senhor" (Dt 34.1 e 6). O Pisga está
localizado na planície de Moabe. Dista 15 quilômetros do Leste da foz do rio
Jordão. Moisés vislumbrou o solo da promissão de uma altura de 800 metros. O
monte Pisga é conhecido, também, como Nebo. Alguns autores, contudo, dizem
haver, nessa região, dois montes: o Pisga e o Nebo.
Monte Peor - O monte Peor está localizado nas
imediações do Nebo. Em hebraico, "Peor" significa abertura. Nesse
monte era adorado o imoral Baal-Peor. Do monte Peor, tentou Balaão amaldiçoar
os filhos de Israel. No entanto, seus esforços foram em vão. Como último
recurso para prejudicar a marcha dos israelitas, induziu-os a participar das
sensuais cerimônias de adoração de Baal-Peor. Não fosse a ação pronta e
enérgica de Moisés, os hebreus teriam se corrompido completamente. Desse lamentável
episódio, falaria mais tarde o grande legislador: "Os vossos olhos têm
visto o que Deus fez por causa de Baal-Peor: pois a todo o homem que seguiu a
Baal-Peor o Senhor teu Deus consumiu no meio de ti" (Dt 4.3).
3.4.3
- Monte Sinai
O
Sinai constitui-se de uma península montanhosa, localizada entre os golfos de
Suez e Acaba. Nessa região, Deus apareceu a Moisés e o comissionou a libertar
Israel do jugo faraônico. Da sarça ardente, clamou o grande Jeová: "Eu sou
o que sou". Em frente a esse monte, ficaram os israelitas acampados por
quase um ano. Nesse santo lugar, o Senhor entregou a Lei aos filhos de Israel
(Êx 19 e Nm 10). Conhecido também como Horebe, o monte Sinai serviu de refúgio
a Elias. Nele, o profeta, o ardente profeta de Jeová, pôde esconder-se da
perversa Jezabel. "Sinai", segundo os exegetas, significa sarça
ardente, fendido ou rachado. Dizem alguns ser esse nome uma evocação a Sin,
deusa da Lua. Nas Sagradas Escrituras, esse monte recebe três diferentes
designações: Monte Sinai. Horebe e Monte de Deus. Essa sagrada elevação tem uma
forma triangular. Seus vértices superiores repousam nos territórios asiático e
africano. Ao Leste, é banhada pelo Golfo de Acaba. Ao Ocidente, pelo Golfo de
Suez. A área da Península do Sinai mede 35.000-. Nessa região, podemos
encontrar três zonas geológicas: Cretácea, Arenística e Granítica. Apesar de
aridificado, esse território tem os seus encantos particulares. Os montes
erguem-se soberanos e altivos. Queimadas pelo Sol, as areias mostram-se
multicolo-ridas. A vegetação é sobremodo escassa, tornando a sobrevivência
humana praticamente impossível. Os oásis são uma raridade. Em alguns locais,
contudo, vislumbram-se verdes vales, em virtude da água, que provém da neve de
alguns altos picos. Nesses lugares, os anacoretas encontram repouso e silêncio
para a sua meditação. O Sinai pertencia ao Egito. No entanto, na Guerra dos
Seis Dias, em 1967, Israel capturou toda essa região. Segundo a Palavra de
Deus, a região do Sinai pertence, de fato, aos israelitas.
3.5 Desertos da Terra Santa
Nas
Sagradas Escrituras, de acordo com o Novo Dicionário da Bíblia, os vocábulos
traduzidos como "deserto" incluem não somente os desertos estéreis de
dunas, de areia ou de rocha, que surgem e dão cor à imaginação popular, mas
igualmente designam terras plainas de estepes e terras de pastagem, apropriada
á criação de gado. O vocábulo "deserto" pode ser encontrado 36 vezes
como adjetivo e 284 como substantivo, no Antigo Testamento. -Já no Novo
Testamento, a mesma palavra aparece 12 vezes como adjetivo e 36 como
substantivo. A palavra hebraica mais traduzida como deserto é
"midbar". Ela tem vários significados: região plana e apropriada à
criação de gado; área meio fértil e meio árida: e deserto propriamente dito.
Eis mais alguns termos hebraicos traduzidos como deserto: "yesimon" -
território desértico; "orbáh" - aridez, desolação, ruína (castigo
divino); "tohu" - vazio; "siyyah" - terra árida.
Atualmente,
contudo, o termo deserto designa, segundo a Enciclopédia Mirador, regiões de
escassas precipitações e nas quais a cobertura vegetal é praticamente nula ou,
então, está reduzida a algumas plantas isoladas. Encontramos mais estas
informações na Mirador: "A insuficiência das precipitações, quer sob o
aspecto quantitativo, quer do ponto de vista de sua distribuição no decorrer do
ano, é a característica mais importante das regiões secas. É difícil encontrar
um limite numérico para especificar as regiões secas,* por causa da
complexidade dos fatores atuantes. Tentou-se delimitar o Saara pelo isoketa de
10 mm e as regiões áridas pela de 250 mm. Mas tais cifras não possuem valor
geral, porque a aridez e, principalmente, a semi-aridez se manifestam em
regiões com 50 mm ou mais de precipitações, como o Nordeste brasileiro, que
recebe, por vezes, quantidades superiores a 750 mm. Há uma graduação de aridez,
que se estende desde os desertos quase absolutos, denominados de 'tonezrouft'
no Saara, até os desertos relativos, localizados nas áreas limítrofes com as
regiões úmidas. Além da deficiência das precipitações, é preciso lembrar a sua
irregularidade, que se torna maior à medida que a região é mais árida. A
presença de camadas de ar geralmente muito seco e sem nuvens, e o solo desnudo,
cujo aquecimento aumenta a radiação (e, em consequência, provoca intensa
evaporação), são as causas prin- cipais do déficit que caracteriza a
aridez." Os principais desertos citados nas Sagradas Escrituras
localizam-se no Sul e no Oriente de Israel. Agrupam-se os primeiros na
Península do Sinai. Os outros, encontram-se nas outras regiões do país.
Veremos, pois, como o povo de Deus conviveu com essas inóspitas áreas.
I -
DESERTO DO SINAI - Os filhos de Israel
caminharam no deserto durante quarenta anos. Nesse período, aprenderam a
conviver com as agruras do Sinai. Não obstante a aridez daquele solo, nada lhes
faltou. Supriu-lhes o Senhor todas as necessidades. Durante essas quatro
décadas, os israelitas deixaram de ser um bando de escravos e transformaram-se
em uma forte e robusta nação. O Deserto do Sinai recebe, ainda, estes nomes:
Sur, Para, Cades, Zim e Berseba. Os geógrafos descrevem-no como um colossal
deserto. Vai do Noroeste da península do mesmo nome ao golfo do Suez. Essa
região constitui-se de um maciço montanhoso. Nesse lugar, recebeu Israel a lei
de Moisés.
II -
DESERTO DA JUDÉIA - As áreas localizadas
do Leste dos montes de Judá ao rio Jordão e ao mar Morto formam o deserto da
Judéia. Subdivide-se este em vários desertos sem importância: Maon, Zife e
En-Gedi. Nessa árida região, perambulou Davi quando era perseguido pelo rei
Saul. Eis mais alguns desertos de Judá: Tecoa e Jeruel. Nesse território, o rei
Josafá obteve estrondosa vitória sobre as forças moabitas e amonitas. Nessa
mesma região. o profeta Amos exerceu o seu ministério e João Batista clamou
contra seus reticentes contemporâneos.
III
- DESERTOS DE JERICÓ, BETE-ÁVEN E GA-BAOM - O deserto de Jericó fica no território
benjamita. Esse desolado território forma, segundo descreve o pastor Tognini,
um longo desfiladeiro rochoso de cerca de 15 quilômetros que desce de Jerusalém
a Jericó. Nessa área, há muitas cavernas, nas quais escondem-se malfeitores.
Essa região serviu de cenário para a Parábola do Bom Samaritano, contada por
Jesus Cristo. Bete-Áven e Gabaom são outros importantes desertos de Jericó. Em
Gabaom, por exemplo, obteve Josué importante vitória sobre os inimigos dos
israelitas.
ISRAEL
VENCE OS DESERTOS
Cinquenta
por cento das terras israelenses compõem o Deserto do Neguev. No entanto, o
moderno Estado de Israel está vencendo a aridez de seus desertos e transformando-os
em uns vergéis. O pastor Abraão de Almeida compendia estas informações acerca
do reflorescimento das áreas desérticas da Terra Santa: "Os progressos
obtidos por Israel na transformação do Neguev em um jardim regado são, de fato,
impressionantes. Desde o início da década de 80 vêm sendo aplicados mais de
três bilhões de dólares na construção de estradas, aquedutos e linhas de
comunicação, a fim de abrigar novas instalações militares e cerca de uma
centena de novos povoados agrícolas. E a chave para toda essa revitalização do
deserto reside no aumento das fontes hidrológicas. Há inclusive, um projeto
arrojado, que objetiva conduzir mais que um bilhão de toneladas de água por ano
do Mediterrâneo para o mar Morto, através de um canal cortando o Neguev. Esse
grande canal levaria água fresca à indústria local e água dessalinada aos
agricultores, além de resolver um sério problema: a alarmante evaporação das
águas do mar Morto, que pode mesmo morrer, se providências sérias não forem
tomadas."
3.6 Hidrografia da Terra Santa
Como
já dissemos, 50 % do território israelense são compostos, apenas, pelo Deserto
do Neguev. A água, por causa disso, constitui-se em questão vital para o Estado
de Israel. Os escassos cursos de água são muito bem aproveitados. A
insuficiência hídrica, entretanto, parece estrangular o desenvolvimento
econômico e demográfico desse jovem país do Médio Oriente. Não fosse o
eficiente sistema de irrigação israelense, os 5.000 km de campos aráveis
forneceriam uma produção tão exígua que não daria, sequer, para o consumo
interno. Essa área, apesar de parecer, hoje, um jardim, recebe pouquíssimos
benefícios das chuvas. Além disso, o seu índice de evaporação é bastante
elevado. Na realidade, o verdadeiro potencial agrícola de Israel é composto por
menos de 2.000 km de terras
intensivamente irrigadas. Nos últimos anos. os israelenses têm intensificado a
irrigação de seu território. Um autor especializado em assuntos do Oriente
Médio escreve: "A produtividade das terras só podem melhorar caso haja
maior aproveitamento dos recursos hídricos. Como estes não admitem ampliação, a
única solução para elevar a produtividade do solo de Israel - ou pelo menos
conservar o nível alcançado - é fornecer menos água para as terras já
irrigadas, liberando, desta forma, recursos para a irrigação de novas
áreas." A vida em Israel, por conseguinte, não seria possível sem sua
hidrografia. Em todos os momentos de sua história, os hebreus sempre
mostraram-se preocupados com os seus parcos recursos hídricos. Não obstante,
têm sabido superar essas barreiras de maneira maravilhosa.
Antes
de estudarmos os mares, rios e lagos da Terra Santa, vejamos o que é,
realmente, hidrografia. Etimologicamente, a palavra hidrografia é formada por
dois vocábulos gregos: "hidro" - água; e, "graphein"
descrever. A hidrografia, portanto, é a ciência que estuda todos os corpos de
água que há na superfície do Globo. São objetos de seu estudo, pois, os
oceanos, mares, rios, lagos e geleiras. Ela detém-se. ainda, nas propriedades
físicas e químicas das águas. A hidrografia encarrega-se, também, de elaborar
cartas referentes às bacias fluviais, leitos de rios e lagos e fundos de mares
e oceanos.
a) MARES DA TERRA SANTA
A hidrografia de Israel é composta por três
mares: Mediterrâneo, Morto e da Galiléia. Este último, conforme veremos mais
adiante, não é propriamente um mar. Entre os hebreus, segundo explicação de
Orlando Boyer, "mar" compreendia qualquer grande massa de água. Eles
consideravam-no criação do Senhor: "Do Senhor é a terra e a sua plenitude,
o mundo e aqueles que nele habitam. Porque ele a fundou sobre os mares, e a
firmou sobre os rios" (SI 24.1,2)
Tecnicamente,
o mar pode ser definido, de conformidade com Aurélio, como a massa de águas
salgadas do globo terrestre: cada uma das porções em que está dividido o
oceano; e, grande massa de água salgada situada no interior dum
continente.
1 -
Mar Mediterrâneo
O
Mediterrâneo aparece nas Sagradas Escrituras com outros nomes: Mar Grande, Mar
Ocidental, Mar dos Filisteus, Mar de Jata. Biblicamente, ele é tratado
simplesmente de o Mar. Através desse mar, Salomão recebeu os valiosos cedros do
Líbano, para a construção do Templo. Em suas águas foi Jonas lançado, quando
fugia da presença do Senhor. Ao contrário do profeta engolido pelo grande
peixe, Paulo utilizou-se do Grande Mar para universalizar o Evangelho.
2 -
Mar Morto
O
mar morto não é assim designado nas Sagradas Escrituras. Em virtude da imensa
quantidade de sal existente em suas águas, é chamado de mar Salgado pelos escritores
bíblicos. No livro de Josué, deparamo-nos com este registro: "Pararam-se
as águas que vinham de cima; Levantaram-se um montão, mui longe da cidade de
Adã, que está da banda de Sartã; e as que desciam ao mar das campinas, que é o
mar Salgado, faltavam de todo e separaram-se: então passou o povo defronte a
Jericó" (Js 3.16). Há, calcula-se, 25 por cento de sal nas águas do mar
Morto. Suas águas, por conseguinte, são demasiadamente densas. É quase
impossível mergulhar ou afogar-se nesse estranho mar. o mar do Sal ocupa uma
área de 1.020 km. Na região ocupada hoje pelo Mar Morto, ficavam,
provavelmente, as impenitentes cidades de Sodoma e Gomorra, destruídas pelo
Todo-poderoso. Nessas águas salgadas, não há qualquer espécie de vida. Esse
mar, por conseguinte, é o próprio símbolo da consequência do pecado: a morte. O
Estado de Israel, entretanto, extrai do mar Morto bilhões de dólares em sal e
minérios. A riqueza desse inusitado lago é mais que formidável: 22 trilhões de
toneladas de cloreto de magnésio; 11 trilhões de toneladas de cloreto de sódio;
7 trilhões de toneladas de cloreto de cálcio; 2 trilhões de toneladas de
cloreto de potássio e 1 trilhão de toneladas de brometo de magnésio. Essas
cifras foram extraídas do livro "Geografia da Terra Santa", de Enéas
Tognini. O mar Morto, tendo em vista a sua singular posição geográfica, não tem
nenhum escoadouro para suas águas. Esse problema é solucionado pela descomunal
evaporação. Aproximadamente 8 milhões de toneladas de água são evaporadas por
dia nessa região, onde a temperatura, no verão, chega a 50º. Em algumas épocas
do ano, esse lago chega a lembrar um gigantesco tacho em ebulição. Nas
proximidades do mar Morto, ficava a Fortaleza de Maquerus, construída por
Alexandre Janeu, no ano 88 a.C.. e arrasada pelos romanos em 56 a.C. Herodes. o
Grande, reconstruiu-a mais tarde. Nela, foi supliciado o precursor do Messias,
o piedoso João Batista. Herodes mandou construir, ainda, na margem ocidental
dessa imensa fossa salgada, a cidadela de Massada, último reduto da resistência
judaica ao domínio romano. Ao Norte, encontramos as ruínas da comunidade
essênia, onde foram encontrados os famosos manuscritos do mar Morto.
3 -
Mar da Galiléia
O
mar da Galiléia não é propriamente um mar. Trata-se, na realidade, de um grande
lago de água doce, formado pelo rio Jordão. No Novo Testamento, recebe os
seguintes nomes: mar de Quinerete, mar de Tiberíades e lago de Ge-nezaré. Por
que então os judeus o tratam de mar? Por causa de seu tamanho e violentas
borrascas que o agitam constantemente. O mar da Galiléia tem 24 quilômetros de
comprimento por 14 de largura. Com uma profundidade média de 50 metros,
encontra-se a quase 230 metros abaixo do nível do Mediterrâneo. Tendo em vista
sua posição, serve de ponto de equilíbrio às águas do Jordão. O mar da Galiléia
está distante do Mediterrâneo umas 27 milhas. E, de Jerusalém, 60 milhas em
direção ao Nordeste. Em suas margens orientais, encontram-se altas montanhas.
Já em seu lado ocidental, podemos contemplar férteis planícies e importantes
cidades como Genezaré, Betsaida, Tiberíades, Cafarnaum, Corazim e Magdala.
Nessa região, Jesus desenvolveu importantes facetas de seu ministério: ensinou,
fez prodígios e maravilhas, repreendeu a fúria das águas e, com intrepidez,
anunciou o Reino dos Céus. O Divino Mestre, inclusive, andou sobre as águas
desse grande lago, causando pânico em seus discípulos. Ao Norte do mar da
Galiléia, o clima é bastante agradável, propício ao desenvolvimento de grandes
projetos agro-pecuários. Eis as impressões de W. J. Goldsmith: "Na
Galiléia, vimos sete feições salientes: sua dependência do Líbano, abundância
de água dele provenientes, fertilidade e fartura, características vulcânicas,
grandes estradas atravessando a região, população densa e operosa, e a proximidade
do mundo exterior. Pois bem: essas sete feições da Galiléia em geral, vemo-las
concentradas no lago e suas margens. O lago da Galiléia era, efetivamente, o
centro focai da província. Imaginemos aquela abundância de água, fertilidade,
influência vulcânica, estradas, população numerosa, comércio, indústria e forte
influência grega - imaginemos tudo isto reunido em um profundo vale, sob um
calor quase tropical, e temos o cenário onde surgiu o cristianismo e onde o
próprio Cristo trabalhou." No período neotestamentário, havia nove cidades
em redor do mar da Galiléia, com uma população global de quase 150 mil
habitantes. Acrescenta Goldsmith: "Betsai-da e Cafarnaum ficavam ao norte,
atravessadas pela estrada galiléia de maior movimento, a Vila Maris, porém não
podemos precisar-lhe o local. O sítio mais provável de Cafarnaum, onde Jesus
morava e onde viu Mateus 'sentado na coletoria', é o que hoje se denomina Tel
Hura." Com o seu formato oval, o mar da Galiléia é muito piscoso. Nesse
lago, podemos encontrar 22 espécies de peixes, entre as quais: carpas,
sardinhas, peixe-gato, peixe-galo e o famoso "chromis simonis", ou peixe
de São Pedro. No tempo de Jesus, a pesca era uma rendosa indústria em
Cafarnaum. George Adam Smith, descreve desta forma o maravilhoso lago de
Israel: "Águas doces, cheias de peixes, uma superfície de cintilante azul.
O lago da Galiléia é, ao mesmo tempo, comida, bebida e ar; um descanso para os
olhos, um suavizante do calor e um refúgio do ruído e da multidão."
4-
Mar Vermelho
Embora não pertença à Terra Santa, encontra-se
o mar Vermelho estreitamente ligado à história do povo israelita. Ele é
conhecido nas Sagradas Escrituras como "Yam Suph", que significa
plantas marinhas. O mar Vermelho separa os territórios egípcio e saudita. Na
parte setentrional, divide- se em dois braços pela península do Sinai, o braço
ocidental é conhecido como golfo de Suez. O oriental, golfo de Akaba. Acerca do
golfo de Suez, informa Buckland: "O golfo de Suez gradualmente se tem
estreitado desde a era cristã (Is 11.15 e 19.5), secando-se a língua do mar
Vermelho em uma distância de 50 milhas. Por isso vai-se tornando maior a
dificuldade de determinar onde atravessaram os israelitas o mar Vermelho; mas
provavelmente devia ter sido perto dos atuais lagos Amargos. A entrada do Golfo
de Akaba estavam os dois únicos portos do mar Vermelho, mencionados na Bíblia:
- Elate e Eziam-geber. A parte mais larga do mar Vermelho, até o sítio onde se
tende em dois Golfos, é de 200 milhas, e a parte mais estreita é de 100 milhas,
pouco mais ou menos. A largura do golfo de Suez é, em média, de 18 milhas,
sendo a do golfo de Akaba consideravelmente menor, o primeiro comunica com o
mar Mediterrâneo, pelo Canal de Suez. É provável que os israelitas tivessem
atravessado o mar Vermelho, num ponto que fica cerca de 30 milhas ao norte da
atual entrada do golfo do Suez, isto é, na extremidade setentrional do mar
Vermelho, como ele então era. Como todo o exército egípcio pereceu nas águas,
devia neste lugar o mar Vermelho ter tido pelo menos a largura de 12 milhas. O
livramento dos israelitas, na travessia do mar Vermelho, tornou-se, no espírito
da nação judaica, o maior fato da sua história."
b) RIOS DA TERRA SANTA
O
que é um rio? Fomos obrigados a recorrer, uma vez mais, ao mestre Aurélio. Eis
a sua definição: "Curso de água natural, de extensão mais ou menos
considerável, que se desloca de um nível mais alto para outro mais baixo,
aumentando progressivamente o seu volume até desaguar no mar, num lago, ou
noutro rio, e cujas características dependem do relevo, do regime de águas,
etc." O hebraico possui um número considerável de vocábulos que são
constantemente usados. "Nahal" significa, segundo o Novo Dicionário
da Bíblia, um wadi ou vale dotado de uma corrente de água; no verão,
transforma-se num leito seco ou ravina, ainda que no inverno seja uma
correnteza copiosa. Acrescenta o mesmo dicionário: "O segundo termo,
'nãhãr', é a palavra regular com o sentido de 'rio' na língua
hebraica."
Quando
da descoberta do Brasil, escreveu Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal:
"As águas são muitas." Em Israel, no entanto, conforme já dissemos,
os recursos hídricos são sobremaneira escassos. Dos rios existentes na Terra
Santa, só o Jordão merece, de fato, esse nome. Os outros, no Brasil, por
exemplo, seriam chamados de arroios e riachos. Vejamos, pois, como são os rios
israelitas. Em primeiro lugar, estudaremos os que compõem a bacia do
Mediterrâneo. Depois, os que formam a bacia do Jordão.
1 - Bacia do Mediterrâneo
A
bacia do Mediterrâneo é composta pelos seguintes rios: Belus, Quisom, Cana, Gaás, Serec e Besor.
1.1 - Rio Belus - Correndo ao sudoeste do território asserita, o
rio Belus caminha em direção ao mar Mediterrâneo. Nas Sagradas Escrituras, ele
aparece com o nome de Sior-Libnate, conforme lemos em Josué 19.26: "E
Alameleque, e Amade, e Misal: e chega ao Carmelo para o ocidente, e a
Sior-Libnate." As águas do Belus são despejadas na baía do Acre, nas
proximidades da cidade de Acco. Durante dois terços do ano, esse rio permanece
seco, constituindo-se em um dos numerosos wadis palestínicos. Hoje, esse rio é
chamado de Namã pelos árabes e judeus.
1.2 -
Rio Quisom - O Quisom é o maior rio da bacia do Mediterrâneo e o segundo em
importância de Israel. Chamam-no os árabes de Nahr Makutts. Nascendo em
Esdraelom, recebe inúmeras vertentes durante o seu curso. Nas imediações do
Tabor e do Pequeno Hermom, ele já é bem caudaloso. Nas proximidades do Quisom,
ficava Tminate, onde morava Dalila, a meretriz filistéia que causou a desgraça
de Sansâo. Esse rio deságua no Mediterrâneo, entre Jope e Ascalom. Ao contrário
do Belus, o Quisom é perene, ou seja, suas águas não secam nem no verão.
1.3 - Rio Cana - O rio Cana é citado
apenas no Antigo Testamento. Constituía-se em fronteira natural entre as Tribos
de Efraim e Manassés. Nasce nas imediações de Siquém e atravessa a planície de
Sarom. Como os anteriores, despeja suas águas no mar Mediterrâneo. Seu nome
decorre do fato de ele correr nas proximidades da cidade de Cana de Efraim (não
confundir com a localidade onde Cristo realizou o seu primeiro milagre). Na
antigüidade, havia abundância de juncos em suas margens. Esse rio é, também, um
wadi: só possui água nos meses chuvosos.
1.4
-
Rio Gaás - O destemido líder e bravo
general hebreu, Josué, foi sepultado no monte Gaás. Perto dessa elevação, corre
um rio, também chamado Gaás. Um rio? Não, um ribeiro! À semelhança dos outros
wadis, só possui água em determinados períodos do ano. As águas do Rio Gaás
banham a planície de Sarom e desembocam no mar Mediterrâneo, nas proximidades
de Jope. "Gaás", em hebraico, significa terremoto.
1.5
-
Rio Sorec - O Sorec despeja suas águas
no Grande Mar, entre Jope e Ascalom, ao Norte do antigo território filisteu.
Suas nascentes ficam nas montanhas de Judá, a sudoeste de Jerusalém. No vale,
por onde corre esse rio, morava a noiva de Sansão. Em suas redondezas, ficava o
Vale de Sora, terra natal do profeta Samuel. Em hebraico, "Sorec"
quer dizer vinha escolhida, em virtude dos vinhedos existentes nas margens
desse rio.
1.6
-
Rio Besor - O Besor não é propriamente
um rio, mas um ribeiro que fica nas imediações de Ziclaque, no Sul de Judá. É o
mais caudaloso dos wadis que deságuam no mar Mediterrâneo. O atual nome desse
rio é Sheriah. Nas redondezas de Besor, o bravo Davi libertou os habitantes de
Ziclaque das garras dos amalequitas. Foi um dos maiores feitos do filho de
Jessé e antecessor real de Jesus. Besor é sinônimo de refrigério.
2 - Bacia do Jordão
A
bacia do Jordão é formada pelos seguintes rios: Jordão, Querite, Cedrom,
Iarmuque, Jaboque e Arnom. Alguns desses afluentes são bastante pequenos, quase
inex- pressivos. Vale a pena, porém, conhecê-los, pois estão intimamente ligados
à história da salvação.
Rio Jordão - O rio Jordão tem três fontes: Banias,
Dan e Hasbani. Elas não nascem em território israelense; começam a correr no
monte Hermom, localizado na Síria. Em hebraico, "Jordão" significa
declive ou o que desce, por causa de seu vertiginoso curso: do cume do Monte
Hermom à mais profunda depressão do planeta - o mar Morto. Apesar da sua importância histórica, o
Jordão é um rio pequeno. Tem 252 quilômetros de extensão, levando-se em conta os
seus infindos meandros.
Havia,
nos tempos bíblicos, grande floresta às margens do rio Jordão. Segundo
depreendemos de alguns textos bíblicos, nesses frondosos bosques havia até
leões. Hoje, porém, a região encontra-se desnuda e, praticamente, morta. Com
muita dificuldade, consegue-se encontrar tamareiras, palmeiras e tamargueiras
nessa aridificada área. Eis como o rio Jordão é mencionado pela primeira vez
nas Sagradas Escrituras: "E levantou Ló os seus olhos, e viu toda a
campina do Jordão, que era toda bem regada, antes de o Senhor ter destruído
Sodoma e Gomorra, e era como o jardim do Senhor, como a terra do Egito quando
se entra em Zoar. Então Lô escolheu para si toda a campina do Jordão, e partiu
Ló para o Oriente, e apartaram-se um do outro" (Gn 13.10 e 11). Abraão,
Isaque e Jacó tornaram-se íntimos do Jordão. As águas desse rio abriram-se para
o povo de Deus conquistar Canaã. Mostrando-se perene e, resistindo a todas as
intempéries, o Jordão sempre esteve ligado à história de Israel. Foi em seu
leito que Naamã viu-se livre da lepra. Às margens do milenar Jordão, João
Batista batizou o Filho de Deus. O Jordão não é um rio atraente. Do ponto de
vista humano, Naamã tinha toda a razão em não querer banhar-se em suas escuras
e barrentas águas. Afinal de contas, na terra natal desse corajoso general,
havia cristalinos riachos. Não bastasse sua falta de beleza natural, nas
imediações do Jordão, o clima é quente e sufocante. El-Seri-Ah al-Kabirah é o
nome árabe do rio Jordão. Eis o seu significado: o grande bebedouro. Por que
essa designação? Em virtude, talvez, do grande volume de águas que lança no mar
Morto: 17.280.000 m por dia. O Jordão não é navegável, mas, serviu de área
defensável a Israel durante vários séculos.
Rio Querite - Perseguido pela diabólica Jezabel, o
profeta Elias recebeu do Senhor a seguinte ordem: "Vai-te daqui, e vira-te
para o Oriente, e esconde-te junto ao ribeiro de Querite, que está diante do
Jordão. E há de ser que beberás do ribeiro: e eu tenho ordenado aos corvos que
ali te sustentem. Foi pois, e fez conforme a palavra do Senhor: porque foi, e
habitou junto ao ribeiro de Querite, que está diante do Jordão" (1 Rs
17.3-5). O Querite, também não é propriamente um rio. Trata-se de mais um dos
numerosos wadis existentes na Terra Santa. Para alguns autores, aliás, não
passa de um filete de água que, a maior parte do ano constitui-se em um vale
seco. Tendo sua nascente nos montes de Efraim, o Querite deságua no rio Jordão.
Rio Cedrom - O monte das Oliveiras é separado do
Moriá por um rio. Eis o seu nome: Cedrom. Essa designação significa em hebraico
escuro. Nascendo a dois quilômetros e meio de Jerusalém, corre para o sudoeste.
Em seu curso, acompanha os muros da cidade Santa. Antes de lançar suas águas no
mar Morto, vagueia durante 40 quilômetros. Pelo ribeiro do Cedrom passou o rei
Davi, quando fugia de seu demagogo e ambicioso filho: "E toda a terra
chorava a grandes vozes, passando todo o povo: também o rei passou o ribeiro de
Cedrom, e passou todo o povo na direção do caminho do deserto" (2 Sm
15.23). Absalão desejava a morte de seu pai para reinar sobre Israel. Séculos
mais tarde, Jesus, o maior descendente do rei Davi, passou por essa região:
"Tendo Jesus dito isto, saiu com os seus discípulos para além do ribeiro
de Cedrom, onde havia um horto, no qual ele entrou e seus discípulos" (Jo
18.1).
Rio Iarmuque - Constituindo-se no maior afluente
oriental do Jordão, o rio Iarmuque é formado por três braços. Quando da
conquista de Canaã, serviu de fronteira entre a tribo de Manasses e a região de
Basã. Após escorregar-se pelos montes, o Iarmuque penetra no rio Jordão, a 200
metros abaixo do nível do mar. Esse rio não é mencionado nas Sagradas
Escrituras. Os gregos o conhecem como Ieromax. Atualmente, é chamado de
Sheriat-el-Man-jur.
Rio Jaboque - O Jaboque nasce ao sul da montanha
de Gileade. Tributário oriental do Jordão, esse rio corre em três destintas
direções: leste, norte e Noroeste. Antes de desembocar no Jordão, descreve,
entre o mar da Galiléia e o mar Morto, uma semi-elipse. Seu curso tem aproximadamente
130 quilômetros. O rio Jaboque é perene e, no passado, servia de fronteira
entre as tribos de Rubem e Gade. Em suas imediações, o patriarca Jacó lutou
contra o Anjo do Senhor. Foi um combate acirrado. Mas, no final, o piedoso
hebreu recebeu inefável bênção do Senhor. No Vale do Jaboque, portanto, a
semente de Abraão recebeu sua designação nacional: Israel. Jaboque significa o
que derrama. Os árabes, entretanto, chamam-no de Nahar ez- Zerka - rio azul.
Rio Arnom - Em 1868, o missionário alemão, F.A. Klein,
encontrou em Dibom, nas imediações do rio Arnom, a famosa Pedra Moabita, que
contém uma inscrição em hebraico e fenício. Essa escritura bilíngue confirma a
historicidade do trecho bíblico de segundo Reis 3.4-27. A descoberta
arqueológica de Klein mostra quão importante é o rio Arnom (que significa
rápido e tumultuoso) para a história da Terra Santa. O rio Arnom nasce nos
montes de Moabe e desemboca no mar Morto. Durante séculos, esse afluente serviu
de fronteira natural entre os moabitas e amorreus. Mais tarde, com a conquista
de Canaã, separou os israelitas dos moabitas. Isaías e Jeremias falaram acerca
do Arnom. Profetizou o primeiro: "Doutro modo sucederá que serão as filhas
de Moabe junto aos vaus de Arnom como o pássaro va-gueante, lançado fora do
ninho" (Is 16.2). Atualmente, o Arnom é conhecido como Wadi el-Modjibe.
Nas épocas de chuva, esse rio é volumoso. Entretanto, depois da primavera,
começa a secar.
Lago
de Merom
A
palavra portuguesa lago vem do latim 'lacus' e significa reservatório de água.
Esse termo latino, contudo, é oriundo deste vocábulo grego: "Lakkos"
- fosso, poço. Geograficamente, os lagos são constituídos de grandes massas de
água concentradas em depressões topográficas, cercadas de terra por todos os
lados. Eles encontram-se, com mais frequência, em zonas de latitudes elevadas,
mas, são universalmente distribuídos. No que tange às dimensões, não há
uniformidade. Via de regra, os lagos são alimentados por riachos ou rios. O
escoamento de suas águas é feito por meio de um ou mais emissários.
Encontramos
apenas um lago na Terra Santa. Trata-se do Lago de Merom. O mar da Galiléia é
também considerado um lago. No entanto, por causa de suas avantajadas
dimensões, não é assim, classificado. O lago de Merom é conhecido, também como
águas de Merom, conforme registra o livro de Josué: "Todos estes reis se
ajuntaram, e vieram e se acamparam junto às águas de Merom, para pelejarem
contra Israel. E disse o Senhor a Josué: Não temas diante deles; porque amanhã
a esta mesma hora eu os darei todos feridos diante dos filhos de Israel; os
seus cavalos jarretarás, e os seus carros queimarás a fogo. E Josué, e toda a
gente de guerra com ele, veio apressadamente sobre eles às águas de Merom: e
deram neles de repente" (Js 11.5-7). Formado pelas águas do Jordão, o lago
de Merom tem 10 quilômetros de comprimento por seis de largura. Acha-se a dois
metros acima do Mediterrâneo. Sua profundidade varia entre três e quatro
metros. Hoje, esse lago perdeu sua antiga forma, porque foi adaptado pela
engenharia às exigências do país. Merom fica a 20 quilômetros do mar da
Galiléia.
3.7 Clima da Terra Santa
Apesar
de suas dimensões territoriais, a Terra Santa apresenta uma impressionante
variedade climática. Com muita razão ela é considerada a síntese meteorológica
do mundo. Antes, porém, de estudarmos esse importantíssimo aspecto de Israel,
daremos algumas noções elementares acerca do que convencionamos chamar de
clima. "Clima" é uma palavra de origem grega, que significa inclinar,
reclinar. Maximilien Sorre explica: "O clima é modernamente definido como
a síntese do tempo ou o ambiente atmosférico constituído pela série de estados
da atmosfera acima de um lugar, em sua sucessão habitual." Embasa-se o
estudo do clima na observação dos vários tipos de tempo, apresentados de forma
encadeada e rimada em determinado lugar. Deve-se levar em conta, também, a
dependência dos movimentos executados pelas massas de ar e suas frentes. A
Enciclopédia Mirador Internacional fala acerca da importância das variações climáticas:
"O clima está de tal forma ligado ao mundo biológico do planeta, que a
atual repartição geográfica das espécies animais e vegetais não pode ser bem
compreendida sem o seu estudo; intervém ainda na formação dos solos, na
decomposição das rochas, na elaboração das formas do relevo, no regime dos rios
e das águas subterrâneas, no aproveitamento dos recursos econômicos, na
natureza e ritmo das atividades agrícolas, nos tipos de cultivo praticados, nos
sistemas de transportes e na própria distribuição dos homens sobre o
globo.
Israel,
geograficamente, localiza-se na faixa subtropical. Explica-se, portanto, a
variedade de seu clima. Genericamente, contudo, apenas duas estações sobressaem
na Terra Santa: a chuvosa e a seca. Ambas são acompanhadas, respectivamente,
com muito frio e calor.
a) MONTANHAS
Um
país montanhoso, assim é Israel. Hebrom é o ponto mais elevado do território
israelita, com mais de mil metros. Jerusalém, por seu turno, encontra-se a 800
metros de altura. Nas montanhas, o clima é fresco e bastante ventilado. No
verão, esse quadro altera-se um pouco, em conseqüência das correntes de ar
quente provenientes do Sul e do neves e frequentes geadas. No verão, os
termômetros oscilam entre 14 e 29 graus.
b) LITORAL
Encontrando-se
ao ocidente do mar Mediterrâneo, Israel é bafejado por reconfortadoras e
constantes brisas, rincipalmente, à noite. Durante o inverno, a temperatura
baixa para menos de 14º em Gaza e Jafa. No pico do verão, os termômetros chegam
a registrar 34?! Em algumas localidades situadas mais ao norte, o inverno
torna-se insuportável.
c) DESERTO
De
uma maneira geral, nos desertos de Israel, as temperaturas oscilam, no verão,
entre 43º, 47º e 50º. Inclui-se, nessa classificação, o Vale do Jordão.
VENTOS
As
correntes de ventos que varrem o Oriente Médio encarregam-se da formação do
clima da Terra Santa: as úmidas, do mar Mediterrâneo, as frias, dos montes do
Norte; e as quentes, das regiões desérticas. Eis como os hebreus classificavam
os ventos: Safon, portador de geadas; Quadim,
faz
crescer a vegetação; O do Oeste encarrega-se das chuvas; e, Darom é mensageiro
do calor. Há, também, uma corrente de ar proveniente da Arábia, cognominada
Sirô. Esses ventos são tão quentes que chegam a queimar a lavoura.
ESTAÇÕES
Depreendemos
de algumas passagens bíblicas que, no Oriente Médio, havia somente duas
estações: inverno e verão. Diz o profeta Isaías: "Eles serão deixados
juntos às aves dos montes e aos animais da terra e sobre eles veranearão as
aves de rapina, e todos os animais da terra invernarão sobre eles" (Is
18.6). Começava o inverno em outubro e estendia-se até o mês de março. Nessa
época, os montes cobriam-se de neve. O verão tinha o seu início em abril e ia
até setembro. Os agricultores aproveitavam bem essa estação para colher e
preparar a terra.
CHUVAS
Ao
contrário do Egito, as chuvas em Israel são abundantes. As primeiras chuvas
começam em outubro e, constituem-se em fortes aguaceiros, notadamente, no
litoral. Nas montanhas, as precipitações são fracas e finas. No deserto não
chove. Alguns estudiosos, porém, acreditam que, no tempo de Herodes, o Grande,
as chuvas não eram escassas nas regiões desérticas. Isto porque, ele construiu
uma fortaleza em Massada com grandes cisternas, para captar água proveniente
das chuvas. Eis a média das precipitações pluviais: 1090 mm por ano. O orvalho
continua a cair na Terra Santa. Até mesmo as áreas desérticas recebem essa
dádiva dos céus. O orvalho de Hermom, por exemplo, é proverbial.
3. 8 Cidades e Estradas
A) Estradas e caminhos da Palestina
Na
Palestina, tanto no Antigo como no Novo Testamento, havia dois tipos de
estradas. O primeiro tipo é indicado pelas palavras orah e natib, que se
referem a um caminho mais largo, mais regular, próprio para o trânsito de
tropas com ou sem carro, tanto de guerra como comercial. Nem sempre o nome orah
vem declarado; afirma-se, entretanto, que certos povos possuíam carros, de onde
se conclui que esses carros transitavam certamente por orah, como podemos
constatar de Gênesis 45.27; 46.5; Juízes 1.19; 19.18; 1Samuel 25.20; 2Samuel
6.6 e Atos 8.28-31. O segundo termo hebraico para designar caminho era derek;
não propriamente um “atalho”, um “trilho”, mas um caminho batido pelos pés dos
homens e dos animais, principalmente de camelos. Esse vocábulo aparece mais de
700 vezes na Bíblia. Derek pode ser simples caminho como em Salmos 119.105 e
Isaías 36.2 etc., mas pode aparecer como derek ha-Melek, então trata-se de um
caminho real como em Números 20.17 e 21.22.
Dentre
os termos “estrada”, “caminho” e “vereda”, a palavra “caminho” é a que mais
aparece na Bíblia. Estrada é larga e caminho é estreito. Mateus 7.13,14
estabelece a diferença. Israel estava plantado no mundo antigo entre as duas
superpotências da época: Egito, no ocidente, e Mesopotâmia, no levante. Essas
potências disputavam a hegemonia do mundo e lutavam. Israel era o caminho
inevitável para as grandes disputas.
As
estradas e os caminhos, além do significado bélico, constituem um meio de
comunicação entre um povoado e outros, entre duas cidades, entre dois países,
entre continentes. Com elas se estabelecia o intercâmbio espiritual, cultural e
comercial entre os povos. Pela direção que tomavam e pelo curso que seguiam, as
principais estradas de Israel eram:
Via Maris
No
hebraico: Derek ha-Yam. Saía de Damasco e se dirigia a Tolemaida, no
Mediterrâneo. Tolemaida ficava na primitiva tribo de Aser ao norte do monte
Carmelo. Mais tarde, os romanos prepararam um grande porto em Cesareia, capital
política do Império no Oriente Médio. Ficava ao sul do monte Carmelo, na tribo
ocidental de Manassés.
Estrada do Centro
Eram
na verdade duas estradas. Uma saía de Jerusalém e se dirigia para o sul,
passando por Belém, chegava em Hebrom. Aqui se bifurcava: um ramal descia para
Gaza e alcançava a estrada da Costa. Por aqui desceu o eunuco da Etiópia,
evangelizado por Filipe (At 8.26-40). O outro ramal seguia para Berseba,
chegando em Eilate. A outra Estrada do Centro saía também de Jerusalém e seguia
para o norte, passando por Betel, Siquém, Citópolis (Bete-Seã), Cafarnaum, até
encontrar-se com a Via Maris. Em Bete-Seã, cruzando o Jordão, unia-se à estrada
do Leste. De Siquém, saía um ramal para Cesaréia, passando por El-Ganim. Esse
caminho serpeava pelos montes. Jesus palmilhou essa estrada pelo menos três
vezes (veja Jo 4.3,4,43; Lc 9.51-56; 17.11-19). Os judeus que iam a Jerusalém
evitavam esse caminho devido à inimizade com os samaritanos. O Senhor Jesus,
entretanto, ficou acima desse ódio racial.
Estrada da Costa
Saía
do Egito, de um dos pontos da fértil região do Delta. Seguia por uma região
deserta, tanto como 120 km, e atingia o Mediterrâneo na altura de Gaza.
Continuava, pela costa, até Ascalom, Jamia, Jope, Cesareia, Tolemaida, Tiro e
terminava em Sidom. A primeira parte, entre Egito e Gaza, é chamada na Bíblia
de “caminho da terra dos filisteus” (Êx 13.17). Era uma estrada
preferencialmente militar. Por isso, Deus não permitiu que seu povo seguisse
tal caminho. Nele estava a guerra. Ao chegar a Jope, um ramal deixava a estrada
real e seguia pra Jerusalém, passando por Lida, onde se bifurcava: um caminho
dava em Jerusalém, na porta de Damasco, passando por Bete-Horom e Gabaom, e
outro chegava até a Porta de Jafá, em Jerusalém, passando por Emaús. Paulo,
quando levado a Cesareia, passou pelo primeiro (At 23.31). Jesus acompanhou
Cleopas e seu companheiro pelo segundo na tarde do primeiro dia da ressurreição
(Lc 24.13-31).
Estrada do Leste
Saindo
de Jerusalém, cruzava o vale de Cedrom, subia o monte das Oliveiras, chegava a
Betânia. Descia para Jericó. Atravessava o Jordão, no passo natural na altura
de Betânia de Além-Jordão. Subia os montes da Galaade, passava por Filadélfia
(a primitiva Rabá de Amom) e continuava até Damasco, serpeando pela Decápolis. Em
Filadélfia (Pereia do Novo Testamento), um ramal seguia para Gerasa, Pela,
Betábara e, no sul do lago de Tiberíades, por um passo natural, atravessava o
Jordão e penetrava na região da Galileia. Era o caminho perlustrado pelos
judeus que iam da Galileia para Jerusalém. O Senhor Jesus palmilhou esse
caminho inúmeras vezes. Foi também pela Estrada do Leste que Paulo e seus
companheiros possivelmente seguiram para Damasco para perseguir os cristãos (At
9) e foi onde o apóstolo se encontrou com o Filho de Deus.
B) Cidades
Multidões
acompanhavam o Mestre pelas poentas estradas da Terra Santa. O vocábulo
“multidão” no plural ou no singular aparece mais de 130 vezes nos quatro evangelhos. Essas multidões
não eram pequenas. Na primeira multiplicação de pães e peixes diz-se que cinco
mil homens foram alimentados (Mc 6.44); sem dúvida alguma, houve outro tanto ou
mais de mulheres e número maior de crianças. Em outras ocasiões maiores
multidões seguiam o Senhor Jesus. De onde vinham essas multidões? Lucas 5.17
responde que procediam de “toda a Judeia”, de Jerusalém e de todo o litoral de
Tiro e Sidom. Mateus 4.25 acrescenta: da Galileia, de Decápolis, de Jerusalém,
Judeia e dalém do Jordão.
Será
impossível descrever uma a uma as centenas de cidades palestinenses alinhadas
na Bíblia. Algumas foram destruídas, outras abandonadas, outras soterradas e
outras transformadas. Também não citaremos todos os nomes, pois essa seria uma
tarefa para um dicionário bíblico. Descreveremos algumas, as mais importantes.
I –
JERICÓ - Localiza-se no Vale do Jordão,
no território entregue à tribo Benjamim. Encontra-se a 28 quilômetros de
Jerusalém. O nome dessa cidade significa, segundo alguns autores, lugar de
perfumes ou fragrâncias. Jerico foi a primeira cidade conquistada pelos filhos
de Israel. Era famosa por suas fortificações. É considerada, ainda, uma das
metrópoles mais antigas do mundo.
II – BELÉM - Encontrando-se a 10 quilômetros a leste de
Jerusalém, é a cidade do rei Davi. Casa de pão é o que significa Belém. Pela
sua posição geográfica, é uma fortaleza natural. Fica a quase 800 metros acima
do nível do mar. Nessa cidade nasceram dois importantíssimos personagens: Davi,
e Jesus Cristo, o Salvador do mundo. Apesar de sua importância histórica, Belém
foi sempre uma aldeia insignificante. Não obstante, seus campos, ainda hoje
conservam a mesma fertilidade dos tempos bíblicos.
III
- HEBROM - Eis o primeiro nome dessa cidade: Quiriat Arba. Encontra-se a 32
quilômetros ao sul de Jerusalém e a mil metros acima do mar Mediterrâneo.
Abraão morou em suas redondezas. Em Hebrom, foi Davi ungido rei sobre Israel. É
tida, também, como a primeira cidade de Judá. Atualmente, Hebrom é uma grande
cidade com mais de 40 mil habitantes, em sua maioria árabes. Eis suas
principais fontes de renda: artesanatos, artefatos de cerâmica e pequenas
indústrias. A agropecuária é, por enquanto, sem expressão.
IV -
JOPE - Na distribuição de Canaã, Jope coube à tribo de Dã. Atacada várias vezes
pelos filisteus, a cidade foi libertada por Davi. Mais tarde, Salomão
utilizou-se de seu porto para receber cedros do Líbano, usados na construção do
Templo.
V - NAZARÉ
- Situada em um grande monte, a 400 metros acima do nível do mar, Nazaré
encontra- se a 170 quilômetros de Jerusalém. No tempo das chuvas, as encostas
da cidade ficam recobertas por lindas flores. O nome dessa importante
localidade significa florescer. Jesus Cristo foi criado nessa cidade. Por isso
mesmo, Ele é chamado de Nazareno. Até 1948, Nazaré era controlada por
muçulmanos. Mas, em 16 de julho de 1948, passou ao domínio dos israelenses.
VI -
CAFARNAUM Cafarnaum foi escolhida por Jesus para ser o centro de seu
ministério. Seu nome significa "aldeia de Naum". Em Cafarnaum, Jesus
passou dezoito meses, realizando grandes milagres. Seus habitantes, entretanto,
não receberam a mensagem de amor do Messias. E, conforme as palavras de Cristo,
Cafarnaum desceu, de fato, até o inferno. Nunca mais foi edificada.
VII
- SAMARIA - A cidade, construída por Onri, pai de Acabe, encontra-se a 60
quilômetros ao Norte de Jerusalém. Situa-se a 400 metros acima do Mediterrâneo.
Após o cisma israelita, Samaria passou a ser a capital do Reino de Israel. Para
essa cidade, foram transportados, após o cativeiro israelita, povos estranhos
que, juntamente com alguns hebreus, deram origem aos samaritanos. Mais tarde,
estes causaram muitos embaraços a Esdras e a Neemias. No tempo de Jesus, ainda
era grande a rivalidade entre as comunidades hebraica e samaritana.
VIII
- DECÁPOLIS - No grego, Decápolis significa "dez cidades". Esse
agregamento estava situado em espaçoso território a leste do mar da Galiléia.
As cidades foram construídas por gregos, na tentativa de helenizar a região.
Sofreram, entretanto, grande oposição dos judeus, principalmente da família
macabéia.
IX – Jerusalém - Jerusalém significa, em hebraico, habitação de paz. Seu nome é mencionado pela primeira vez na Bíblia
em Josué 10.11. Entretanto em Gênesis 14.18 encontramos uma referência sobre a
cidade, sob o nome de Salém. De acordo com a tradição, assim era chamada a
capital judaica. Eis alguns outros nomes bíblicos de Jerusalém: Jebus (Jz; 19.10); Sião (Sl 87.2); Ariel (Is 29.1);
Lareira de Deus (Is 1.26); Santa Cidade (Is 28.2; Mt 4.5); Cidade da Justiça
(Is 1.26).
A
história de Jerusalém possui mais de 3000 anos e no transcorrer desse longo
tempo foi conhecida por vários nomes. Apesar de Jerusalém ser o nome mais comum
e o que permanece até os dias atuais, destacamos ainda os nomes:
Urasalim – provavelmente seu nome mais antigo,
contido nas cartas de Tel-el-Amarna, escritas por volta de 1400 a.C.
Salém – nome mais antigo que aparece nas
Escrituras, em uso nos dias de Abraão (Gn 14.18)
Sião- esse é o nome de um dos montes da
cidade.
Jebus – por ser a cidade dos jebuseus na
época dos juízes (Jz. 19.10-11).
Cidade de Judá – por ser capital do Reino de Judá
(Sul), bem como a principal cidade do Reino (II Cr. 25.28)
Aelia Capitolina – nome dado pelo imperador romano
Adriano, que a reedificou em II d.C. Aelia em honra a Adriano, cujo o primeiro
nome era Aelius e Capitolina por ter sido dedicado a Júpiter Capitolino,
divindade suprema dos romanos.
El-Kuds – nome dado a Jerusalém pelos árabes,
significando “Santa”.
Jerusalém
sempre esteve ligada pelos quatro pontos cardeais a toda a Palestina (Israel) e
aos países estrangeiros. Desde os tempos de Abraão já havia caminhos cruzando a
Terra de Canaã em todas as direções. Tais informações podem ser verificadas em
Juízes 1.19; I Reis 22.31; 35.38; II Reis 23.30; Atos 8.28 etc.
O
aspecto geral da topografia da cidade ao tempo de Cristo apresentava a
configuração de um trapézio irregular, de cordilheiras e vales, com elevações e
depressões.

UNIDADE 4 – Geografia
Humana de Israel
4.1 - A FAMÍLIA HEBRAICA
Para os hebreus, a família é de origem divina.
E, de fato, o é. Disse o Senhor ao criar os primeiros representantes da raça
humana: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e
domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e
sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. E criou
Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou. E
Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a
terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos
céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra" (Gn 2.26-28). A
importância da família para o judeu é indiscutível. É considerada mais
importante que o próprio indivíduo. Honoré de Balzac, a propósito, escreveu:
"Por isso considero a Família e não o indivíduo o verdadeiro elemento
social. Sob esse ponto de vista, arriscando ser olhado como um espírito
retrógrado, tomo lugar ao lado de Bossuet e de Bonald, em vez de andar com os
inovadores modernos." Henri Daniel-Rops ressalta o valor da unidade familiar
em Israel: "Quando o jovem Jacó foi procurar seu tio Labão em Harã, a fim
de encontrar trabalho e uma esposa; Labão, ao reconhecê-lo como membro de sua
família, exclamou: 'É meu osso e minha carne'. Este símbolo, tão típico do
estilo bíblico, era muito usado pelo povo do Livro, e correspondia à realidade.
A família era em Israel a base vital da sociedade, a pedra fundamental de todo
o edifício. Nos primeiros tempos ela formava até mesmo uma entidade separada
sob o ponto de vista da Lei, uma parte da tribo; na época de Cristo era talvez
mais frágil do que nos dias dos patriarcas, quando o indivíduo não tinha valor
algum em comparação, mas era ainda muitíssimo importante. Os membros da família
sentiam-se realmente como sendo da mesma carne e sangue; e ter o mesmo sangue
significava ter a mesma alma. A legislação tomara este princípio como base, desenvolvendo-se
a partir dele. A Lei multiplicara, também, suas ordens, a fim de manter a
permanência, a pureza e a autoridade da família. Enquanto os judeus desejassem
permanecer fiéis à Lei (e isto era quase universal) eles jamais deixariam de
admitir o lugar predominante da família na sociedade." Prossegue Henri
Daniel-Rops: "A família não era apenas uma entidade social, mas também uma
comunidade religiosa, com suas festas particulares, em que o pai era o
celebrante enquanto os demais membros participavam. Algumas das importantes
cerimônias exigidas na Lei tinham um forte caráter familiar - a Páscoa, por
exemplo, tinha de ser celebrada em família. O elo religioso familiar era tão
vigoroso que nos evangelhos e no livro de Atos vemos que os pais que aceitavam
os ensinamentos de Cristo levavam com eles a família inteira."
1 –
Casamento
Os israelitas, no Antigo Testamento, nem
sempre alcançavam o ideal traçado pelo Senhor. A monogamia, por exemplo, não
era encarada com seriedade. Haja vista que homens piedosos como Abraão, Jacó e
Davi, eram polígamos. O que dizer de Salomão? O mais sábio dos homens tinha 700
mulheres e 300 concubinas! A poligamia, entretanto, não era sinônimo de
devassidão. Um hebreu não podia, por exemplo, tomar como esposa duas mulheres
que fossem irmãs ou mãe e filha. Se tal ocorresse, os infratores seriam
apedrejados. A lei proibia, também, que um homem dormisse com duas de suas
esposas ao mesmo tempo. Com o exílio babilônico, no entanto, os israelitas
foram curados da poligamia, que tantos males e transtornos causara em Israel.
No Novo Testamento, não encontramos nenhum caso de poligamia. O Senhor Jesus
exaltou, novamente, o ideal monogâmico e condenou, com energia, qualquer
casamento fora desse padrão. Em consequência
da esterilidade de algumas esposas legítimas, a concubinagem era tolerada no
período vetero-testamentário. Os ricos, porém, colecionavam concubinas.
Salomão, como já dissemos, tinha 300. Moisés condenou o casamento misto:
"Quando o Senhor teu Deus te tiver introduzido na terra, a qual vais a
possuir, e tiver lançado fora muitas gentes de diante de ti, os heteus, e os
girgaseus, e os amorreus, e os cananeus, e os ferezeus, e os heveus, e os
jebuseus, sete gentes mais numerosas e mais poderosas do que tu; e o Senhor teu
Deus as tiver dado diante de ti, para as ferir, totalmente as destruirás; não
farás com elas concerto, nem terás piedade delas; nem te aparentarás com elas:
não darás tuas filhas a seus filhos, e não tomaras suas filhas para teus
filhos. Pois fariam desviar teus filhos de mim, para que servissem a outros
deuses; e a ira do Senhor se acenderia contra vós, e depressa vos
consumiria" (Dt 7.1-4). Havia ainda entre os hebreus o casamento por
levira-to. Quando um homem casado morria sem deixar descendência, o seu irmão
era obrigado a casar-se com a viúva. E por intermédio dos filhos da nova união,
a memória do morto era preservada. Assim prescreve a Lei: "Quando alguns
irmãos morarem juntos, e algum deles morrer, e não tiver filho, então a mulher
do defunto não se casará com homem estranho de fora; seu cunhado entrará a ela,
e a tomará por mulher, e fará obrigação de cunhado para com ela. E será que o
primogênito que ela der à luz estará em nome de seu irmão defunto; para que o
seu nome se não apague em Israel" (Dt 25.5,6).
2
-
Contrato de casamento
O
contrato de casamento em Israel era feito pelo pai do noivo, pelo irmão mais
velho ou por um parente mais próximo. Excepcionalmente, podiam atuar também a
mãe ou um amigo da família. Às vezes, o próprio rapaz encarregava-se da
concretização do casamento. No entanto, as negociações sobre o dote e outras
formalidades ficavam a cargo de terceiros. Antes da realização do matrimônio,
eram feitas exaustivas consultas sobre os bens de ambos. Eram tomados cuidados
especiais também quanto à segurança da noiva e ao enfraquecimento da tribo.
Finalmente, o noivo pagava um dote ao pai de sua futura esposa, que oscilava
entre 30 e 50 siclos de prata. Dessa forma, o pai da moça era recompensado pela
perda da filha. Esse pagamento podia ser, também, em forma de trabalho, como
ocorreu com Jacó. A endogamia, ou seja, o casamento entre irmãos, era proibida
pela lei de Moisés.
3
-
Noivado
Entre
os povos ocidentais, o noivado não tem qualquer consistência. Pode ser
dissolvido com a maior facilidade. Jocosamente declara Leon Eliachar: "O
Noivado é o período de desajustamento antes do casamento." No entanto,
entre os hebreus, o noivado era um compromisso sério. Somente a morte poderia
dissolvê-lo. - Quando começava o noivado? - A partir do momento em que o moço
entregava à sua escolhida uma moeda com esta inscrição: "Seja consagrada a
mim." A cerimônia, bastante singela, era feita na presença de duas ou mais
testemunhas. Com essa solenidade, ambos eram considerados marido e mulher. Seu
relacionamento sexual, porém, somente seria iniciado apôs as núpcias que,
segundo a tradição judaica, variava de um mês a sete anos. Os rapazes, durante
o noivado, estavam desobrigados do serviço militar.
4
-
Núpcias
As festas nupciais eram celebradas, via de
regra, em sete dias. Não raro, chegavam a durar até duas semanas. Variavam de
acordo com o poder aquisitivo dos noivos. Segundo o Novo Dicionário da Bíblia,
essas celebrações eram assinaladas por música e por brincadeiras como o enigma
apresentado por Sansão. A mesma obra esclarece-nos: "Alguns interpretam o
livro de Cantares à luz de certo costume que havia entre os aldeões sírios, de
chamar o noivo e o noiva de rei e rainha durante as festividades depois da
cerimônia de casamento, e de louvá-los com cânticos".
5
-
Divórcio
O
divórcio foi introduzido na Lei mosaica por causa da dura cerviz dos
israelitas. Aproveitando-se da liberalidade dessa legislação, os hebreus
rompiam os laços do matrimô- nio por quaisquer motivos. Alguns, por exemplo,
repudiavam sua esposa por não achá-la graciosa. O Senhor, entretanto, não
aprovava tal comportamento. Tolerava-o, apenas. Com uma carta de divórcio,
concretizava-se o rompimento dos laços conjugais (I)t 24.3). De posse desse
documento, a mulher podia contrair novas núpcias. Caso, porém, viesse a
separar-se do segundo marido, não podia voltar ao primeiro. Por quê? Esclarece-nos
Moisés: "Então seu primeiro marido, que a despediu não poderá tornar a
tomá-la, para que seja sua mulher, depois que foi contaminada, pois é
abominação perante o Senhor; assim não farás pecar a terra que o Senhor teu
Deus te dá por herança" (Dt 24.4). Jesus, entretanto, repudiou
completamente o divórcio, exceto em caso de adultério: "Moisés por causa
da dureza dos vossos corações vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas no
princípio não foi assim. Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher,
não sendo por causa de prostituição, e casar com outra, comete adultério; e o
que casar com a repudiada também comete adultério" (Mt 19.8 e 9).
6
–
Filhos
Uma herança divina. Assim os hebreus
consideravam os filhos, principalmente os homens, Salmodiou o rei Salomão:
"Eis que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre o seu
galardão. Como flechas na mão do valente, assim são os filhos da mocidade.
Bem-aventurado o homem que enche deles a sua aliava: não serão confundidos,
quando falarem com os seus inimigos" (SI 127.3-5). Em Israel, a
esterilidade era considerada um opróbrio. Não poucas mulheres afligiam-se por
não terem filhos. Raquel e Ana, por exemplo, rogaram a Deus, com todas as suas
forças, o dom da maternidade. Para as hebréias, não havia privilégio tão grande
como o de gerar filhos. O direito da primogenitura era respeitadíssimo entre os
israelitas. Ao filho mais velho cabia a porção dobrada dos bens paternos. Com a
morte do pai, assumia a responsabilidade da casa e as funções sacerdotais da
família. Depois da promulgação mosaica, no entanto, o sacerdócio passou a ser
exercido pelos levitas. As filhas apenas recebiam a herança paterna se não
houvesse nenhum filho herdeiro. Elas eram sustentadas pelos irmãos que se
encarregavam, inclusive, de seu casamento. As israelitas não podiam casar-se
com moços de. outra tribo. Cabia ao pai, também, ensinar aos filhos as
primeiras letras e uma profissão. A ociosidade não era tolerada na sociedade
hebraica.
4.2 - A VIDA SOCIAL HEBRAICA
A
vida social dos hebreus girava em torno de sua religião. Todos os
acontecimentos sociais lembravam-lhes quão presente estava o Todo-poderoso em
seu meio. Ao contrário de outros povos, eles não admitiam extravagâncias nem
libertinagens, em suas reuniões. Sua vida social, portanto, era um apêndice de
sua religião.
1-
O lugar da mulher na sociedade hebraica
Os
israelitas honravam suas mulheres. Concediam-lhes muitos direitos. Se
prejudicadas, poderiam requerer justiça. Vemo-las muitas vezes louvadas, e
ocupar, com frequência, lugares de honra e distinção. Débora, por exemplo,
exerceu grande influência sobre os seus contemporâneos. Não fosse suas
confortadoras palavras, Baraque não teria desbaratado os inimigos do povo de
Deus. E, o que dizer de Sara, Rebeca, Raquel, Ana, Rute e Hulda? Submissas aos
seus maridos, suas principais preocupações eram domésticas. Entretanto, podiam
pastorear trabalhar a terra e exercer outras atividades, consideradas
masculinas. Em outros países do Oriente, entretanto, a mulher era tratada como
se tosse mero objeto.
2 - Saudações
Inclinando
o corpo um pouco para frente, com a mão direita sobre o lado esquerdo do peito.
Assim era a saudação dos hebreus, julgada bastante prolongada para os
ocidentais! Por isso mesmo ordenou Jesus aos seus discípulos: "...e a
ninguém saudeis pelo caminho" (Lc 10.4). Perante os magistrados e outras
pessoas superiores, era costume inclinar-se a pessoa até a terra. Eis as
expressões mais usadas nas saudações hebraicas: "Paz!" "Paz seja
convosco!" e, "Paz seja sobre esta casa!"
3- Sepultamento
e luto
Constatado o óbito, o corpo era rigorosamente
lavado e enrolado em lençóis impregnados de perfume. Por causa do clima quente
(que provocava rápida decomposição do cadáver) e das exigências da lei mosaica,
o sepultamento era feito no mesmo dia. O féretro era realizado desta forma: as
carpideiras iam à frente, enchendo a cidade com os seus lamentos profissionais;
atrás delas, o defunto, e, logo após, os parentes do falecido, os amigos e o
povo. Os túmulos dos pobres eram cavados no chão. Os dos ricos, escavados nas
rochas. Raramente usados, os esquifes eram quase desnecessários. O embalsamento
não se constituía um hábito entre os israelitas. Jacó e José, a propósito,
foram embalsamados no Egito, por profissionais da corte faraônica. Sete dias.
Era o quanto durava o luto entre os filhos de Israel.
4.3 - MORADIA
Na
antigüidade, havia, em Israel, casas simples e, também, imponentes habitações.
Tudo dependia, é claro, das posses de quem as possuía. Em Samaria, por exemplo,
algumas residências eram feitas de marfim.
1 –
Tendas
Em
Ur dos Caldeus, Abraão habitava em uma casa confortável que, segundo alguns
estudiosos, possuía até água quente. Ao deixar sua cidade, passou a residir em
tendas, a mais antiga forma de moradia no Médio Oriente. As tendas, primitivamente,
eram feitas de peles de cabra. Com o passar dos séculos, no entanto, passaram a
ser mais sofisticadas. Algumas delas, inclusive, possuíam várias dependências.
O apóstolo Paulo era fabricante de tendas.
2 -
Cabanas
Construídas
com estacas e cobertas de folhagens, eram usadas com frequência pelos
israelitas. Pedro queria construir três cabanas: uma para Jesus, outra para
Moisés e a terceira para Elias.
3 –
Tabernáculo
Foi
o templo peregrino dos israelitas. Acompanhou-os durante seus 40 anos de jornada
pelo deserto do Sinai. Nessa tenda, a glória do Senhor manifestava-se
constante- mente a Moisés. Esse lugar de adoração seria substituído, mais
tarde, pelo Templo, construído por volta do ano 1.000 a.C, pelo rei Salomão.
Tabernáculo pode significar, também, habitação.
4 -
Casas
Nos
tempos bíblicos, as casas eram feitas de pedra, de tijolos e de madeira.
Geralmente eram pequenas; possuíam apenas um cômodo. As residências dos ricos,
entre- tanto, tinham vários compartimentos. Nas localidades mais quentes, os
telhados eram planos e podiam ser transformados em terraços. No auge do verão,
serviam de dormitório. Nas regiões mais frias, os telhados em forma de
meia-água, facilitavam o deslizamento da neve. As portas das casas hebréias
eram estreitas e baixas. As janelas, poucas e sem vidros.
5 -
Torres de vigia
Com
quase três metros de altura, as torres de vigia eram construídas para proteger
os pomares e as lavouras. As provisórias eram feitas de madeira; as
permanentes, de pedras. Estas últimas serviam, também, de residência.
6-
Palácios
Construídos
com esmero, constituíam-se nas residências dos reis hebreus. O mais imponente
deles foi erguido pelo rei Salomão. Segundo alguns estudiosos, a casa do sábio
rei de Israel era mais suntuosa do que o Templo.
4.4 - MOBÍLIA
Poucas
eram as mobílias de uma casa hebreia. Além do leito, uma mesa baixa. As
cadeiras raramente eram usadas, porque os hebreus, à semelhança dos outros
orientais, sentavam-se no chão com as pernas cruzadas. Não raro, as almofadas
serviam como assentos. Nas residências dos mais abastados, o mobiliário era
sofisticado.
4.5 - ALIMENTAÇÃO
Basicamente,
esta era a dieta alimentar dos hebreus no período bíblico: pão, azeite, vinho,
legumes, frutas, leite, mel e farinha. E nas ocasiões festivas, a carne era
largamente consumida. O peixe, por outro lado, era mais usado no litoral e nas
imediações dos rios e do mar da Galiléia. A manteiga e o queijo eram feitos de
leite de cabra. O leite de vaca era raramente usado.
4.6 - INDUMENTÁRIA
A
indumentária dos israelitas nos tempos bíblicos era confeccionada em algodão,
lã, linho e seda.
1 -
Vestuário masculino
A
principal peça do vestuário masculino constituía-se em uma túnica, tecida de
algodão. Parecia mais uma camisola sem mangas. A túnica dos ricos, porém,
possuía mangas compridas e largas. Os homens usavam, ainda, uma capa de
algodão. O cinto era de couro. O bastão e o anel-sinete eram usados como
ornamentos. O turbante completava o
vestuário masculino. O sumo sacerdote e os sacerdotes vestiam-se com mais
esmero. Suas vestes tipificavam a glória e a santidade divina. Sob a dominação
romana, os paramentos sacerdotais ficavam sob custódia e só eram liberados em
ocasiões solenes.
2 -
Vestuário feminino
As
mulheres também usavam túnicas, só que mais longas e mais ornamentadas. Quando
apareciam em público, cobriam o rosto com um véu. Elas apreciavam pulseiras,
anéis, pendentes e diademas. As mais extravagantes, pintavam-se. Os profetas,
contudo, condenavam esses excessos. De uma maneira geral, as hebreias eram
elogiadas por sua modéstia e simplicidade.
4.7 -
DINHEIRO DA TERRA SANTA
A
primeira moeda citada nas Sagradas Escrituras é o darico. Proveniente da
Pérsia, era muito usada nos tempos de Esdras e Neemias. Mais tarde, começou a
ser cunhada uma moeda, inteiramente judaica, conhecida como shekel. Aliás, no
início dos anos 80, o governo israelense adotou-a para a unidade monetária da
moderna nação hebraica. Eis mais algumas moedas mencionadas na Bíblia:
Lepto (1/128 de um denário)
Moeda de cobre ou de bronze
Mt.12:42
Quadrante (1/64 de um denário)
Moeda romana de cobre
Mc.12.42
Asse (1/16 de um denário)
Moeda romana de cobre
Mt.10:29 - Centil
Drácma (Unidade básica)
Moeda grega de prata
Equivale a um denário
Lc.15:8
Denário (Unidade Básica)
Moeda romana de prata
Equivale a um Drácma
Mt.20:2
Didrácma
Moeda grega de prata
Equivale a 2 drácmas
Mt.17:24
Tetradrácma
Moeda grega de prata
Equivale a 4 drácmas
Mt.26:15
Estáter
Moeda grega de prata
Equivale a 4 drácmas
Mt.17:27
Mina
Moeda grega de ouro
Equivale a 100 denários
Lc.9:13
Talento
Moeda de prata ou ouro
Equivale a 6.000 denários
Mt.15:25
Moeda grega de prata
Equivale a um denário
Lc.15:8
Denário (Unidade Básica)
Moeda romana de prata
Equivale a um Drácma
Mt.20:2
Didrácma
Moeda grega de prata
Equivale a 2 drácmas
Mt.17:24
Tetradrácma
Moeda grega de prata
Equivale a 4 drácmas
Mt.26:15
Estáter
Moeda grega de prata
Equivale a 4 drácmas
Mt.17:27
Mina
Moeda grega de ouro
Equivale a 100 denários
Lc.9:13
Talento
Moeda de prata ou ouro
Equivale a 6.000 denários
Mt.15:25
4.7 - CALENDÁRIO JUDEU
1 NISAN (ou ABIB) MARÇO - ABRIL
2 IYAR (ou ZIV) ABRIL - MAIO
3 SIVAN MAIO – JUNHO
4 TAMMUZ JUNHO – JULHO
5 AB JULHO – AGOSTO
6 LUL AGOSTO - SETEMBRO
7 TISRI(ou ETHANÍM) SETEMBRO – OUTUBRO
8 MARHESVAN(ou BUL) OUTUBRO – NOVEMBRO
9 CHISLEU(ou KISLEV) NOVEMBRO - DEZEMBRO
10 TEBET DEZEMBRO – JANEIRO
11 SHEBAT JANEIRO – FEVEREIRO
12 ADAR FEVEREIRO – MARÇO
13 VE-ADAR - intercalado quando necessário
O erro do nosso
calendário - o calendário atual
O uso do calendário é tão antigo quanto a
própria humanidade. Há calendários diversos. Nestas concisas e incompletas
notas reportamo-nos unicamente ao calendário cristão, do qual, o calendário
atual é continuação. Em 526 a.C, o imperador romano do Oriente, Justiniano I,
decidiu organizar um calendário original, encarregando da tarefa o abade
Dionysius Exiguus, o qual, em seus cálculos, cometeu um erro, fixando o ano 1
d.C. com um atraso de 5 anos. Daí dizer-se que Cristo nasceu 5 anos antes da
Era Cristã, o que é um absurdo, se não houver explicação. Nossos livros apenas
declaram a existência do erro, mas não o explicam. As datas atuais estão,
portanto, atrasadas de 5 anos. Para termos datas mais ou menos exatas é preciso
acrescentar-lhes 5 anos. É também oportuno dizer que o calendário atual
chama-se Gregoriano, porque em 1582 o papa Gregório XIII alterou o calendário
de Dionysius, subtraindo 10 dias (de- terminou que o dia 5 de outubro passasse
a ser 15 do mesmo mês), a fim de corrigir a diferença advinda do acúmulo de
certos minutos a partir de 46 a.C., quando César reformou o calendário de
então. 4. O tempo e suas divisões a. O dia natural. Isto é, o período em que há
luz; entre os judeus e romanos era dividido em 12 horas (Jo 11.9), isto nos
dias do Novo Testamento. A Hora Primeira era às 6 da manhã; a Hora Sexta às 12
horas de hoje. (Algumas referências: Mt 20.6; Jo 4.6; At 10.3,9). A Terceira, a
Sexta e a Nona Hora eram dedicadas a oração e adoração (At 3.1; 10.3,9). Antes
da Hora Terceira, os judeus não comiam nem bebiam (At 2.15). Nos tempos do
Antigo Testamento o dia era simplesmente dividido em 3 períodos: manhã, das 6
às 10; o calor do dia, das 10 às 14 horas, e o frescor do dia, das 14 às 18
horas. O dia civil era contado de um pôr-do-sol a outro (Lv 23.32). Entre os
romanos, o dia ia de uma meia-noite a outra, isto é, o dia civil. João, em seu
Evangelho, emprega o calendário romano; os demais evangelistas usam o judaico.
João escreveu de Éfeso, que, sendo território romano, empregava o citado calendário.
Por isso ele cita as horas de modo diferente. Por exemplo, Marcos, usando o calendário
judaico, declara (Mc 15.33) que, estando Jesus na cruz, vieram trevas sobre a
terra, na Hora Sexta (meio-dia). João, por sua vez, afirma que o julgamento de
Jesus terminou na Hora Sexta, (Jo 19.14) o que é uma discrepância! Porém, no
calendário romano, usado por João, a Hora Primeira do dia era à meia-noite,
sendo 6 da manhã a Hora Sexta, a hora em que terminou o julgamento de Jesus: A
noite, nos tempos do Antigo Testamento, estava dividida em três vigílias, de 4
horas cada uma. A primeira, das 6 às 10; a da meia-noite, das 10 às 2 da manhã;
a da ma- nhã, das 2 às 6 da manhã (Êx 14.24; Jz 7.19; Lm 2.19). No NT, a noite
tinha 4 vigílias de 3 horas cada uma, conforme o sistema dos romanos. A
primeira chamava-se tarde e ia das 6 às 9; a segunda, meia-noite, das 9 às 12;
a terceira, cantar do galo, das 12 às 3 da madrugada; a quarta, manhã, das 3 às
6 da manhã (Mc 6.48; 13.35; Lc 12.38). Nosso sistema sexagesimal (horas divididas
em 60 minutos, e estes em 60 segundos) vem dos sumários. Não era seguido entre
os israelitas. b. A semana. Em hebraico
o termo traduzido "semana" significa simplesmente sete, sem indicar
dias ou anos. Nossa palavra semana vem do latim "septimana" que
literalmente significa setenário, isto é, que contém sete. Os dias da semana
entre os hebreus não tinham nomes e sim números, exceto o sexto que se chamava
parasceue (Lc 23.54), e o sétimo que se chamava sábado (em heb.
"shab-bath", cessação, descanso). c.
Os meses. Eram lunares, devido à observação das fases da lua. Tinham 29
a 30 dias, alternadamente. Antes do cativeiro babilônico, os meses eram
designados por números, exceto o primeiro que se chamava Abibe (espiga de
trigo). Após o retorno do exílio, passou a chamar-se Nisã, palavra assíria para
princípio, abertura (Êx 12.2; 13.4). Após o cativeiro, todos os meses passaram
a ter nomes de origem babilônica e cananéia.
Sendo
o ano lunar, retrocedia em dias, causando desencontro das estações agrícolas,
uma vez que estas são ocasionadas pelo ciclo solar. Para harmonizar isto, cada
três anos intercalava-se um mês adicional chamado Veadar (isto é, segundo
Adar), ficando esse ano com 13 meses. Isto forçou os israelitas a adotarem o
ano do ciclo solar. d. Os anos. Tinham 12 meses de 29 e 30 dias, alternadamente,
perfazendo 354 dias. Os judeus tinham dois diferentes anos: o sagrado e o
civil. O sagrado iniciava-se no mês de Abibe, que corresponde ao fim de março
ou princípio de abril, na lua cheia, após o equinócio da primavera. O ano civil
iniciava-se no sétimo mês do ano sagrado (Tisri ou Etanim), correspondendo ao
final de setembro ou princípio de outubro. O início do ano civil era comemorado
com a Festa das Trombetas (Lv 23.24,25). Havia também o Ano Sabático cada 7
anos, para descanso do solo; e o Ano do Jubileu, cada 49 anos, para libertação
humana em geral. Assim, Deus proveu o controle das riquezas e da escravidão.
O ano hebreu
O ano hebreu era “solar”. Assim como a lua
servia para determinar os meses, o sol determinava a duração e a sucessão dos
anos. Não era como entre os antigos egípcios nem como o dos muçulmanos, que
atrelavam o ano à determinação do curso das estações e da renovação dos
trabalhos agrícolas. Com base em Êxodo 23.16, sabemos que as grandes festas dos
judeus determinavam o princípio, o meio e o final do ano, que era lunissolar.
AS
FESTAS DOS JUDEUS
Páscoa: No dia 14 do primeiro mês,
ABIB(Abril) para celebrar o êxodo do Egipto. Figura da morte e ressureição de
Cristo. Lv.23.5; Mt. 26.17; Heb. 11:28.
Festa dos Asmos: No dia 15 do mesmo mês, festa da 7
dias. Lv.23.6-8; 1Cor.5.7-8; Figura de comunhão dos santos.
Festa das Primícias: no dia 17 do mês. Lv.23.9-14;1Cor.15.20-23;
Figura da Ressurreição de Cristo.
Festa das semanas (ou Pentecostes):
50 dias depois das primícias, no mês SIVAN(Junho) Lv.23.15-21; At.2.1;
Figura de descida do Espírito Santo. Intervalo de 4 meses sem festas
Festa das Trombetas: 1.º dia do 7.º mês ETHANIM (outubro)
Lv.23.24-25; Nm.10; 1-10; Neem.8.2. Figura
do despertar de Israel.
O Dia da Expiação: No 10º dia do 7.º mês. Lv.23.26-32;
(Lv.16). Figura de arrependimento futuro de Israel.
Festa dos Tabernáculos: Do 15º até o 22º dia do 7.° mês.
Agradecimento ao Senhor pela colheita.
Lv.23.34-44; Jo.7.2. Figura da glória do Milênio.
Festa da Dedicação:
No dia 25 do 9º mês CHISLEU (Dezembro) para comemorar a re-consagração do
Templo depois de ser profanado pelos Sírios.
Festa de Purim: Nos dias 14 e 15 do 12º mês ADAR (Março)
para celebrar a libertação dos Judeus de
Hamam. Est.9.17, 22-26.
ALGARISMOS BÍBLICOS
Lista
de certos números na Bíblia, e a significação deles:
1-
Origem, unidade, autocracia, poder
2-
Comunhão, Testemunha, Dt.4.13; Mc.6-7
3-
Trindade; Ressurreição; plenitude
4-
do mundo; universalidade.
5
Responsabilidade do homem, fraqueza
6- O
número do homem; imperfeição; confederação do mal o número de Anti-Cristo é 666.
7-
Perfeição, repouso.
8-
Novo princípio, nova criação; nova ressurreição
9- O
número do Espírito, (nove aspectos do fruto do Espírito)
10-
Responsabilidade do homem para com o Senhor. 10 mandamentos; 10 talentos; 10 servos;
10 virgens; etc.
12-
Administração; governo Divino; 12 tribos; 12 apóstolos; etc.
30-
Apto para servir; José; David; O Senhor Jesus; os sacerdotes de Israel etc.
40-
Provação; a chuva do dilúvio 40 dias; Israel no deserto 40 anos; Cristo tentado 40 dias,etc.
50-
Liberdade; Redenção; Poder no Espírito.
Obras consultadas
ANDRADE,
Claudionor de. Geografia bíblica. 6a
ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1998.
DOOLAN. A. O
pequeno Companheiro da Bíblia. Livr.
Esperança. PORTO. S/D
MILLARD,
Alan. Descobertas dos tempos bíblicos.
São Paulo: Vida, 1999.
MONEY,
Netta Kemp de. Geografia bíblica. 10a
ed. São Paulo: Vida, 1999.
TOGNINI,
Enéas. Geografia da Terra Santa. São
Paulo: Louvores do Coração, Vol. 1, 1987.
SILVA,
Antônio Gilberto da. A Bíblia através dos
séculos : uma introdução. Rio de Janeiro : Casa Publicadora das Assembléias
de Deus, 1986.
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